Capítulo 55

636 63 33
                                    


Mel.

O mesmo sorriso que esteve tatuado em meu rosto ontem à noite ainda permanece intacto em meu rosto. Pensei que seria estranho, um pouco incômodo, mas eu estava errada. Na verdade, eu venho percebendo que eu estive errada em muitos pontos durante muito tempo. Ver John e Max juntos ontem à noite como filho e pai que eram tirou um pouco do peso que eu carregava sobre meus ombros. Ele ficou para jantar e Max não quis se desgrudar dele por nem um minuto. John só conseguiu ir embora quando ele finalmente cedeu ao sono.

Eu vinha sonhando com isso há muito tempo, e como sempre, a realidade é muito melhor que o sonho.

Mesmo sem querer durante toda à noite eu vim invocando em meus pensamentos todos os momentos em que passamos juntos naquele curto pequeno tempo há três anos atrás. Parece que ficamos juntos uma eternidade, quando na verdade foram apenas algumas semanas.

Entretanto, essas semanas bastaram para me marcar para o resto da vida.

Acabei me recordando da avalanche que senti no momento em que meus olhos o viram pela primeira vez. Nunca passou pela minha cabeça o quanto ele iria mudar a minha vida. O quanto ele iria mudar o que eu era na época. Ele me deu a coisa de mais valor que eu tenho.

Eu me reprimi durante muito tempo. Proibindo a mim mesma de sequer pensar no que havia acontecido entre nós dois. Em tudo o que havia acontecido naquela cabana que eu evitava a qualquer custo. Desde que ele foi embora eu nunca mais voltei a andar perto do lago, perto do lugar onde nós havíamos ficado juntos também. Perto do lugar onde tinham lembranças muito dolorosas. Mas por mais que eu tente reprimir agora, eu simplesmente não consigo. Ele está aqui, ele voltou. Ele sabe que temos um filho. Ele ainda me olha do mesmo jeito. Ele ainda é o mesmo John.

Ele ainda é o homem que eu amo.

Às vezes eu tenho que me segurar para não me atirar em seus braços. A única coisa que me impede é o medo de voltar a sentir tudo de novo, o medo de ter que vê-lo partir outra vez, o medo de que ele me deixe para trás. Foi muito difícil superar da última vez, e sinceramente, eu não estou certa de já ter superado.

— Ele virá pegá-lo hoje à tarde? – Pergunta Ana ao meu lado.

Percebo agora que eu estou há mais de dez minutos encarando a mesma linha do livro à minha frente.

Antes de ir embora John me pediu que desse permissão para que ele levasse Max para passear hoje à tarde. Confesso que me deixou um pouco insegura. Max é uma criança pequena, ele precisa de cuidados, e eu me arrisco a dizer que John nunca teve contato com uma criança da idade dele antes, porém como ele faz questão de me lembrar a cada minuto, ele é o pai do Max. E eu não posso impedir que ele passe um tempo com ele. Ele havia me convidado a me juntar a eles. Ele disse que o levaria aos campos onde ele trabalha. Senti um aperto no peito.

Eu não posso...

Não posso...

— Ele disse que viria lá pelas três horas. – Respondo sem tirar meus olhos da mesma linha. Por mais que meus olhos estejam praticamente enraizados naquela frase, minha cabeça não me deixa formulá-la. John preenche o espaço a cada segundo. E isso é muito irritante.

— Viu como Max estava animado com ele ontem? Viu como John parecia estar encantado com ele? Ele não conseguia disfarçar. E eles são tão parecidos. – Termina Ana com um sorriso no rosto.

Como ela acha que eu não percebi tudo isso?

— Não sei quanto tempo isso vai durar. – Murmuro pensativa.

Sob Minha PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora