Mel.
Algumas semanas depois...
Meus dias tem se passado mecanicamente. Eu levanto da cama, cumpro minhas obrigações, cuido do meu avô.
Tem sido assim durante os últimos dias. Eu tento parecer forte e despreocupada. Tentando voltar ao que eu era antes dele. Antes de tudo. Antes de ter o meu coração partido. Antes de ter que abrir mão do homem que amo.
Meu avô está muito melhor. Ele recebeu autorização para se levantar da cama há dois dias. E isso não poderia tê-lo deixado mais feliz. E eu bem que entendo ele. Ficar deitado o dia inteiro sem poder fazer nada deve ser irritante.
Julia parece preocupada. A todo instante ela me questiona se eu estou bem, se eu preciso de alguma coisa. E eu sempre com um sorriso no rosto respondo que sim. Que estou ótima. Não estranho sua preocupação. Ela me viu destruída, arrasada. Eu nunca havia me sentido daquela forma antes. O desespero, a dor, o sufocamento... Eu não desejo para ninguém.
Às vezes eu tento convencê-la – convencer à mim mesma – de que tudo não passou de um amor inocente. De uma coisa que não levaria a nada. De uma coisa que vai cair rápido no esquecimento. Talvez no dele, porque do meu nunca vai se apagar.
O pensamento dele me esquecendo é devastador. Não posso pensar desse jeito. Preciso parar de me martirizar. Parar de pensar no que era para ser, para me focar no que eu tenho agora.
Eu tento ser forte. Sorrir, conversar, ser alegre com todos. Mas apenas eu sei o quanto é duro ir dormir chorando todos os dias, sentindo falta daquilo que já foi meu. Daquilo que não vai voltar mais. Que está perdido.
Me pergunto também se ele pensa em mim. Ou se nessas duas semanas ele já se esqueceu de tudo, assim como ele queria. Assim como ele me fez acreditar.
Maldita hora em que pus meus olhos em você.
Foi isso o que ele disse.
Teria doído menos se ele tivesse arrancado o coração do meu peito com uma faca e pisado em cima.
Eu disse que não queria vê-lo nunca mais, porém isso não é verdade. Não sei quando. Não sei se um dia eu vou vê-lo de novo. Talvez um dia ele não passe de uma lembrança do passado. Uma lembrança bonita e triste.
– Mel, você quer que eu leve o almoço do seu avô? - Pergunta Julia me tirando dos meus devaneios.
– Não eu faço isso. – Digo indo em direção à mesa.
Meu avô agora tem que ter uma alimentação mais saudável que antes. Antes ele já era privado de comer muitas coisas, agora as coisas pioraram um pouco mais, e ele não ficou nem um pouco feliz com isso.
Ele se queixa, pois diz que a comida não tem gosto nenhum. Mas o que eu posso fazer? Ele tem que seguir a dieta. Nem que eu tenha que obrigá-lo a isso.
Nós fomos ao médico na última semana. O doutor disse que ele está se recuperando rápido, mas por conta da sua idade, ainda há precauções que precisam ser tomadas. Ele nunca irá ficar cem por cento fora de perigo, então eu tenho sempre que estar por perto. Isso não o agradou em nada. Meu avô é um homem que sempre se orgulhou de não precisar de ninguém, imagino como deve ser difícil para ele ter que depender de mim, da Ana...
O doutor Gabriel Flores vem toda semana visitar meu avô pessoalmente. Isso me deixa muito tranquila. Ele é um homem bom e se preocupa com seus pacientes. Meu avô gosta dele. E eu também.
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Sob Minha Pele
RomanceMel, é uma garota tímida e estudiosa que vive no interior da Espanha. Ela leva uma vida tranquila com seu avô e com todos os que a cercam, e a conhecem desde criança, porém isso pode mudar assim que John Ackes chega à cidade. O que pareceu ser ódio...