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Olhei para ela com a maior cara de surpresa e ela me lançou um sorriso sarcástico.

- Que porra é essa?! — eu falei com ela sem emitir som, para que o mesmo não percebesse, e então ela fez sinal que eu esperasse, e eu entrei com ambos, assim como todos que conheciam os dois e sabiam de toda a história, ficaram tão chocados e surpresos quanto eu.

Nos juntamos ao meus pais, já que a Dora não os via a um tempo, e o Rô também estava. Ele parecia nervoso, o que era novidade vindo dele, sabendo do jeito do mesmo e de como ele era "sem vergonha". O Samuel me abraçou por trás e ficou em choque quando viu o Rodrigo, eles fizeram um toque de mãos e o Samuel voltou a me abraçar e então sussurrou no meu ouvido;

- Que merda tá acontecendo?

- Não sei, e tenho medo de saber. — sussurrei de volta.

Continuei me fazendo de plena e seguindo com o aniversário do meu neném, eu estava me sentindo a mãe mais grata e realizada do mundo pelo sorriso dele, ele estava super empolgado com o tanto de coisas e pessoas na festa. Era a hora de contar para a família sobre nossa nova etapa, nosso "up" em nossas vidas e a nova fase que eu iria iniciar.

Estávamos todos em uma rodinha depois de um brinde de champanhe e o Samuel me olhou e eu assenti, ele parecia nervoso e por mais que eu não aparentasse estar, eu estava, ainda mais com a presença do meu pai ali.

- Então, gente, queria falar uma coisinha rápida e básica para vocês. — dei um sorriso amarelo e todos me olharam, e então minha mãe se pronunciou.

- Queria falar uma coisa também, já que estamos nesse momento familiar. — eu assenti, mas não fazia ideia do que poderia ser.

- Então mores, até eu tenho coisa para contar. — a Dora riu.

- Sem patifaria, eu conto primeiro.

- Tudo bem. — eles concordaram.

Eu juntei todas as forças e toda a coragem que habitava em meu ser para contar aquilo tão abertamente sem tremer na base, por mais que minha base já tivesse sido destruída de tanto que tremeu, e imagino que a do Samuel também, por mais que não fosse algo ruim, seria uma "bomba".

Eu me desliguei das reações, consequências e se algo poderia dar errado ali, e apenas me pronunciei.

- Nós estamos noivos. — Eu sorri e o Samuel sorriu mais ainda, mas era de nervoso. Meu pai piscou varias vezes e nos olhou sem mostrar nenhum tipo de expressão e minha mãe resolveu falar.

- Eu e o pai de vocês, nós resolvemos reatar, foi esse o motivo de eu ir curtir a minha aposentadoria em São Paulo, e era esse o motivo das minhas noites fora, ele estava aqui o tempo todo e vocês não viram.. — ela ficou sem graça e eu percebi o meu pai ficar vermelho.

- Nada que me faça ficar supresa, meus anjos. Enfim, vou ser breve já que eu não sou clichê, eu e Rodrigo estamos namorando a cerca de um tempinho desde que nos reencontramos no campus, sim, ele foi parar no mesmo campus que eu. Nós juntamos dinheiro o suficiente vendendo coisas e juntando dinheiro de estágio para começar a viver no Rio, vamos trabalhar numa empresa da filha de um professor do campus que nos deu essa oportunidade, vamos trabalhar numa empresa bem famosinha do Rio, e estamos nos mudando para tentar viver juntos lá, e então vamos sair por um mochilão no mundo inteiro daqui a um ou dois anos.

A Dora acabou de falar e eu com certeza estava totalmente chocada, não imaginava que o que ambas tinham para contar eram coisas tão "grandes", e eu com medo de um noivado. Então era esse o motivo da minha mãe nem pegar direito no celular enquanto eu estava em casa, o motivo das dormidas na casa de uma amiga que a cada fim de semana ela inventava um nome, e o mais surpreso era que meu pai estava indo passar noites aqui em BH e eu nem imaginava isso. E era esse também, o integrante das fotos da Dora que nem sempre estava com o rosto reconhecível. 

Foi um baque enorme para mim, coisas que eu nem imaginava acontecer, mas que por algum motivo estava feliz por isso, tudo estava caminhando em seus trilhos, todos estariam felizes e bem, e não tinha nada melhor que isso.

E lá vai todos nós ambos chocados uns com as revelações dos outros se fingir de plenos no resto do aniversário, que já estava acabando, o Samuel parecia estar paralisado com aquilo, ele fitava o chão provavelmente tentando assimilar o que acabara de acontecer, e por dentro eu estava exatamente assim, totalmente perdida, mas por um lado, feliz, estava grata pelo destino ter me levado, na verdade, nos levado a isso.

Meu Melhor ErroOnde histórias criam vida. Descubra agora