Capítulo 60

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Mel.

Sempre fui muito cuidadosa em tudo o que me propus a fazer em toda a minha vida. Quando criança, eu morria de medo de decepcionar minha mãe, meus avós. Depois já na adolescência sempre tomei as mesmas precauções, pensando duas vezes antes de fazer qualquer coisa da qual eu pudesse me arrepender depois. Foi assim até o dia em que eu o conheci. Antes dele eu já tinha tudo planejado em minha cabeça. Eu iria para a faculdade na cidade vizinha, estudaria a semana toda e no fim de semana eu viria ficar com o meu avô. Eu terminaria minha faculdade depois de uns três anos, e então eu iria procurar um lugar para morar em Madri. Seria difícil me afastar de tudo isso, mas seria necessário, e meu avô entenderia, afinal, eu estaria morando bem perto. Encontraria um emprego, talvez nessa época eu poderia me apaixonar por alguém, mas nada sério. Eu nunca quis me casar cedo. Antes eu sempre pensei que eu deveria aproveitar bem a minha vida, aproveitar bem todas as oportunidades que ela tivesse para mim. Entretanto, de repente, tudo mudou. Meus planos não faziam mais sentindo. Não fazia mais sentido fazer nada disso se eu não poderia tê-lo por perto. Foi um belo de um tapa na cara. Sempre achei a maior bobeira esse negócio de se apaixonar, eu não entendia o que se passava na cabeça de algumas pessoas para largar tudo e correr às cegas atrás de um amor. Afinal, não tem como saber aonde o amor vai te levar, você apenas se joga e torce para que dê certo.

Foi o que eu fiz.

De repente eu não queria mais nada disso. De repente eu não tinha mais planos. De repente meu único plano era ele, e eu estava disposta a tudo, qualquer coisa por ele. E eu senti que ele queria o mesmo. E então eu me joguei, sem saber para aonde ele me levaria, me joguei e tive fé de que tudo iria dar certo.

Fiquei cega, deixei de ser cuidadosa, não pensei duas vezes, não pensei nem uma vez. Nada mais era controlado. Me lembro de pensar: Como uma coisa tão bonita poderia ser errada?

Não poderia.

Não podia ser.

Foi a maior queda da minha vida. Nunca havia sentido tamanha dor e decepção antes. Me senti traída. Ele não me amava o suficiente para esperar. Ele não me amava o suficiente para entender. Eu confiei nele. Deixei tudo de lado por ele. Eu faria qualquer coisa por ele, mas ele não faria nada por mim.

Como eu confiaria em alguém de novo?

Ele destruiu qualquer fé que eu pudesse ter em alguma coisa.

Depois que ele foi embora eu passei muito tempo triste, deprimida, me perguntando o porquê dele não ter me amado o suficiente para ficar. Me perguntava se eu tinha imaginado tudo. Talvez eu tivesse fantasiado demais, afinal, ele foi o único que chegou perto. O único que me teve. Talvez eu tivesse essa idealização de príncipe encantado dentro de mim. Talvez eu tenha idealizado o John perfeito. Talvez eu não tenha prestado atenção nos sinais. Me esforcei muito nessa teoria, mas a cada vez que eu repassava em minha mente tudo o que tinha acontecido eu não encontrava nenhum sinal de que eu estava errada.

Eu não tinha fantasiado nada. Foi real. Foi muito real.

Isso apenas me fez sofrer mais.

Eu não tinha uma desculpa para o que tinha acontecido.

Ele apenas não quis...

Foi difícil me reerguer, mas eu decidi que faria. Eu iria esquecê-lo, eu iria retomar meus planos antes dele – sem a parte de me apaixonar -, e tudo voltaria a ficar bem.

Mas não foi assim....

Eu engravidei. Meus planos foram pelo ralo uma segunda vez. John não me deixaria. Nunca. Eu teria que aprender a viver com sua lembrança.

Sob Minha PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora