Capítulo 57

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Mel.

Não faço ideia de que horas deve ser agora. Não faço ideia de que horas finalmente pegamos no sono. Não me lembro de quando paramos. Sinto uma respiração suave em meus ouvidos. A sensação é boa, e eu não a sentia há muito tempo. Sinto uma mão quente acariciar minha cintura. Está chovendo do lado de fora, há um vento frio tomando conta do quarto também, porém as mãos dele estão quentes, muito quentes. Seus dedos acariciam minha pele e eu não consigo mais fingir que estou dormindo enquanto ele me toca dessa maneira.

— Você não dorme? – Pergunto ainda sonolenta.

Ouço sua risada abafada. Estou deitada com a cabeça apoiada em seu peito, minhas mãos estão apoiadas nele. Levanto meu rosto para olhar o despertador ao lado da cama e ele marca quatro e vinte e três da manhã.

— Acho que eu estava com medo de dormir. – Ele confessa depois de um longo suspiro.

Levanto meu rosto e o encaro com as sobrancelhas franzidas.

— Medo, John? Do quê?

Ele leva sua mão até meu rosto, e me acaricia com ternura. Beijo sua mão sem desgrudar meus olhos dos seus. Assisto o sorriso que faz meu coração desandar ser desenhado em seu rosto.

— Eu sonhei muitas vezes com você. Minha vida não foi um mar de rosas quando eu fui embora. Eu sentia muito a sua falta, e eu não conseguia voltar a ser o antigo John. – Diz baixinho encarando nossas mãos entrelaçadas. – E quando eu dormia à noite eu podia te ver, eu podia te tocar, quando eu fechava os olhos éramos nós dois outra vez, quando eu os abria você não estava lá. Acho que eu tenho medo de dormir e quando despertar descobrir que tudo não passou de um sonho.

Sorrio.

— Sabe que eu passei um bom tempo do mesmo jeito. – Confesso baixinho.

A pior parte em todos os sonhos, sempre era quando ele ia embora. Eu o via indo embora, e não havia nada que eu pudesse fazer para evitar. Eu assistia a mesma cena todas às noites, e se repetia de novo, e de novo, e de novo...

— Acho que precisamos falar disso.

— Disso?

— Sobre o tempo que ficamos separados. Sobre tudo o que aconteceu. Uma hora vamos ter que falar. – Ele me puxa para mais perto. Volto a deitar minha cabeça sobre seu peito. Sinto suas mãos brincando com meus cabelos. Sinto seu peito subir e descer suavemente, essa combinações de John me traz uma paz enorme. Fecho meus olhos me concentrando apenas no som da sua voz.

— Sobre o que você quer saber? – Pergunto finalmente.

— Quando você descobriu que estava grávida?

Respiro fundo tomando fôlego, e coragem para revirar o passado. Uma parte minha ainda não acredita que eu estou aqui com ele.

— Um tempo depois de você ter ido embora. Acho que talvez umas três semanas depois. – Murmuro sonolenta. As caricias de John em meu cabelo e em minhas costas estão me deixando muito sonolenta.

— E como descobriu?

— Eu no inicio não estava prestando atenção em nada ao meu redor. Meu avô ainda estava doente, e eu estava usando todo o meu tempo para ele. Eu passei mal algumas vezes, mas eu achei que fosse por conta do estresse, nunca passou pela minha cabeça que eu poderia estar grávida. Depois de um tempo eu me toquei de que minha menstruação estava muito atrasada, e juntando isso com os enjoos, e com as tonturas – suspiro. – Eu fiquei apavorada.

Lembro-me que por muito tempo eu tentei convencer a mim mesma de que nada estava acontecendo. Como se ignorando o assunto, tudo aquilo fosse desaparecer. Bobeira minha. Meu assunto já está bem grandinho e me chama de mamãe.

Sob Minha PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora