Mel.
Eu ainda estou ali parada com o telefone colado a orelha sem conseguir pronunciar uma palavra sequer. Eu sinto meu coração bater rápido acelerado, minha respiração acelerada, minhas pernas parecem não ter forças. A tontura que eu estava sentindo há poucos minutos parece se intensificar enquanto meu mundo se parte, se quebra em mil pedaços bem diante dos meus olhos.
Ele não faria isso comigo.
Nunca!
Eu olhei bem no fundo dos seus olhos e eu pude ver que ele me ama de verdade.
– Alô! – Diz a voz irritada saindo do telefone em alto e bom som. – Qual o problema ficou surda?
Isso faz meu sangue fervilhar nas veias. Eu tenho vontade de gritar com essa mulher seja ela quem for. Ela não tem direito nenhum sobre John.
Ele é meu, e só meu!
– Ele não está, e mesmo se ele estivesse eu não passaria nenhuma informação para você. E você não é namorada dele coisa nenhuma. Não volte a ligar. Ouviu? – Digo mal reconhecendo, o ódio e a raiva pura em minha própria voz.
Eu estou com tanta raiva agora. Tanta mais tanta raiva que é até bom ele não estar aqui. Por que eu com toda a certeza o mataria.
Eu o mataria!
– Não fale assim comigo. Eu tenho todo o direito de saber informações sobre ele. – Diz a voz estridente. Me pego pensando no quanto essa voz é irritante, e aequerosa. – Quem você pensa que é? Faça o seu trabalho e chame o meu namorado agora! Eu vou dizer a ele o quanto os funcionários dessa porcaria de hotel são inúteis. Chame o John ago...
Eu não a deixo terminar e bato o telefone na cara dela.
É mentira. Não é verdade. Ela não tem nenhum tipo de relacionamento com ele. Ela queria me irritar. É isso. Ela queria me irritar. Pensando bem ela nem deve saber que eu sou a namorada dele. Namorada não. Noiva! Ela nem sequer me conhece.
Minhas pernas parecem ter perdido as forças. Ando a passos lentos até uma das cadeiras perto da janela e desabo nela. Com minha cabeça entre as mãos eu respiro devagar tentando colocar meus pensamentos em ordem.
Esse dia só melhora!
Namorado? Ela só pode estar de brincadeira. Dou-me conta de que nem sequer perguntei seu nome. Óbvio que não. Eu não consegui me controlar. Apenas ao me lembrar de suas palavras já sinto os pelos do meu corpo se eriçarem.
Isso não é verdade. Ele não brincaria com os meus sentimentos desse jeito. Brincaria? Eu me entreguei a ele. De corpo e alma. Dei tudo de mim para ele, tudo o que eu nunca havia dado a outra pessoa. Ele olhou em meus olhos e disse que me amava. John não é esse tipo de homem. Ele me ama de verdade.
Um soluço forte sai do meu peito enquanto eu tento arranjar forças para não desabar em lágrimas. Esses pensamentos estão corroendo minha cabeça. Meu juízo. É como se alguém tivesse enfiado uma faca em meu coração, e estivesse a retirando sem pressa. Devagar. Fazendo-me sofrer. Sentir a dor, aos poucos.
Refaço cada momento em que passamos juntos. Cada toque, cada abraço, cada beijo, cada eu te amo tentando encontrar algum indicio de que ele estava sendo falso comigo. De que estava me usando. Não consigo encontrar nenhum o que faz meu coração se apertar mais ainda em desespero.
Por favor, não faça isso comigo John. Eu não suportaria.
Eu preciso sair daqui. Se alguém me vir vai querer saber o que aconteceu e eu não posso dizer isso para ninguém. Levanto-me da cadeira depressa praticamente correndo até as escadas. As lágrimas inundam meu rosto. A duvida está agarrada em meu coração como um monstro. Um monstro que a cada minuto crava suas unhas mais, e mais fundo.
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Sob Minha Pele
RomanceMel, é uma garota tímida e estudiosa que vive no interior da Espanha. Ela leva uma vida tranquila com seu avô e com todos os que a cercam, e a conhecem desde criança, porém isso pode mudar assim que John Ackes chega à cidade. O que pareceu ser ódio...