Por Leandro:
Fazer aquilo com o Felipe não foi difícil, eu sabia que esse desgraçado uma hora ou outra ia pedir pra sair, ele é ingênuo demais, não aguenta a pressão, não serve pra ser desse mundo, do meu mundo, do mundo em que mando e desmando, e gente assim, desse tipo medroso a gente corta sem ter dó.
Fui no corpo estirado do Felipe e procurei pelo celular dele, achei no bolso junto com a medíocre caixinha em que ele iria utilizar pra pedir a mina em namoro, patético, namorar a filha de um advogado sujo, mais sujo que uma poça de lama, posso ser o satanás em pessoa, mas o pai dessa garota é um demônio, ate a priminha dela, que acabará de chegar na cidade, não a conheço, vou conhece-lá hoje, vou na saída do colégio dela, só pra ver quem é a princesinha que terei de cortar. Assim que achei o celular do Felipe, tive uma ideia, o celular estava desbloqueado, otário, fui na câmera, e foquei no corpo do braço direito do Gustavo estirado no chão, olhei ao redor do corpo, e vi a aliança não tão distante do corpo, peguei a mesma, e coloquei dentro da caixinha, estava as duas, a dele e o da ruivinha, patético. Coloquei a caixinha em cima de cadáver x e tirei uma foto bem bonita, selecionei o meu irmãozinho e a patricinha metida, só em ver destacado “Ruivinha” na droga daquele celular, me enojava. Olhei no relógio e vi que eu estava atrasado pra conhecer a prima da ruivinha, já era meio dia, não ia conseguir chegar lá a tempo, amanhã vou. Talvez ela nem vá amanhã, vai está de luto. Luto em vão, Felipe sempre foi um baita traidor mesmo.Por Carol:
Quando cheguei naquele colégio a primeira coisa que notei era as panelinhas, tudo bem separado, populares num canto, nerds em outro e os medianos em outro. Eu estava assustada pois todos olhares se voltaram pra mim, mas ativei o “dane-se”, e segui de nariz erguido. A Atena me puxou pra conhecer um grupo composto por cinco pessoas, três garotas, exceto a Atena, e dois meninos. Um se chamava Wesley, ele é moreno, forte, alto, aparenta ter seus 17 anos, usa piercings e alargadores. E o outro se chama Heitor, a Atena disse que ele estava no baile quando visitei a comunidade, mas nem uma vaga lembrança tenho dele. Ele tem uma barba rala, ainda por fazer, parece ser o mais velho e sem vergonha, é meigo com todas as garotas e parece ser o preferido. Enquanto as garotas, nada a comentar, são lindas, uma se chama Marie, morena dona de belos cachos e um corpo definido, aparenta ter lá seus 17 anos também, mas tem cara de menos, mas junto pelo jeito de conversar maduro. A outra se chama Kelly, bonita também, mas não quanto a Marie, ela é meiga, e calada, seus cabelos negros e sua pele opaca revela que ela tem problemas, mas não problemas com aquele grupo. E temos a mais descontraída, a Juliana, uma loirassa com um corpo de atriz porno, ela é bem descontraída e alegre, isso me chamou muita atenção em relação a ela. Nos sentamos num lugar em que pudiamos conversar sem que prestassem atenção.
–Olha Carol, o povo daqui é muito fofoqueiro e mauricinho, tudo filhinho e filhinha de papai, ninguém me desce.–A Juliana falou com cara de inojada e gesticulando com as mãos.
–Mas que graça, percebi isso assim que pisei os pés na calçada.–Disse enquanto olhava ao meu redor. Todos nos encaravam e coxixavam.
–Aí Carol, tu é mó gatinha, vão falar pra porra de você.–O Heitor disse e olhou pra um grupo de garotos escorados quase me comendo com os olhos.
–Logico Heitor, ela é minha prima man.–A Atena disse e sorriu, o primeiro sorriso do dia dela, no caminho ela veio toda calada, na dela.
–Mas é claro princesinha.–O Heitor deu dois toques nela e gargalhou.Ficamos conversando ate o horário de ir pra sala bater, quando bateu fomos pra sala. As aulas foram tranqüilas, os professores foram um amor comigo, não precisei me apresentar, sou tímida, ainda mais que os garotos de mais cedos eram da minha sala, era constrangedor. No intervalo o Gustavo me mandou uma mensagem pra ir pro portão com a Atena e que era de extrema urgência, fiquei assustada, por isso chamei a Atena e fomos ate o portão. E lá estava ele, escorado em seu carro com suas roupas de malandro, meu coração acelerou de forma estranha, tentei conte-ló, mas era inevitável. Atravessamos a rua depressa, e quando chegamos a ele, ele me olhou feio, não entendi, não o fiz nada.
–Cadê as coisas Carol ?–Ele me olhou feio.
–Anh ? Quais coisas ?–Perguntei sem entender.
–Você não leu o restante da mensagem né velho ?–Ele me perguntou.
–Achei que só era pra vir ate aqui.–Disse sem entender.
–O Felipe tá mal, ele quer ver a Atena.–Ele se dirigiu a Atena e ela começou a ficar preocupada.
–O que houve com meu amor ? Ele esta bem ? O que fizeram com ele ? Onde ele esta ?–Ela fez essas perguntas disparadamente.
–Pega suas coisas e vem porra.–Ele disse irritado. A Atena assentiu e correu pra dentro do colégio, quando voltou, voltou com nosso material. Entramos dentro do carro e fomos em direção aquele lugar em que insistem em chamar de comunidade. Eu odiei a ideia, mas o Gustavo estava muito irritado para ouvir qualquer reclamação minha. Quando chegamos na comunidade, eu fiquei no carro de braços cruzados, a movimentação me assustava, era um barulho de pessoas gritando, alguém escutando funk, e pessoas armadas na entrada, tudo ali me assustava.–Vai ficar ai?–O Gustavo perguntou impaciente.
–Tu não acha que se eu quisesse descer eu já teria descido?–Perguntei enquanto analisava aquele lugar de dia, era tudo diferente, parecia que ali tinha harmonia, mas me amedrontava os caras armados na entrada e o funk pesado a qualquer casa.
–Larga de marra e desce logo, tu não vai querer perder o que sua amiga vai ganhar.–Ele me soltou uma piscadela e uma curiosidade tomou conta de mim. Saltei do carro rapidamente, deixando minha mochila lá mesmo.A Atena estava com tique nervoso, ela não parava de apertar a barra da camisa, eu estava quase dando um tapa nela. Subimos lentamente o morro, chegamos numa casa arejada, com um grande portão na entrada, até então, era a casa mais arrumada naquele lugar. O Gustavo abriu o portão e deixou a Atena entrar primeiro.
–Sobe, ele esta lá em cima.–Ele disse e ela assentiu e subiu correndo. –Não se assusta com qualquer reação de..–Ele foi interrompido pelo seu celular que cortara sua fala, com a voz de uma mulher informando que acabara de chegar uma mensagem do Felipe, pela cara dele, não era pra ele receber aquela mensagem, e eu também estranhei, quando ele desbloqueou o celular e ficou pálido, o olhei hesitante, até que ouvimos um grito da Atena.
–Atenaa!!–Gritei e tentei subir, mas o Gustavo me segurou pelo braço e me mostrou seu celular.Era uma foto do Felipe morto, com uma caixinha de alianças em seu cadáver, tinha uma descrição na imagem: “Meu informante não se saí tão fácil, aliás, seu braço direito num é maninho ? Aproveite bem a mídia, mandarei um dos meus levar o cadáver ai, se matar um dis meus, não fará diferença, será só mais um, como o Felipe. Passar bem!” Boquiaberta. Era o que eu estava. Como uma pessoa pode fazer isso com outra ? Com tanta frieza e ironia ? A Atena coitada, quando souber deve está assustada. Subi as escadas depressa o Gustavo veio atrás, entramos num quarto cheio de flores, corações, e coisas românticas, era um pedido de namoro, a Atena estava no chão, chorando horrores, e o no seu celular estava explícito e destacado a foto do Felipe morto.
–Como alguém pode fazer isso ?Me perguntei baixinho, mas o Gustavo ouviu.
–É o mundo do crime, não dá pra sair.–Ele disse e abraçou a Atena e eu a abracei também.
–Ele se foi, o amor da minha vida se foi.–Ela disse pausadamente e chorou, chorou muito.
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Mimadinha.(#Wattys2016)
Teen Fiction"Do que adianta ser patricinha e gamar num vagabundo ?" Mais uma história clichê, sim, clichê. Mas, dessa vez bastante diferente, dessa vez vai ser diferente, amores diferentes, confusões diferentes, problemas diferentes, inimigos diferentes, partic...