17.

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Por Gustavo:

Não sei o que está acontecendo comigo, é louco, é bizarro, e é gostoso. A Carol me causa todos esses efeitos, quando estou perto dela sinto vontade de beija-la, mas, eu consigo me contentar, não sei como, como já disse é bizarro.
Depois jogarmos um pouco de videogame eu a convidei pra irmos na comunidade, e como esperado ela fez buchicho.

-Não Gustavo, eu não quero ir lá.-Ela cruzou os braços e fez beicinho.
-Então prefere ficar sozinha ?-Peguei minha jaqueta de couro de cima da cama e me vesti. Ela ficou uns segundos pensando e por milagres respondeu.
-Vou tirar esse pijama.-Ela deu meia volta e foi pro quarto, quando saiu de lá estava com lapis, gloss, um shorth jeans, e uma camisa do AC/DC e seus cabelos estavam soltos.-Eu em, é só ali na comunidade.
-Cala a boca.-Ela resmungou e pegou um casaco que estava dependurado em seu ombro, e vestiu.

Pegamos o elevador e fomos para garagem, montamos na minha moto e fomos. É difícil acreditar que eu não tenho mais meu amigo comigo, é difícil também acreditar que esse meu amigo me traiu. Eu gostava dele pakas, contava tudo para ele, e ele contava tudo pro meu irmão, logo o meu irmão, um sangue frio completo. A Atena vai ficar muito abalada com isso, minha preocupação neste momento é ela, parece que uma enjorrada de coisas está por acontecer, eu não quero nem prevê-las, mas, contando que nenhuma delas atinja a Paloma e a Carol está tudo de bom tamanho. Não demorou muito e chegamos na comunidade, estava tudo calmo, porém diferente, não tinha tanta movimentação, os moradores se recolheram cedo, não vi crianças na rua brincando, e nem os tios jogando dominó, minha comunidade ficou totalmente deserta. Olhei pra Carol e ela me olhou assutada.

-Tem certeza que estamos no lugar certo ?-Ela me perguntou enquanto ainda olhava os quatros cantos da comunidade.
-Nunca me enganaria, mas nessas circunstâncias há de se duvidar.-Disse sem olhar pra Carol.-Vamos subir.-Peguei na mão dela e ela me olhou estranho. Olhou pra nossas mãos dadas e olhou pra mim, não a olhei de volta, eu só a queria segura, e estando de mãos dadas com ela me trazia segurança.

Subiamos em pequenos passos, dava pra ouvir o vento dando voltas nos quarteirões, não tinha ninguém na rua, nem barulho de funk tinha ali, a morte do Felipe abalou a comunidade, ou temos novidades por aí. Subir direto pra casa da Paloma, ela mora com seu irmão de dez anos, o muleke sonha de ser como eu, já disse a ele que isso é ruim e complicado, mas ele insiste. Quando cheguei na casa da Paloma bati diversas vezes até que ela atendeu, ela estava com uma cara pessima.

-Fala ae loura.-A cumprimentei.
-Fala Gusta.-Ela me cumprimentou de volta com um abraço. -É melhor você entrar, temos que conversar.-Ela não tinha percebido a Carol, quando a vou sorriu fraco pra ela e deu espaço para que ela pudesse entrar.
-Qual foi do vazio ?-Perguntei assim que me sentei.
-Você não sabe da pior..-A Paloma apoiou sua cabeça em sua mão, ela parecia preocupada.-Fomos na casa do Felipe, pegar seus pertences pra enterrarmos amanhã, e adivinha o que achamos em meio há tantas mudas de roupa ?
-Não sou adivinha Paloma.-Disse irritado.
-Um diário. O Felipe escrevia uma diário.-Ela disse abismada.
-O que é que tem o cara escrever um diário porra ?-Perguntei impaciente.
-O que é que tem o Felipe escrever um diário com todos planos do Leandro, com todos segredos do Leandro, com todas fassanhas, assassinatos, ladrões, roubos, cofres, enfim, tudo do Leandro ?
-Puta que me pariu, como isso?-Eu não estava acreditando que o meu braço direito e melhor amigo era braço direito e melhor amigo do meu inimigo.
-E não é nada, a Atena e a prima nova dela que chegou estão em enorme perigo. -Ela olhou pra Carol e a Carol me olhou assustada.
-O que tem eu ?-Ela perguntou sem entender.
-Seu pai é uma baita ladrão hein ?-A Paloma se dirigiu a Carol e a Carol a fitou furiosa.-Ele não é advogado coisa alguma, ele é um traficante importantíssimo do México, junto ao seu tio. Essa onda de viagem foi pra eles tirarem os deles da reta.-Ela continuou.-Eles estão devendo maior grana pro Leandro, e o Leandro quer os atingir, e a melhor forma é mexer com a filhinha deles.-Ela concretou.
-Você tá louca garota ? Meu pai ? Traficante ?-A Carol deu gargalhada com os olhos cheios de lágrima.-Menos, ele não suportar esse seu mundinho.
-Não suporta porque ele sabe os perigos.-A Paloma retrucou.
-Chega, quero ir embora Gustavo. -A Carol começou a chorar e eu fiquei sem saber o que fazer.
-Amanhã nos vemos Paloma.-Disse e ela me interrompeu.
-Toma, dar pra ela, e leia também, tem muitas coisas do seu interesse aí. -Ela me entregou um caderno com a chave de segurança arrombada, eu assenti e saí.

Descemos a comunidade calados, ela não parava de chorar. Montamos na moto e invés de pararmos no edifício parei na praia.

-Por que me trouxe aqui ? Quero ir pra casa.-Ela disse baixinho.
-Não quero que a Atena te veja assim.-Passei minha mão em seu rosto lentamente.-Seja lá no que for que seu pai esteja metido vamos consertar, não vou deixar nada te abalar, estou aqui pra te proteger.-Dei um beijo de leve na sua testa e ela não reagiu, ela ficou calada por segundos e por fim falou.
-Você me conhece há quatro dias, não pode querer me proteger tanto assim.-Ela disse baixinho.
-Tambem não posso te querer tanto assim ?-Pensei alto demais e acabei falando. Ela ficou calada por uns dois minutos, depois se levantou da areia.
-Vamos, estou melhor, só estou exausta.-Ela enxugou o rosto e respirou fundo.
-Okay..

Mimadinha.(#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora