Mel.
Eu e Julia estamos há muito tempo conversando, mas a todo instante meus olhos vão para John. Ele parece cansado, a todo momento ele passa as mãos pelo rosto em um claro sinal de frustração e cansaço. Minha vontade é de ir até lá e passar minhas mãos por seus cabelos e afastar o que quer que seja que esteja aborrecendo ele.
Ele trabalha muito. Eu já pude perceber isso.
– Você olha para ele como eu olho para um bolo de chocolate. – Diz Julia fazendo graça.
– Ele é o meu bolo de chocolate. – Pisco angelicalmente para ela.
– Ele é gostoso como um. Isso todo mundo já percebeu. – Faço cara feia para ela. Ela ri. - Quanta melação. – Ela revira os olhos. – Eles não vão embora nunca? – Ela pergunta enquanto aponta com o queixo em direção aos homens que estão junto de Mark e John.
– Eles estão demorando mesmo. – Eu digo. John não está me parecendo muito feliz. Ele parece irritado. Mark conversa com ele, mas ele parece não ouvir. – Eles estão trabalhando, e nós deveríamos fazer o mesmo.
Olhando em volta apenas restam umas três mesas ocupadas e uma delas é de John.
– Mãos a obra. - Diz Julia enquanto se levanta depressa.
Nós começamos por retirar todos os pratos e copos que estavam espalhados pelas mesas. Levamos tudo para a cozinha.
– Eu fico para arrumar tudo aqui na cozinha com a Ana, e você arruma as mesas lá fora. Pode ser? – Pergunto para Julia.
– Pode sim. – Julia afirma com a cabeça.
Julia pega um dos panos de limpeza encima do armário.
– E meu avô? – Pergunto para Ana.
Ela está separando o lixo.
– Ele já estava cansado, ele foi se deitar. – Acho que ela percebe minha preocupação. – Não se preocupe, ele estava bem, ele apenas estava cansado. – Alivio me invade.
Acho que eu nunca mais vou ficar tranquila. Vou sempre estar com um pé atrás de algum jeito, com medo dele estar me escondendo algo. E ele está! Afinal, ele não me contou ainda que esteve no médico.
– Ele tomou o remédio antes de dormir? – Pergunto.
– Sim, Mel. Não se preocupe tanto ou vai ficar velha antes do tempo. – Ela ri. - Seu avô é cabeça dura, mas ele sabe que não pode bobear com a saúde.
– Fácil falar, agora colocar em prática é outra coisa. – Digo num muxoxo.
Ela sorri para mim.
Começamos a colocar tudo na máquina de lavar louças, e os pratos mais gorduroso eu lavo na mão mesmo.
Estou com os braços atolados nas espumas enquanto Ana cantarola uma música baixinho.
Quando eu era menor eu adorava quando meu avô me deixava brincar com as espumas da pia. Uma bolha de sabão se forma no canto da pia. A estouro com o dedo.
– Lembra-se de quando nós juntávamos todo mundo para cantar no karaokê? – Pergunta Ana com um sorriso enorme no rosto. - Aquele sim era um tempo bom!
Meu deus. Isso tem tanto tempo. Eu ganhei um karaokê de presente do meu avô no meu aniversário de dez anos. Ele foi à diversão de toda a criançada da cidade durante uns dois meses. Depois nós simplesmente o esquecemos.
– Você cantava tão bem. – Ela continua. – Eu sempre achei que você devia ter apostado nisso. Você poderia ter sido uma grande cantora. – Posso sentir o quanto ela ainda é ressentida com isso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sob Minha Pele
Roman d'amourMel, é uma garota tímida e estudiosa que vive no interior da Espanha. Ela leva uma vida tranquila com seu avô e com todos os que a cercam, e a conhecem desde criança, porém isso pode mudar assim que John Ackes chega à cidade. O que pareceu ser ódio...