Capítulo 23.

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Por Gustavo:

Quando cheguei no colégio da Carol sem camisa, logo vi os olhares sendo voltados a mim quando desci do carro. Das meninas eram olharem maliciosos, e dos garotos, olhares repreensivos digamos. Quando a Carol sinalizou no portão do colégio e me viu sem camisa, ela atravessou a rua ligeiramente e quando deu aquele mini surto, me deu uma vontade louca de rir, ela tinha uma mania maldita de contorcer a mandíbula quando senti ciúmes, já reparei isso, mais que ela por sinal, pois ela não consegue se controlar apesar dos pesares.

A Atena adentrou o carro toda alegrezinha, eu não sei o porquê dela está com essa faixada, está na cara que ela não está bem interiormente. Ela amava o Felipe, impossível ela está nesse clima todo. Nem eu, que sinto falta dele na maioria das vezes.

–E aê, vamos aonde ? Quero vodca, tequila, coisas que me deixe louca.–Ela disse e mudou a música que estava tocando no rádio.
–Atena, você está bem ?–Perguntei de soslaio. Eu e minha boca incontrolável. Abaixei a música e coloquei na pasta que estava tocando antes, Dubeat. Ela ficou calada por alguns segundos, olhou pra fora do carro e continuou calada. Dei partida no carro e fiquei a espera da resposta dela.–Lhe fiz uma pergunta que continua sem resposta. E olha, que eu ainda espero uma resposta.–Indaguei à espera de uma breve resposta.
–Me sinto um lixo. Vazia.–Ela não olhava para mim, olhava pro nada.–É meu corpo comandando tudo. Choro toda as madrugadas. Sinto à falta dele sem poder desabafar. Não quero ouvir conselhos. Nem os pêsames. Ou sinto muito, ou até “vai ficar tudo bem”, essas frases são patéticas e na maioria das vezes ditas da boca para fora.–Ela cuspiu as palavras e começou a falar. Sem pausa. Ela queria desabafar naquele momento. Eu só implorava para que ela não chorasse, não sou capaz de acalentar uma mulher indefesa. É um maldito espírito protetor.–É que eu preciso dele, do sorriso, das piadas sem graça, do sotaque e das malditas gírias, das teimosisses, das aventuras e muito mais. É difícil ter que lhe dar com a dor da perda. É necessário o luto, mas eu eu não sei conviver com o luto. Olhe para dentro dos meus olhos, e veja aonde os demônios se escondem. É assim, e quando os meus demônios me conrrupir, não terei mais forças para lutar. O mal da dor, é que ela precisa ser sentida. Mas, no meu caso, ela não vai só me fazer sentir, ela vai me afundar aos poucos, como uma moeda caindo solenemente num mar.–Uma lágrima caiu em seu rosto devagar. Parei o carro em um ponto quaisquer. Eu não sabia o que fazer, ver lágrimas descendo do rosto de uma mulher me dar dó. Me parte o coração. No momento, só soube puxa-la pra mim, e a abraçar. Mas, acho que não adiantou muito. Ela começou a chorar, cada vez mais.

Depois de um tempo parados numa avenida não muito movimentada a Atena parou de chorar e ficou olhando pro horizonte.

–Podemos ir ?–Perguntei por impulso.
–Podemos.–Ela disse seca.

Eu não sabia exatamente para onde ir, dei umas cinco voltas no quarteirão. Já era uma e meia, e eu não sabia para onde ir, enquanto matava horário para ir buscar a Carol. Resolvi leva-lá num bar, era a nossa única opção neste momento turbilhão.

Não demorou muito e chegamos num bar, era um lugar arejado, com pessoas comendo e bebendo, tocava uma música leve, diferente dos bares da comunidade, com funks e raps no último volume. Entramos juntos e pedimos uma dose de vodca, ela limpou o rosto e disse que ia no banheiro retocar a maquiagem. Fiquei à espera dela. A Atena é uma ótima pessoa, nunca tive pensamentos maliciosos com ela. Ela é o tipo de garota, que você tem que saber lidar e o Felipe sabia bem como fazer isso.

Minutos depois, sinto alguém colocar as mãos sobre minhas costas, me viro bruscamente assustado, e vejo a Flávia. Ela estava com um shorth rasgado e com um cropedd, na verdade era uma blusa do PSG remendada, ela estava com o cabelo solto e com um grupinho de amigas, que na testa já dava para ver escrito V-A-D-I-A.

Mimadinha.(#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora