Capítulo 61

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Mel.

Não quero mais nenhum café. Na verdade acho que eu não conseguiria tomar de qualquer jeito. Se John já havia me deixado desconcertada, Mark acabou de terminar o trabalho. Estou sem ação. Me sentindo uma criança birrenta depois de ser repreendida.

Mas quem diabos ele acha que é para jogar isso tudo em cima de mim?

Ele com toda a certeza é a última pessoa da terra que poderia dar lição de moral em alguém.

Bufo irritada.

Ele veio defender o amiguinho. É óbvio que ele faria isso. É isso o que ele faz desde que eu o conheci.

Eles são iguaizinhos.

Ele ainda teve coragem de falar sobre o fato de eu ter escondido a gravidez.

Isso não é assunto dele!

Não é mesmo. Eu sei quais foram os motivos que me levaram a tomar aquela decisão. Nem se eu tentasse explicar eles conseguiriam entender.

Ninguém pode.

Viro-me e volto a entrar no quarto. A enfermeira está sentada na mesma cadeira em que eu estava. Ele sorri quando me vê. Sorrio de volta, mesmo sorrir sendo a última coisa que eu quero no momento. Eu gostaria de voltar àquela cadeira e de me encolher até sumir. Ou até que essas malditas lágrimas acabem. Nos últimos tempos parece até que eu sou feita delas. De malditas lágrimas.

— Você não demorou nadinha. – Diz se levantando.

Penso em dizer que nem ao menos eu cruzei o corredor, mas desisto.

— Já o examinei como o doutor pediu. Agora eu preciso voltar ao trabalho.

Caminho até a cama de Max e acaricio seus cabelos. Sinto um aperto no peito em vê-lo desse jeito. Tão indefeso. Mesmo Rafael me garantindo que está tudo bem, que a observação é apenas uma precaução, eu ainda me sinto desolada. No fundo eu me culpo pelo o que aconteceu.

Se eu tivesse sido mais rápida.

— Por quanto tempo ele ainda vai dormir? – Pergunto preocupada sem tirar os olhos do meu maior tesouro.

— Acho que até de manhã. Mas é melhor assim. Ele está bem, mas se ele estivesse acordado ele iria sentir muito desconforto, ele é muito pequeno, talvez o gesso também o incomode.

Sinto um nó em minha garganta.

Não quero que ele sofra.

— Obrigada. – Murmuro prendendo o choro.

— Qualquer coisa é só chamar. – Diz enquanto passa pela porta.

Assim que ela se vai eu me sento na cadeira e enterro meu rosto em minhas mãos me sentindo extremamente cansada.

É como se o peso do mundo estivesse em minhas costas. Além de toda a preocupação com Max ainda tem o John.

Nas últimas horas ele deu uma surra em meu coração. É difícil me afastar dele, mas está sendo muito mais difícil ter que encarar aquele olhar. Ter que vê-lo me ignorar. Ser frio comigo. Ele nunca tinha agido assim antes. Não pensei que fosse doer tanto.

Estou tentando evitar que você acabe comigo outra vez. Ele disse.

Como assim outra vez?

Ele que acabou comigo quando foi embora. Quando me deu as costas. Ele sempre teve a vida perfeita. Nenhum tipo de preocupação a não ser com ele mesmo.

Sob Minha PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora