18.

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01° Dia.
  É um malefício, um cara surrado como eu está escrevendo um diário patético às onze da madrugada. Talvez, nem achem essa porra, mas não me importo, pelo menos me desabafo e não corro pro Gustavo que nem uma mulherzinha para contar sobre as sinistrezas do Leandro. Se o meu melhor amigo soubesse o que faço, nunca me perdoaria.. Mas, não vem ao caso por eu está escrevendo essa porcaria, é o seguinte, minha mina está em perigo, o pai dela é um traficante, pra imaginar ? Mano, é sinistro. A prima dela perdeu a mãe hoje, ela disse que a menina está mal, pobre coitada, perder a mãe é um bagulho muito louco, mães deveriam ser eternas. O Leandro, me contou sobre o pai da Atena, ele me conta tudo, o agradeço pela confiança, mas, sei que um dia irei sair dessa vida, caso meu plano der errado, quero que tenha um lugar onde possam ver os malefícios do Leandro, tipo uma base de provas, não darei bandeira com esse diário por agora. Amanhã, conto mais, estou com sono. Oro à Deus pra proteger minha ruivinha, a amo demais.”

Por Carol:

Não sei quem é aquela garota pra vir falando aquele monte de merda sobre meu pai, bando de desinformado. Meu pai é rico, e ganha dinheiro com uma empresa, com uma filial em Belo Horizonte, eu sei, apesar de que eu nunca vi nada sobre essa empresa, não me entra na cabeça meu pai, um importantíssimo traficante do México.
Quando cheguei a Atena estava na cozinha comendo, ela estava com a maior cara de sono, não me dirigiu uma palavra, terminou de comer, colocou o prato na pia e voltou pro quarto, quem foi dar a notícia do enterro foi o Gustavo, eu não estava com cabeça para dar péssimas notícias. Acredito em carma, mas, esse carma parece que é em dobro.
Tirei minha roupa e joguei pelo chão, deixei tudo espalhado mesmo, estava com uma preguiça tremenda. Me joguei na cama e dormi, estou em uma certa idade que é deitar, dormir.
No outro dia, eu acordei desanimada, mas, melancólica, sentia uma bad praticamente profunda apesar dos pesares. Fui tomar banho logo pra ir pro enterro do Felipe, lavei meus cabelos e fiz uma make leve, deixei meus cabelos soltos para secarem mais rápido, escolhi um vestido preto, não tão justo e nem curto, com um designer se aperta e solta, escolhi uma sapatilha da moleka preta e branca, com umas pulseiras pra não deixar o visual tão deprê. Assim que saí do quarto já me deparei com o Gustavo, sem camisa, quer dizer, a camisa estava dependurada no ombro dele né, mas mesmo assim, ele estava sem camisa, de calça, com um tênis estiloso até, com o cabelo bagunçado e escovando os dentes.

–Epa, tem duas garotas nesse apê, se você colocasse sua camisa ajudaria bastante.–Reclamei. Ele deu risada mas não falou nada por causa que estava escovando os dentes.

A Atena saiu do quarto com um vestido branco, por mais estranho que fosse, ela estava com uma make que disfarçava suas funduras, e estava com o cabelo amarrado.

–Bom dia.–Ela disse seca.–Espero que estejam prontos.–Ela disse com cara de poucos amigos. Até entendo.
–Eu já estou, só vou tomar café. –Disse e ela me repreendeu no mesmo instante.
–Nem pense em entrar na droga dessa cozinha. Termina logo Gustavo.–Ela ordenou e eu fiquei pasma, a voz de autoridade dela era explicita. O Gustavo foi lavar a boca no banheiro e quando voltou, voltou com a camisa preta no corpo. Minha mente só conseguia pensar: “Nossa moreno, como você fica gato nessa camisa preta.”
–Vou chamar o motorista.–Disse e mandei o porteiro mandar o motorista esperar na garagem.–Vamos Atena, o Gustavo vai na moto dele.
–O papai não pode saber que fomos lá.–Ela disse seca.
–Tá, ele com certeza não sabe.–Afirmei.

Pegamos o elevador e quando chegamos no estacionamento entramos no carro. O caminho até a comunidade parecia ser mais lento do que qualquer outra coisa. A Atena estava calada, ainda presa em seus próprios pensamentos. Quando lá chegamos estava tudo parado, pouca movimentação, fomos pro funeral, para quê caminhassemos até o cemitério, que de acordo a Atena era na parte de baixo da comunidade. Subimos o morro acima, e quando chegamos numa parte não tão calma, dispensamos o motorista, fomos à pé. Quando chegamos no local em que íamos sair andando, logo vi os familiares do Felipe, eles choravam bastante, a Atena tentava ficar imune de todas as pessoas que lhe chegava pra dar os pêsames. Não demorou muito fomos em direção ao cemitério, a caminhada foi tranquila, muita gente chorando, em momento algum vi o Gustavo, estranhei.  Quando entramos no cemitério, a Atena começou a chorar baixinho, e logo começou os votos de amigos, e parentes. Foi uma choradeira só, não me comoveu, mas não demonstrei, não era chegada no garoto. Quando estavam descendo o caixão a Atena surtou.

–Para!–Ela gritou e segurou a mão do coveiro impedindo que o mesmo descesse o caixão. E foi aí que eu vi o Gustavo, ele deu um passo a frente, ele estava com a Paloma e com a tal da Flávia, a garota que me barrou no baile, eles estavam próximos demais, estranhei.–Eu não posso deixa-ló ir assim. Queria saber porque, todos nós somos submetidos à fases diferentes na vida... Somos submetidos à conhecer o perigo, e os malefícios de certas atitudes, para só então, em outros dias, perceber o que poderia ter feito desde o começo. E não, eu não te contei. Não contei porque não tinha mais como contar. Você sabe, as coisas não foram do jeito que achamos que seria, o vento que trouxe você para mim, foi o mesmo que te levou embora sem deixar eu te dizer o quanto eu sentiria falta. Nunca soube como te dizer isso, e talvez continue não sabendo. E mesmo que eu tivesse a capacidade de conseguir dizer, não tenho mais chance. Nosso romance mal vivido sobrevivia de retrocessos, até chegar no ponto mais crítico da situação e nada mais conseguir voltar. Eu não te contei o quanto te amava.–Ela começou a desandar em lágrimas junto a outras pessoas, mas, mesmo assim ela continuou.–Desculpa por não ser suficiente; por fazer tudo errado, por tão idiota como eu sou. Eu sou assim, completamente errada, toda cheia de defeitos. Me desculpa por todas as vezes que não pude estar do seu lado, que não te ajudei quando você precisou, me desculpe por errar tanto. Eu tento de todas as formas ser a pessoa que você tanto sonhou, a que mais te faz sorrir, que está do seu lado sempre, tentei fazer de tudo para ser o suficiente, mas não consegui. Eu queria voltar no tempo, eu queria muito, mas, infelizmente as coisas não são como queremos, e meu bem, se fosse como queremos, você estaria aqui do meu lado, e não estaríamos exatamente neste lugar.–Ela finalizou quase impossibilidade de tantas lágrimas. A Paloma a tirou de perto da cova, e o coveiro finalizou o serviço, o caixão desceu.

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Gostaram do capítuloSe sim, não se esqueça de comentar e dar a estrelinha e me perdoa por demorar tanto de postar.

Mimadinha.(#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora