Mel.
Passei a noite inteira rolando na cama sem conseguir pegar no somo. Incrível como John tem a capacidade de sempre se infiltrar em mim. Em meus pensamentos. É irritante. O resultado de tudo isso? Uma bela de uma noite mal dormida, olheiras pela manhã, um mau humor infernal. Eu fico repassando tudo em minha cabeça. Nossa conversa. O jeito como ele me olhava. O jeito que disse me amar. Eu não deveria deixar essas coisas me atingirem. Na verdade, eu não deveria sentir nada. Depois de tanto tempo ele voltou para bagunçar a minha vida. Eu deveria parar de pensar nele. Porém, ele fica martelando em minha cabeça.
Não sei o que fazer.
E ainda tem o Max.
Não sei quanto tempo ele pretende ficar na cidade. E dependendo das pessoas com as quais ele converse talvez ele fique sabendo que eu tive um filho. E se ele for esperto – o que eu tenho certeza que é, - ele vai saber na hora.
Estranhamente eu tenho medo do que isso possa desencadear nele.
E se ele me odiar?
E se ele me odiar por eu ter escondido isso dele?
Eu não suportaria isso. Não suportaria.
Jogo um pouco de água no rosto e encaro meu rosto mais pálido que o normal no espelho. Talvez eu o veja hoje. Meu coração desanda no mesmo instante em que isso passa pela minha cabeça.
Eu quero vê-lo!
Mas eu também não quero que ele saiba disso.
Ana está sentada a mesa admirando os desenhos de Max. Parando atrás dele eu me abaixo e dou um beijo molhado em sua bochecha. Ele me presenteia com outro.
— O que você está desenhando? – Pergunto admirando o desenho a minha frente.
Max só tem dois anos. Então seus desenhos na maioria das vezes são apenas alguns riscos, porém sua imaginação de criança imagina tantas coisas. Tudo o que eu vejo são alguns borrões verdes e azuis, e uma mancha de café – provavelmente ele que derrubou. Mas para ele é:
— Um pássaro, mamãe. – Diz apontando para o borrão azul.
Sorrio.
— Uau! Mas que pássaro mais lindo! Amei esse desenho! – Digo orgulhosa o levantando em meus braços, então me sento na cadeira e o coloco em meu colo.
— Gosto, mamãe? – Pergunta me olhando com os olhos arregalados. Em expectativa. Como se meu veredito fosse muito importante para ele.
— Eu gostei muito. Você vai me dar ele de presente? – Pergunto acariciando sua bochecha.
— Seu. – Diz pegando o desenho e o entregando a mim.
— Desse jeito eu vou ficar com ciúmes! – Diz Ana fazendo cara de emburrada e cruzando os braços em frente ao peito.
— Por que você não desenha um para a Ana também, meu amor? – Sussurro em seu ouvido.
Ele fica animado quando pedimos para ele fazer desenhos. Ele sorri e diz que sim. Quando se cansa de conversar se desvencilha dos meus braços, pega o papel e os lápis e vai em direção à sala. Eu o sigo com os olhos com um sorriso bobo e orgulhoso no rosto.
Ele está ficando tão esperto. Tão bonito. Às vezes eu nem acredito que ele é meu. Nem acredito que ele já viveu dentro de mim. É difícil ver como o tempo passou tão rápido. Ele não é mais aquele bebezinho que eu carregava em meu colo para todos os lados.
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Sob Minha Pele
RomanceMel, é uma garota tímida e estudiosa que vive no interior da Espanha. Ela leva uma vida tranquila com seu avô e com todos os que a cercam, e a conhecem desde criança, porém isso pode mudar assim que John Ackes chega à cidade. O que pareceu ser ódio...