Capítulo 7

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Mel.

Estamos no caminho de volta para casa. Ele está quieto. Ele está muito quieto, e isso me deixa muito inquieta. Não entendo sua frieza agora. Estava tudo tão perfeito. O quê deu errado?

O quê acaba de acontecer? Ele pegou em minha mão, seu rosto estava bem perto do meu. Eu achei que ele iria me beijar, mas não fez.

Ele apenas segurou minha mão.

Ele apenas segurou minha mão. Ele apenas fez meu coração acelerar e parar ao mesmo tempo. Ele apenas fez eu me sentir como se eu estivesse fora do meu corpo. Como se tudo antes daquele momento não fosse nada. E que aquele momento ali, com ele, fosse tudo.

Eu quero que essa sensação estranha passe. Essa tensão no ar. Eu realmente não sei o que está acontecedo.

Seus olhos parecem perdidos no horizonte. Seu indicador escova seu lábio inferior e é fascinante. Não consigo tirar os olhos.

Nunca senti nada parecido antes. Nunquinha. Eu o conheço não tem nem dois dias. Eu não posso estar apaixonada. Ninguém se apaixona tão rápido.

Eu fico nervosa perto dele. No fundo eu devo acha-lo intimidante. Deve ser isso.

Ele é mais velho que eu, mais experiente que eu. E com toda a certeza ele sabe o que desperta nas mulheres.

O que desperta em mim.

Por um momento eu me sinto tentada a tentar puxar assunto. Nós estavamos nos dando bem a alguns minutos. Não entendo o que mudou. A conversa fluia sem esforço. Eu queria saber mais sobre ele, e ele queria saber mais sobre. E isso só pode significar uma coisa. Nós dois sentimos algum tipo de atração pelo outro.

Tenho certeza de que eu não estou maluca.

Eu fiz algo de errado?

Ele estaciona o carro em frente ao restaurante.

Ele está encarando o volante. E eu o estou encarando. Rezando para que ele olhe para mim, e sorria outra vez. Que mostre que eu estou sendo paranóica, e que não tem nada de errado.

– Me desculpe. – Ele diz baixinho. Sua voz transborda culpa.

Por que ele está pedindo desculpas?

– Desculpa? - Digo rindo tentando aliviar a tensão. - Pelo o quê? – pergunto confusa.

Seus olhos ainda estão no volante.

– Pelo o quê eu fiz. – Ele diz simplesmente. – Eu não devia ter feito aquilo. Não foi certo. – Ele balança a cabeça, fecha seus olhos.

Sinto um nó em meu peito.

Ele está com cara de quem fez burrada.

A burrada sou eu?

Ele está pedindo desculpas por ser carinhoso comigo?

– Mas você não fez nada. – Digo simplesmente.

Pode não ser nada para ele, talvez isso seja o que ele queira ouvir, mas para mim significou tanta coisa.

Fico tentada a segurar sua mão de novo. Mas o jeito como ele me olha nesse momento me faz recuar.

Seus olhos não estão mais no volante. Seus olhos estão em mim. E é como se ele pudesse ver tudo. Tudo o que eu senti. Tudo o que eu tenho sentido desde a primeira vez que o vi. Me sinto exposta.

– Mas eu queria ter feito. – Ele diz com a voz rouca. Aquela intensidade está presente de novo em seus olhos.

Nesse momento eu não me importo mais. Eu gosto dele. Eu queria que ele tivesse me beijado. Porque ele não fez? Ele está dizendo que queria ter feito.

Sob Minha PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora