Capítulo 39

372 47 22
                                    


Mel.

Alguns meses depois...

Eu estou prestes a entrar no quinto mês de gestação, estamos no mês de julho, e está cada vez mais difícil esconder o pequeno ser que está crescendo em meu ventre. Nos últimos tempos eu venho usando e abusando dos vestidos. E minha sorte é que eu ainda tenho o mesmo corpo, apesar da barriga já bastante avantajada. Venho usando principalmente aqueles vestidos mais soltos, eles disfarçam mais. A única pessoa com quem eu posso conversar e desabafar quando o fardo está demais para eu carregar é a Julia. Ela é minha tábua de salvação. É para ela que eu corro quando preciso de colo, quando o medo de decepcionar meu avô rasga o meu coração, e quando John volta aos meus pensamentos com força me deixando deprimida.

No mês passado quando eu fiz quatro meses de gestação Julia finalmente me convenceu a ir ao médico. Ela disse que eu precisava monitorar o bebê para saber se tudo estava bem. E eu sei que ela estava, e está certa. Porém eu tinha medo. Se eu fosse ao médico, muito rápido eles iriam descobrir. Meu avô iria descobrir, e eu não quero que seja desse jeito. Eu quero contar, e eu sei que meu tempo está chegando ao fim, eu apenas preciso de um pouco mais de coragem. O que está me faltando agora.

Julia disse que poderíamos confiar no Gabriel. E ela tinha razão. Ele foi muito compreensivo. e concordou em não contar nada para ninguém, e como eu sou maior de idade, não houve empecilho. Porém essa não era a área dele, então ele prometeu que nos levaria a um médico de confiança no qual eu poderia confiar. Doutor Rafael. Ele vem sido muito gentil, e em nenhuma vez me questionou do porquê eu estou escondendo minha gravidez, ou porque o pai da criança não está ao meu lado. E eu agradeço imensamente por isso. Ainda é um assunto que não cicatrizou, e eu tenho certeza de que nunca irá cicatrizar.

Confesso que quando estou sozinha em meu quarto à noite, - quer dizer, não mais tão sozinha assim, agora eu tenho alguém sempre comigo - Eu penso em como seria se John soubesse. Como seria. Talvez ele gostasse de ser pai. Ele já havia me dito uma vez. Mas em outras a certeza de que ele quer me esquecer me atingi como um soco. Caso contrário ele teria me atendido, e não me ignorado no momento em que eu mais precisava dele. Já se passaram quase cinco meses, e eu ainda estou tão perdida quanto no dia em que ele me deixou.

E em todo esse tempo, ele não me procurou nem uma vez...

Ele sabe onde eu vivo. Ele sabe tudo sobre mim. Isso apenas deixa mais em evidência que ele não quer mais nenhum tipo de laço comigo.

Se ele soubesse...

Na minha última consulta eu estava muito ansiosa, louca para saber se finalmente eu conseguiria saber se é uma garotinha ou um garotinho, eu não me aguentava de tanta ansiedade, foi difícil esconder, tanto que eu não consegui. Meu avô ficou desconfiado, e eu apenas disse que era coisa minha, uma bobagem.

Eu tenho que pedir muitas desculpas ao meu bebê por ter usado essa palavra, mas ele entende a mamãe.

Mamãe.

É isso que eu vou me tornar daqui a alguns meses.

Entretanto Rafael já me alertou de que a qualquer momento já poderemos descobrir o sexo. Mas o bebê não vem ajudando muito. Ele quer fazer mistério. Rafael disse que talvez no próximo mês eu dê mais sorte.

A longa espera continua.

Nos primeiras semanas eu me questionava se eu estava realmente grávida, ou se havia sido um engano, afinal, minha barriga não crescia. Porém depois do terceiro mês foi como se meu pequeno inquilino tivesse tomado fermento. Não para de crescer. Rafael já me alertou de que daqui para frente eu não vou ter mais como esconder.

Sob Minha PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora