Isabelly
E cá estávamos nós, no oitavo mês, oito meses de muitas dores, muitas emoções, muitos desejos estranhos. Mas muito amor, muita alegria, eu sabia que aquilo tudo iria valer a pena, sabia que assim que eu visse o rostinho do meu bebê esqueceria ali, no mesmo momento, todas as dores que a gravidez pode ter me causado.
Mas o que importava agora, era que eu estava ali, onde havíamos marcado, num bistrô no centro da cidade onde não era tão cheio, mas não queria estar num lugar vazio com ele como a minha casa. Era hora de jogar as cartas na mesa, hora dele saber a verdade, hora de eu mostrar o que eu escondi por meses.
- Bora, isabelly. Vai me falar o que? Convite pra o casamento? — ele me olhava impaciente sentado do outro lado da mesa de frente para mim.
- Preciso que você saiba de algo.. — eu pausei e ele me deu incentivo a continuar. - O filho é seu, nunca foi do Samuel, nem de ninguém, é seu. Não houve traição, como você pensou, eu escondi porquê eu não desejaria você como o pai do meu filho, sei que já é pai e não cumpre papel de tal.
- Olha aqui!
- Me deixa terminar. — eu o interrompi. - Eu quero ser breve, Vicente. Acredite se quiser, eu não vejo problema em criar meu filho sozinha, o meu amor é o suficiente para o amar como pai e mãe, mas eu não posso esconder de um pai o direito de saber que vai ter um filho. E não posso tirar o seu direito de participar da vida dele, mas que você saiba respeitar os limites. — ele começou a gargalhar.
- Tá de palhaçada com minha cara porra? Não vou deixar de ser bem sucedido não, tira esse trem aí, até pago se tu quiser.
As palavras dele me atingiram como facas, ele me golpeou no peito e o "tira esse trem" ecoava na minha cabeça, eu senti as lágrimas rolarem e tentei me controlar.
- Você é podre! Eu tenho nojo de você, tenho vergonha de um dia ter amado alguém como você. Não é como mandar uma dor embora, é matar uma vida, o meu filho, ele é sangue do seu sangue Vicente.
- Tenho outro sangue do meu sangue, Isabelly. No dia que eu for ganhar alguma coisa com isso tu me avisa. — eu não argumentei, não o contestei, apenas saí e peguei o meu celular. Só tinha alguém que fosse capaz de curar as feridas que as facadas haviam me causado, só com um abraço ou um olhar.
*Ligação on*
- Alô?
- Samuca..
- Fala, meu bem
- Ele..eu tô péssima
- Relaxa, me manda o endereço por mensagem que eu tô chegando.
- Ok..
- Você é só você, lembra? Não é de fé, mas é de força.
- Tudo bem..obrigada
*Ligação off*Eu fiz o que ele pediu, mandei a localização do bistrô e foi cerca de dez minutos para que ele viesse ao meu encontro, eu entrei no carro e o mesmo me abraçou.
- Ele não merece você, não merece vocês. Você sabe que essa reação dele era a mais provável, e tudo bem. Você se virou o tempo inteiro sozinha, ele só foi um empurrãozinho pra você gerar sua maior felicidade. — cada vez que ele me apertava mais no abraço eu chorava ainda mais.
- Eu não entendo, meu bem. Não entendo como ele consegue cagar pra o filho dele dessa forma, eu realmente não entendo, e o que me deixa mais confusa é como eu aguentei estar ao lado daquele estrume por tanto tempo.
- Ele não merece esse moleque, não merece você. O que é dele tá guardado, e você não vai precisar mover nem um dedo pra ele receber, te garanto, princesa.
Decidi que iria dormir na casa do Samuca, avisei a minha mãe e então fomos, eu estava mal demais para fingir um sorriso para a minha mãe, e fraca demais para contar a verdade.
Nós entramos e a Yá não estava em casa, eu agradeci aos céus, estava fugindo de qualquer coisa que me fizesse ter que explicar o que havia acontecido.
Nós fomos direto para o quarto dele, e estar com ele me confortava mais do que qualquer coisa no mundo, ele tornava o meu mundo melhor, e quando eu tinha tempestades, ele era o arco íris.
- Vem aqui. — ele mostrou o seu peito e eu deitei. - Esse moleque aí dentro é luz, e aquele filho da puta é sensível a claridade. Esquenta não, ele vai ser tão amado que nem vai sentir falta de alguém como ele.
- Você faz minhas forças se levantarem do chão e voltarem ao meu corpo, eu realmente não entendo o poder que você tem sobre mim.
- e é um poder bom?
- É um poder incrível.
Nós assistimos alguns episódios de "black mirror" comendo a felizarda e tradicional pipoca e então deitamos.
Ele havia feito a tempestade se afastar, ele me deixou leve, quando antes eu não conseguia suportar o peso que eu sentia. Era ele, a pessoa que fazia meus dias melhor, a pessoa que me acalma, era ele, o meu cara.
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Meu Melhor Erro
Romance"Somos seres humanos e estamos sempre errando, e dentre vários e vários erros eu nunca aprendi tanto com o meu melhor erro." • Plágio é crime! Crime de Violação aos Direitos Autorais no Art. 184 - Código Penal, que diz: Art. 184. Violar direitos de...