Capítulo 2

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Mel.

Isso é tudo? – pergunto encarando a lista à minha frente.

Estou com a lista em mãos. É bastante coisa mesmo. Sorte que o Mateo tem braços fortes. Não que eu tenha reparado nisso, mas sim porque Julia repara, e quando Julia repara, ela não consegue parar de falar. Acho que ela tem uma queda por ele. E isso é uma ótima desculpa, uma ótima desculpa para mim. A que eu venho usando desde que meu avô resolveu dar uma de cupido.

Quando nós eramos mais novos Mateo sempre era muito atencioso com nós duas. Comigo isso não mudou, com Julia também não. Porém eu continuo achando que ela gosta dele não como uma amiga gosta de um amigo, mas como algo a mais. Já peguei vários olhares. Mas, quando eu pergunto ela não assume. Ela fica envergonhada. Eles dariam um ótimo casal. Eu apenas espero que Mateo perceba isso.  Um dia.

Já no meu caso, eu sempre vi Mateo como um irmão. E eu não beijaria meu irmão. Tudo bem que eu já havia beijado, mas isso foi há cinco anos. Eu não faria de novo. Ele é bonito. Ele é um pouco mais velho que eu, dois anos para ser mais exata. Não tem como negar. Tem cabelos escuros, a pele morena bronzeada por conta do seu trabalho, um bom porte, gentil. Um verdadeiro cavalheiro.

Ás vezes penso que meu avô o empurra tanto para mim porque ele deve achar que não tem muitas opções por aqui. Nisso eu tenho que concordar. Realmente não tem. Ele não quer que eu fique sozinha, ele quer que eu tenha alguém, para quando ele não estiver mais aqui. Meu avô é meio paranoico com o futuro.

– Acha que dá conta? – pergunta meu avô me fitando com expectativa.

Não sei por que ele diz isso. Eu sou a encarregada dessa parte. Eu faço isso todos os meses.

– Você sabe que sim.

- Eu sei. - Ele sorri para mim. Um de seus sorrisos orgulhosos. 

Eu e meu avô sempre tivemos uma relação muito boa. De pai e filha mesmo. Nós podemos nos comunicar apenas com um olhar, um movimento, um sorriso. É como se fosse o nosso código secreto.

– Bom dia Sr. Guillén – diz Mateo acenando com a cabeça enquanto entra pela porta.

– Bom dia Mateo meu menino. Obrigado por ajudar Mel hoje. - Diz meu avô indo cumprimentá-lo com um aperto de mão.

– É um prazer – ele diz baixinho.

Mateo é meio tímido, entretanto isso é agora. Em  época de escola quando eu era nova demais para chamar sua atenção, ele vivia rodeado de garotas, e parecia gostar disso. No entanto, ele estava sempre de olho em mim, como um irmão mais velho. Ao contrário de mim, que vivia com os olhos nele, e também suspirando pelos cantos.

Qual é!

Eu sei bem que isso é meio clichê! Mas vamos ser sinceros!  A adolescência é um clichê. Toda garota já se apaixonou por um cara mais velho. Até que um dia ele me notou. Mas ao contrário do que eu imaginava eu não me senti em êxtase, em nenhum momento enquanto seus lábios cobriam os meus.

– Bom dia Mel. - Mateo tem um sorriso lindo. Dentes bem enfileirados, de um branco impecável. É a sua melhor arma.

– Bom dia Mateo. - O cumprimento de volta. - Podemos ir logo? Não quero chegar tarde.

- Claro, vamos! - Ele diz meio abobalhado enquanto procura as chaves do carro nos bolsos.

– Juízo crianças. – Diz meu avô sorrindo de uma forma cúmplice. Me seguro para não revirar  os olhos.

Mateo tem uma caminhonete, e todas às vezes que ando nela, ele sempre faz questão de abrir a porta para mim. Acho fofo. Mateo é um fofo.

Nós nunca nos distanciamos. É uma amizade que eu prezo. Ele sempre está ao meu lado.

Sob Minha PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora