39

1.8K 109 0
                                    

Isabelly

Já estava em casa a umas horas, Lucas acabou caindo no sono e eu estava me arrumando. Eu e as meninas havíamos marcado de ir num barzinho que iria ter pagode ao vivo numa praça famosa daqui da Cidade, até a Mari iria. Precisava aproveitar o máximo minhas folgas de sábado já que na semana não tem quase nada para fazer.

Eu já estava pronta, vesti um macacão preto de malha com uma jaqueta jeans branca e um tênis preto.

Dessa vez eu iria de carona com a Mari, já que a mesma havia combinado que não iria beber, resolvi não ir dirigindo. Minha mãe ficou de levar o Lucas na casa da Lê e saiu pouco antes de mim.

Vi o carro da Mari se aproximar e antes que ela buzinasse eu fui até o carro da mesma.

- Tem medo da minha buzina é? — ela perguntou assim que entrei no carro.

- Mariana, sua buzina é bizarra.

- Menos, querida, menos!

Fomos discutindo até o bendito pagode sobre a buzina dela ser ou não feia, e ela me fez falar que não era. Assim que chegamos a praça, tivemos que estacionar antes do mar que estava tendo o pagode, assim que descemos do carro acabamos avistando o pessoal no bar, a vibe parecia estar ótima. Sorri para os mesmos e acenei, e então chegamos até eles.

- As bonitas acharam que iam desfilar né? Com essa demora.. — a Yá reclamou.

- Para de graça, eu sei o quanto o Pedro sofre contigo, viu?! — eu abracei ela e cumprimentei o resto do pessoal, foi questão de poucos minutos para que eu sentasse na mesa e pude ver a visão de um casal discutindo perto de alguns arbustos, encostados num carro. Eu senti meu coração acelerar e dar tropeçadas, era ele.

Ele estava ali, parecia estar puto de raiva enquanto ele falava com a garota, ela o olhava com uma certa cara de deboche misturado com uma cara de raiva.

Samuel

- Que merda, cara. Eu nunca tive nada com você, independente da gente ter ficado a mó cota, eu nunca te dei motivo pra querer estragar relacionamento alheio, ainda mais o meu, caralho. — ela me olhava com uma cara de raiva, mas ao mesmo tempo debochava da minha raiva.

- Samuel, o motivo que você me deu foi me confundir na cama e parar com nosso rolo. Vai me dizer que ela senta melhor que eu? — eu gargalhei.

- Sem te desmerecer, pô, tu é uma mina firmeza, mas igual a ela não tem. Eu não parei com nosso "rolo" não. — fiz aspas com as mãos. - Não tem como acabar uma coisa que nem começou direito, Mayara.

- Você não tinha o direito de me rejeitar!

- Eu não te rejeitei, porra. Vai ser feliz, tu é uma mina foda, é bonita e tem milhares de homens por aí. Para de se incomodar com a felicidade dos outros e vai atrás da tua, tu me fodeu pra caralho, fodeu meu relacionamento com minha mulher.

- Não me arrependo, passe bem, e se precisar de consolo, sabe onde me procurar. — ela deu um sorriso e saiu voltando para as amigas no outro bar.

Eu nunca fiquei tão puto na vida, nunca fiquei tão sem rumo. Era um me julgando de um lado, um me julgando do outro, e cada vez mais eu perdia a Isa. Eu já nem sei se eu tô dando um espaço pra ela ou se eu abri a porta pra ela ir embora.

Decidi parar de pensar naquela merda toda, não podia estragar o rolê da galera e caminhei de volta ao bar, e a pessoa que eu menos esperava ver hoje tava lá, era ela.

Isabelly

Eu tentei desviar o olhar, tentei procurar um outro ponto fixo para ficar olhando, mas eu só me toquei que devia desviar o olhar quando aparentemente a conversa acabou e ele estava voltando, assim que seus olhos bateram nos meus ele parou de andar, ele piscou diversas vezes, colocou as mãos nos bolsos e continuou. 

Ele cumprimentou a Mari, e me lançou um sorriso sem graça e eu retribui.

A Amanda foi a que mais me protegeu diante dessa situação toda, assim que ela percebeu o clima que acabou ficando entre nós dois me chamou para dançar, eu tomei mais um gole da cerveja e levantei, dessa vez eles estavam tocando uma espécie de pagode misturado com samba. 

Nós começamos a dançar e logo algumas pessoas se juntaram para dançar com a gente, estava uma energia surreal, mas a presença dele me deixava transparecer o incômodo de ter que manter esse muro entre nós dois, pelo bem da minha saúde mental. Eu percebi os olhares que ele não conseguia parar de me lançar, mas também percebi o quanto ele estava bebendo, e mais, ele estava fumando. O tempo todo que eu o conheço, eu sei que ele só fuma quando está com a cabeça cheia demais, e se ele estava, nós estávamos na mesma, mas eu não podia deixar isso acontecer.

- Gente, vou ali na mesa e já volto. — o pessoal assentiu e a Mari me olhou estranho, eu assenti com a cabeça e ela entendeu, e então eu sentei na mesa, só havia ele sentado. Ele tomou um susto quando eu sentei na mesa e soltou o cigarro no chão e então me olhou.

- Não vai se juntar a nós não?

- Não, tô de boa aqui, valeu.

- Você sabe que não tem necessidade disso né? — eu o olhei.

- Tá falando do que?

- Do cigarro, Samuel. Eu sei bem que você não tem o costume e nem o hábito de fumar.

- Não precisa ter costume e nem hábito se distrai a cabeça e acalma.

- Não é a única forma no mundo de se distrair, você sabe disso.

- Mas é uma forma que eu tô ligado que não vou perder, cigarro não vai embora.

- Não entendi.. — eu havia entendido, é claro.

- Não precisa entender, Isa. O que tu deveria entender tu não quis nem ouvir.

- Samuca.. eu não quero complicar as coisas, não quero foder ainda mais a minha cabeça e nem a sua.

- Quanto mais você tapa os ouvidos, mais tá fodendo sua cabeça. Porra Isa, me fala o que custa me ouvir? — ele parou de beber e me olhou esperando a minha resposta.

- Custa minha saúde mental, eu não quero perdão, não quero pedido de desculpas. Eu quero paz, é tudo o que eu quero.

- Eu tirei a sua paz? — ele me olhou.

Meu Melhor ErroOnde histórias criam vida. Descubra agora