Capítulo 38

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John.

Assim que Mark colocou os pés para fora do meu apartamento eu instantaneamente me arrependi de ter aceitado sair hoje. Eu sinceramente não estou em condições. Tem uma orquestra tocando em minha cabeça agora. Uma dor muito forte ameaça explodir minha cabeça.

Depois do banho decido ir para o meu escritório.

O trabalho tem sido uma rota de fuga muito eficaz. Enquanto eu estou mergulhado em meu trabalho eu consigo evitar pensar nela. Nem que seja por alguns minutos. Às vezes eu me pergunto, como eu me deixei ser arrastado para isso. Como eu pude deixar ela me envolver tão rápido! Eu sempre tive o cuidado de manter as mulheres longe. Principalmente aquelas com muitas expectativas para um futuro que eu com toda a honestidade do mundo não estava interessado em proporcionar.

Por que com ela foi tão diferente?

Afinal, ela é tão jovem, era tão inexperiente. Isso nunca me chamou atenção antes, em nenhuma hipótese. Garotas da idade dela eram as quais iam passar o final de semana em minha casa com a minha irmã. O que na época me deixava extremamente irritado. Garotas imaturas e felizes demais para o meu gosto zanzando pela minha casa.

Mas Mel nunca me pareceu esse tipo de garota. Responsável, batalhadora, apaixonada pela família. E a dedicação que ela tem pelo avô sempre me deixou orgulhoso. E pela primeira vez na vida eu quis que uma mulher ficasse ao meu lado para sempre.

A última vez em que eu estive com ela vem assombrando meus pensamentos, e meus sonhos. Desde os momentos quentes e apaixonantes até os destrutivos e raivosos. Eu tenho noção de que eu a magoei. Profundamente. Estaria mentindo se eu não dissesse que foi minha intenção. Porém eu acabei aumentando as coisas, de um modo que a afetasse mais, eu só havia percebido como isso iria acabar comigo também.

Ela deve me odiar agora!

E isso me destrói por completo. A distância já é ruim, mas a certeza de que ela está longe e me odiando acaba comigo.

Eu devo ser mesmo um cretino.

Mesmo que eu odeie admitir, Mark tem razão. Eu não posso viver minha vida inteira desse jeito. Eu tenho que seguir em frente. Jamais vou conseguir tirá-la do meu pensamento, ou do meu coração, mas eu vou encontrar um jeito de enterra-la lá. Eu preciso encontrar. Assim como ela já deve ter encontrado um jeito de me enterrar também.

Já que eu vou viver o resto da minha vida sendo perseguido por ela, por sua lembrança, não tem porque eu evitar isso.

Pego o álbum de fotos em cima do criado mudo e desço até o meu escritório.

Meu escritório é enorme, porém não tem muita coisa - assim como todo o apartamento. - Eu nunca fui muito ligado em decoração. Uma cama, um sofá e uma televisão, para mim já estaria ótimo. Claro que eu esperava que Mel mudasse isso. Que ela transformasse esse lugar, ou o outro que fossemos formar, em um cantinho nosso, um lugar para formarmos nossa família.

Às vezes eu esqueço...

Não existe mais nós.

Eu tenho que parar de me remoer por isso.

Tem um porta retrato em cima da mesa. É uma foto minha com Mark, e Clark. Nós estávamos comemorando a despedida de solteiro de Clark. Tiro a foto da moldura. Depois eu arranjo outra. Procuro a minha foto favorita dentre todas as que eu tirei dela.

Está aqui! A foto que tiramos num momento perfeito.

Ela sorri enquanto olha para o horizonte. Os cabelos voando com o vento. A pele branca demais, formando o contraste mais lindo que eu já virá com os olhos grandes e castanhos, e as sobrancelhas grossas e escuras. Sua beleza é tão natural. Tão sem superficialidade. E o sorriso: Tímido, lindo, brilhante, mesmo através de uma foto é capaz de fazer meu coração pular no peito.

Sob Minha PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora