Capítulo 42

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Mel.

O tempo parece ter parado, e todos os meus extintos estão atentos, apenas esperando por ouvir sua voz. Apenas por ouvi-lo dizer meu nome outra vez, esperando por ouvir a voz que sussurra em meu ouvido durante o sono, em meus sonhos mais íntimos.

Talvez dê certo...

Talvez tudo se acerte...

– Quem é? – Pergunta uma voz grogue que faz meu coração se despedaçar no peito.

Solto um soluço involuntário, e no mesmo instante levo minha mão a boca para conter o excesso de gemidos que não consigo controlar.

São sons de desespero...

– Você quer falar com alguém? – Pergunta a voz feminina ainda meio grogue, como se tivesse acabado de ser despertada.

Dói demais apenas em imaginar alguma mulher deitada ao seu lado. Dói apenas de imaginar que ele já esteja com outra pessoa.

Uma voz distante em minha cabeça me diz que talvez eu esteja sendo precipitada demais. Eu nem ao menos sei se esse é o seu telefone.

Fecho os olhos com força, e tento ignorar a cara de apreensiva de Julia que está roendo as unhas à minha frente.

Engulo em seco.

– Eu gostaria de falar com o John. John Ackes. – Murmuro com medo de sua resposta. – Ele mora aí? – O medo está me estrangulando no momento.

Ela solta um risinho.

– Ele não é moleza mesmo. Você não podia esperar para ligar amanhã? Hoje é meu dia! – Ela parece sarcástica demais para o meu gosto. – Eu estava em um sono tão gostoso.

Meu corpo estremece.

– Não sei do que você está falando. – Digo na defensiva.

Quem ela acha que eu sou?

– Tudo bem. – Ela bufa como se estivesse irritada. – Ele está no banho. – Meu corpo gela. – John! – A ouço gritar. – John! Telefone para você! – Ela grita outra vez. - Ainda bem que você me acordou, eu queria mesmo tomar um banho com ele. – Diz a voz desdenhosa.

E nesse minuto eu me sinto um belo de um nada. Uma completa idiota. Inocente.

– Quem é? – Ouço ao longe.

Eu reconheceria sua voz em qualquer lugar. Eu reconheceria sua sombra. Qualquer coisa dele, qualquer parte dele, porque eu o amo mais que tudo.

– E aí? – Sussurra Julia.

Eu ainda estou com o telefone grudado à orelha.

– Não sei, é uma garota. – Diz a voz feminina baixinho como se estivesse ronronando. – Ela tem um sotaque bonitinho. – Ela diz com deboche.

Meu deus!

Eu estou tão envergonhada. Eu não deveria ter ligado. Eu não deveria estar rastejando atrás dele.

Eu sou uma completa idiota!

– Alô? – Fecho os olhos com força tentando parar as lágrimas. Tentando não fazer sons que me denunciem. Sons que denunciem que eu o deixei partir meu coração outra vez. – Quem está falando? – Ele parece irritado.

– Eu não deveria ter ligado. – Sussurro afetada pela decepção.

Eu poderia me bater agora!

Sob Minha PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora