Mel.
Eu chorei. E chorei muito até pegar no sono na noite passada. Chorei por estar me sentindo o pior ser humano da face da terra. Chorei por minha mentira, chorei pela dor que esta mentira vinha me infligindo nos últimos anos. Chorei ao me lembrar do magoa, e da dor que enxerguei nos olhos do homem a quem eu sempre amei, e que ainda amo com todo o meu coração. Eu não posso negar para mim mesma. Eu o amo. Amo muito. Mas algo dentro de mim me faz reprimir esse sentimento. Eu não quero ter que recolher os caquinhos do meu coração outra vez. Eu não quero abrir o meu coração para a única pessoa que poderia destrui-lo em poucos segundos. Não outra vez. Eu não vou fazer isso.
Quantas vezes eu havia sonhado?
Sonhado que Max conheceria John. Que John o seguraria em seus braços. Eu sempre quis vê-los frente a frente. Essa imagem ontem quase me fez perder o fôlego. Eu levei alguns instantes até perceber o que estava desenrolando a minha frente.
Ele estava ali.
Com Max.
E eu nunca havia sentido um misto mais impressionante de sentimentos.
Ternura, amor, felicidade, medo, angustia.
Tudo junto.
Eu havia passado a noite em claro depois de ter fugido dele na outra noite. Se eu fechasse os olhos eu ainda podia sentir suas mãos me apertando com força. Eu ainda podia sentir minha pele quente onde ele havia tocado.
Foi difícil resistir... porém, era necessário.
Não posso me deixar cair em seus encantos outra vez!
Eu não sou mais aquela garota a quem ele conheceu três anos atrás. Eu amadureci. Eu fui forçada a isso quando me vi sozinha no mundo com um filho para criar.
Lembro-me do tom de voz frio e zangado com o qual John me acusou ontem:
— Você não precisava ter ficado sozinha porque ele tem um pai!
Eu sei que ele me receberia. Sei que ele teria assumido meu filho, porém naquela época eu estava magoada demais. Abalada demais. Tudo estava caindo por terra. Eu não tinha para onde correr. Eu não sabia o que fazer, e procurar John, me humilhar para ele, com toda a certeza era a última coisa da minha lista.
Eu havia tentado. Eu havia dado alguns passos até ele. Por que ele nunca fez o mesmo por mim? Eu estava cansada de sempre ser eu quem deveria correr, quem deveria gritar, quem deveria implorar para que as coisas fossem diferentes.
Lembro-me de ter pensado: Se for para ficarmos juntos, estará tudo nas mãos dele.
Ele não fez nada!
Olhando de outro ponto de vista, eu sei muito bem que parece que o que eu fiz não tem perdão. Talvez não tenha. Mas apenas eu sei o que me levaram a tomar minhas decisões, e por mais que eu explique eu tenho certeza de que outra pessoa não irá entender.
Pensando nesse assunto eu havia decidido a levar Max para conhecê-lo. Eu estava disposta a aguentar as consequências dos meus atos. Eu sabia que não seria nada fácil, mas eu já havia tomado minha decisão. Eu apenas não esperava que John aparecesse aqui antes que eu pudesse fazer algo.
Me senti diminuída com o seu olhar. Era explicita a raiva em seus olhos que estava sendo dirigida a mim. Aquilo doeu em mim. Doeu muito.
Eu não queria discutir. Eu não queria acusá-lo de nada, porém ele me forçou a isso quando começou com suas insinuações. Insinuando que eu era um tipo de pessoa fria e sem coração. Não esperava que ele soubesse o quanto eu tinha sofrido calada durante esses anos. O quanto eu sofria toda vez que olhava para Max e tinha a plena consciência de que John não o conhecia. O quanto eu me recriminava por desejar que ele estivesse ao meu lado depois de tudo. Sua insensibilidade me tirou do sério. Ele nunca esteve aqui. Então eu fiz o que ele havia me aconselhado.
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Sob Minha Pele
RomanceMel, é uma garota tímida e estudiosa que vive no interior da Espanha. Ela leva uma vida tranquila com seu avô e com todos os que a cercam, e a conhecem desde criança, porém isso pode mudar assim que John Ackes chega à cidade. O que pareceu ser ódio...