Capítulo 33.

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Por Carol.

Antes do Gustavo ir me buscar fui logo deixando claro pro meu pai que eu iria mais tarde, pois iria encontrar uma amiga e que de lá mesmo eu pegaria um táxi ou o "pai" dela me deixaria lá na comunidade do Gustavo. Como previsto ele não disse nada demais, graças aos céus. Tomei um banho rápido, já estava mega atrasada. Vesti um vestido soltinho rosa bem broxante, mas foi a única coisa que vi em minha frente, com uma sapatilha da Lacoste branca, eu podia jurar que eu estava parecendo uma bonequinha. Ao terminar de me arrumar tratei de descer logo para praia, só não me atrasaria mais porquê a praia é na frente do meu apartamento.
Quando cheguei ao box marcado logo o vi, ele estava diferente de antes, agora de camisa Pólo com uma bermuda e um boné de aba reta, estava mais do jeito do Gustavo, sim eu estava o comparando com o Gustavo, espero que ele não saiba ler pensamentos. Dessa vez eu não tive tanto medo, nem pensei em hesitar. Atravessei a rua eufórica, quando cheguei na calçada caminhei mais lentamente para não dar a impressão de que eu estava desesperada. Quando ele me avistou veio ao me encontro, fiquei aliviada, não gosto de ser a que dar as condolências.

-Oi, está linda.-Ele me elogiou todo meigo, e que nem da última vez colocou as mãos dentro do bolso passando sinal de timidez.
-Ah, obrigado, você está bem..-Sim, eu ia completar com "parecido com o Gustavo", sorte que pausei no mesmo instante e fiquei com cara de tachada.-do seu estilo né.. -Mudei completamente o contexto da frase, mas pelo visto deu para dar uma disfarçada.
-Aham, vagabundinho né?!-Ele sorriu como se estivesse envergonhado.
-Mais ou menos.-Dei uma gargalhada rápida, pois sou daquelas que quando rir perde o controle e acaba imitando uma porca.
-Que bela risada, deveria sorrir mais.-Me elogiou mais uma vez.

Ah, qual é, não sou tão perfeitinha assim, e nem ele é. Dois pontos, cada elogio vale um ponto, e ele já tem dois, por favor, não elogia mais. Nestante vou usar a frase do Gustavo contra ele, quer dizer, metade da frase, porquê eu ainda não o beijei. Opa, porque coloquei o "ainda" ? Acho que tenho um namoro secreto com o Gustavo, ah, não tenho mais, ele tem aquela garota linda que estava cheia de sacolas com ele, ah, e sem se esquecer da Flávia. Qual é Carol, tu tá num encontro com um cara mó gato e está pensando no cara da noite passada que usa uma frase de merda pra se livrar de você, e que depois se declara e depois beija outra garota e que depois se declara novamente, arghr, que ioiô, pera ae né.

Terra chama Carol!

-O que dizia ?-Perguntei na tentativa de focar no momento.-Desculpa, estava observando se o meu pai saia pela porta do apartamento.-Usei uma desculpa que necessariamente era verídica, se o meu pai me visse com ele, seríamos dois seres mortos.
-Sua risada, é linda. Deveria sorrir mais.-Ele insistiu no elogio. Opa, três pontos.
-Ao menos que você não queira se sentir num curral.-Engoli em seco.
-Porque me sentiria ?-Ele parecia aéreo, sem entender o meu pensamento.
-Quando estou rindo, acabo perdendo o controle e imitando um porco e necessariamente isso é totalmente feio, ridículo, eu fico sem graça. -Eu estava nervosa. Mais nervosa do que da outra vez.
-Ah, adoraria lhe ver assim, deve ficar engraçada. -Ele deu risada e eu revirei os olhos.-Antes que eu me esqueça, mora aqui, quer dizer, naquele apartamento ?-Eu fiquei com medo de responder que sim, mas já tive um encontro com ele e ele foi necessariamente inofencivo.
-É, moro.-Concordei.-Por isso, é melhor irmos para outro lugar.
-Ah, claro, podemos ir ao cinema, que tal ?
-Ah, eu topo, amo filmes.-Disse tímida.
-Vêm. -Ele saio em direção ao estacionamento mas antes que pudessemos chegar lá, meu celular tocou, eu não conhecia o número e como sempre, a curiosidade falou mais alto.
-Só um minutinho.-Pedi licença pro Leandro e fui pra um lugar não tão longe dele para que eu pudesse atender a chamada.

-Alô?
-Quer que eu pegue suas coisas ?
-Ah, claro, você.
-Quer, ou não quer ?
-Pega logo.
-Tá, tchau.

A frieza do Gustavo era totalmente explícita e isso me incomodou, mas isso não podia atrapalhar meu encontro, eu o vi beijando outra, e indo pra casa dele com outra, eu tinha mais vantagem nisso tudo.
Quando voltei ao Leandro ele estava segurando um capacete, e estava com um dependurado no braço.

-Desculpa a demora.-Me desculpei.
-Quê isso gata, nem demorou.-Quatro pontos.-Toma, coloca isso.-Ele me entregou o capacete e por impulso da minha mente teimosa, acabei me lembrando da primeira vez que andei de moto com o Gustavo, foi ele quem me ensinou a colcoar capacete.

O Leandro montou numa moto bem turbinada, não era melhor, nem pior do que a do Gustavo, parecia algo de lei motos pesadas e velozes. Eu montei e ele me mandou segurar firme, e assim fiz, que nem fiz com o Gustavo.

Chega Carol, patético e ridículo .

Arghr, porquê ele não saí da minha mente ? Que merda, hein.

Quando o Leandro deu partida, uma adrenalina pecorreu meu corpo, por isso nem me importei quando já estávamos há mais 80Km/hr numa via, cortando e costurando carros e mais carros. Não demoramos a chegar num shopping, era meio distante, mas eu não me importava, por incrível que pudesse parecer eu me sentia segura com o Leandro. Quando descemos da moto ele colocou os capacetes na moto e entramos dentro do shopping, e o pior não é nada, entramos de MÃOS DADAS. Reza Carol, reza muito para que o Gustavo não esteja aí. Eu estava estranha, me sentindo completamente estranha, de mãos dadas com um e pensando em outro, que cafajesria da minha parte.

-Gosta de filme de terror ?-Ele me perguntou e me tirou do meu transe que já estava me deixando louca.
-Mais ou menos. Tenho muito medo.-Comentei.
-Ah, qual é, então vamos assistir um pra ver o nível do seu medo.-Ele sorriu pra mim e apertou minah mão mais um pouco, como se fosse pra eu me sentir firme e protegida.
-Tá de brincadeira né?
-Não, não estou.-Paramos na bilheiteira e ele pegou dois ingressos pra sessão do filme "O Boneco do mal".
-Maldito, você me paga.-Disse boquiaberta. Eu não gosto de filme de terror, eles me assustam.
-Você vai curtir.-Ele disse com um sorriso bobo no rosto, eu tinha medo daquele sorriso.

Quando entramos na sala escura, fria e cheia de pessoas comendo pipocas de queijo e bebendo refrigerante, eu senti um frio pecorrendo o meu estômago. Nos sentamos nas últimas poltronas. Coloquei o balde de pipocas no meu colo e o refrigerante no lugar devido, ele fez o mesmo e aí o filme começou. Por um momento o filme não era assustador, mas teve partes que quase pedia um crucifixo. O filme não teve longa duração, quando terminamos de assistir fomos pra praia, meu pai já tinha ido mesmo. E eu preferia um lugar mais calmo, ainda mais na presença do Leandro.
Nos sentamos numa rocha, a maré ainda não chegava lá, o que era bom.

-Então, me fala de você. -Ele disse cortando o nosso silêncio.
-Ah, não tem muita coisa à se dizer. Sou mimada, nojentinha, patricinha, porém um amorzinho. Minha mãe morreu nos meus braços, não faz tanto tempo assim, meu ex-namorado me traia com a minha melhor amiga e agora eles estão aqui, descobri que meu pai é um traficante, mas prefiro não ir à fundo sobre esse assunto, e agora estou no meio de uma briga entre irmãos que me flertam.-Disse enquanto olhava o vai e vem das ondas.
-Bem tensa a sua vida. E eu não estou te flertando.-Ele disse seguro. Me virei pra ele e revirei os olhos.
-E o que quer ?-Perguntei fazendo beicinho.-Porque há essas alturas do campeonato era pra eu está morta.
-Quem sabe não estará pasma o suficiente depois disso.-Ele me puxou pela nuca pra si e me beijou, entrelaçou nossos lábios de uma forma que fez nossas línguas pedirem passagem com urgência, ele me flexionava pela cintura e acariciava meu cabelo ora ou outra, o beijo estava gosto demais, até uma onda bater em nossos pés.-Ah, claro, muito obrigado onda.-Ele disse pra onda e eu dei risada.
-Acho melhor eu ir, vou morar com o Gustavo, o meu pai vai fazer uma viagem.-Disse meio insegura e segura ao nesmo tempo.
-Poderia vir morar comigo, mas seu pai não vai muito com a minha cara.-Ele revirou os olhos.
-Pois é.
-Quer aue eu lhe deixe na entrada da comunidade do meu irmão ?-Ele me ofereceu e eu me surpreendi.
-Acho que seria meio perigoso.
-Nem tanto, não seja persimista.
-Se for assim, eu topo.

Mimadinha.(#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora