Capítulo 51

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Mel.

Passei a noite inteira rolando na cama sem conseguir pegar no somo. Incrível como John tem a capacidade de sempre se infiltrar em mim. Em meus pensamentos. É irritante. O resultado de tudo isso? Uma bela de uma noite mal dormida, olheiras pela manhã, um mau humor infernal. Eu fico repassando tudo em minha cabeça. Nossa conversa. O jeito como ele me olhava. O jeito que disse me amar. Eu não deveria deixar essas coisas me atingirem. Na verdade, eu não deveria sentir nada. Depois de tanto tempo ele voltou para bagunçar a minha vida. Eu deveria parar de pensar nele. Porém, ele fica martelando em minha cabeça.

Não sei o que fazer.

E ainda tem o Max.

Não sei quanto tempo ele pretende ficar na cidade. E dependendo das pessoas com as quais ele converse talvez ele fique sabendo que eu tive um filho. E se ele for esperto – o que eu tenho certeza que é, - ele vai saber na hora.

Estranhamente eu tenho medo do que isso possa desencadear nele.

E se ele me odiar?

E se ele me odiar por eu ter escondido isso dele?

Eu não suportaria isso. Não suportaria.

Jogo um pouco de água no rosto e encaro meu rosto mais pálido que o normal no espelho. Talvez eu o veja hoje. Meu coração desanda no mesmo instante em que isso passa pela minha cabeça.

Eu quero vê-lo!

Mas eu também não quero que ele saiba disso.

Ana está sentada a mesa admirando os desenhos de Max. Parando atrás dele eu me abaixo e dou um beijo molhado em sua bochecha. Ele me presenteia com outro.

— O que você está desenhando? – Pergunto admirando o desenho a minha frente.

Max só tem dois anos. Então seus desenhos na maioria das vezes são apenas alguns riscos, porém sua imaginação de criança imagina tantas coisas. Tudo o que eu vejo são alguns borrões verdes e azuis, e uma mancha de café – provavelmente ele que derrubou. Mas para ele é:

— Um pássaro, mamãe. – Diz apontando para o borrão azul.

Sorrio.

— Uau! Mas que pássaro mais lindo! Amei esse desenho! – Digo orgulhosa o levantando em meus braços, então me sento na cadeira e o coloco em meu colo.

— Gosto, mamãe? – Pergunta me olhando com os olhos arregalados. Em expectativa. Como se meu veredito fosse muito importante para ele.

— Eu gostei muito. Você vai me dar ele de presente? – Pergunto acariciando sua bochecha.

— Seu. – Diz pegando o desenho e o entregando a mim.

— Desse jeito eu vou ficar com ciúmes! – Diz Ana fazendo cara de emburrada e cruzando os braços em frente ao peito.

— Por que você não desenha um para a Ana também, meu amor? – Sussurro em seu ouvido.

Ele fica animado quando pedimos para ele fazer desenhos. Ele sorri e diz que sim. Quando se cansa de conversar se desvencilha dos meus braços, pega o papel e os lápis e vai em direção à sala. Eu o sigo com os olhos com um sorriso bobo e orgulhoso no rosto.

Ele está ficando tão esperto. Tão bonito. Às vezes eu nem acredito que ele é meu. Nem acredito que ele já viveu dentro de mim. É difícil ver como o tempo passou tão rápido. Ele não é mais aquele bebezinho que eu carregava em meu colo para todos os lados.

Sob Minha PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora