Capítulo 35

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Mel.

Os dias tem sido difíceis. É como se o peso do mundo inteiro estivesse em minhas costas. Eu tenho medo do que está por vir. Eu não tenho para onde fugir, tudo o que eu posso fazer é encarar. Mas com que forças? Eu não tenho mais forças! As coisas estão muito difíceis. E quando eu penso que não podem ficar piores vem alguma coisa e me diz:

- Acho que você está enganada!

Eu não consigo dormir. Sempre que fecho meus olhos eu o vejo. Ele sempre se vai e é como se eu estivesse em um purgatório vivendo tudo de novo, e de novo.
E quando estou acordada o medo me cerca. O terror. O nervosismo. A suspeita. Não sei se posso com tanto. Às vezes parece que vou desmoronar a qualquer minuto.

- O que está fazendo? - Pergunta meu avô colocando as mãos em meus ombros. Ele tenta espiar o que estou preparando.

No meio de tantas coisas pelo menos disso eu não posso reclamar. Meu avô está cada vez melhor, mais forte. Está tudo voltando ao normal, na medida do possível. Bem quase tudo. Eu nunca mais vou voltar ao normal, e nem a minha vida. Será tudo diferente.

- Estou fazendo cupcakes de chocolate. - Digo já lambendo os lábios.

Eu vi em um comercial hoje cedo e por Deus! Eu precisava comer.

- E desde quando você sabe fazer essas coisas? - Pergunta meu avô curioso com as sobrancelhas estreitas.

- Eu procurei a receita na internet. - Digo sem tirar os olhos do que estou fazendo. - Espero que fiquem bons.

- Você anda muito esquisita. - Ele deixa escapar como se estivesse apenas pensando alto demais.

Por um momento eu deixo o nervosismo me tomar. Mas logo me recomponho.

- Esquisita? - Pergunto indiferente enquanto continuo misturando a massa.

- É. Às vezes você não quer comer nada e em outras parece um tratorzinho. - Ele diz com seu jeito calmo.

- Eu tenho me sentido estranha. - Confesso. - Acho que foram os últimos acontecimentos. Eu estou bem. Mas não é você mesmo que vive dizendo que eu deveria comer mais? - Mudo de assunto rapidamente.

- Você tem razão. - Ele sorri e afaga meus cabelos.

- Sempre tenho. - Pisco os olhos inocentemente para ele.

Quando ele sai da cozinha eu me permito sentar completamente atônita em uma das cadeiras.

O que eu vou fazer?

Eu sou tão estúpida. Tão idiota. Quantos filmes eu já não vi? Quantas vezes eu já vi esse tipo de coisa acontecer? E mesmo assim eu faço o mesmo. Eu estou perdida.

Eu preciso me acalmar. Eu ainda não sei de nada. Pode ser outra coisa. Eu estou colocando o carro na frente dos bois. Eu preciso me acalmar.

Assim que volto ao meu serviço rapidamente eu termino a massa dos cupcakes. Preciso apenas colocá-los nas formas e depois no forno. Segundo a receita da internet eu deveria deixá-los lá por mais ou menos quarenta minutos.

Assim que fecho o forno Julia aparece toda sorridente na cozinha.

Desde o dia do festival - há um pouco mais de uma semana atrás - ela e o doutor Flores tem saído quase que diariamente. E é impossível de não se ver o quanto eles estão apaixonados. Depois daquele noite do festival, depois que eu subi para o quarto, não demorou nem uma hora até que Julia irrompesse pelo meu quarto me dizendo com um sorriso enorme no rosto que ele havia a beijado.

Sob Minha PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora