40.

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Por Carol:

Subi com o garoto devagar, cautelosamente os barulhos tinham diminuídos mas não soginificava que o caos tinha se acabado, parecia que tinha instalado ali, mas estava estável com a chegada do Leandro. Subimos sem pegar becos alguns, o garoto parecia está com medo, ele tinha pegado na minha mão e apertava a cada barulho de tiro.

-Eu tô com medo tia.-Ele travou no meio do caminho e apertou minha mão.
-Se você tiver medo, não vamos chegar a sua casa salvos.-Me abaixei a altura dele.
-Mas tia..-Ele bufou.
-Como é seu nome ?-Perguntei na tentativa de tira-ló daquela tensão.
-Vítor.-Ele respondeu ainda apreensivo.
-Olha Vítor, eu nunca vivi isso, está escrito na minha testa isso, mas nem por isso estou com medo, nem por isso estou hesitando, porque se arriscar faz parte, seja no amor, seja na adrenalina, seja no que quer que seja. Porquê arriscar faz parte, e ter medo também, mas o que torna tudo mais lindo, é seguir de cabeça erguida, e quem sabe conseguir mesmo com todas as dificuldades, se não conseguir, cara, beleza, pelo menos você não foi um covarde e não desistiu.
-Mas eu não sou covarde..
-Não estou dizendo que você é, se torna neste caso, uma hipótese.-Ele ficou calado, e os barulhos de tiros aumentaram. O garoto era pequeno apesar da idade, e era franzino, por isso peguei ele no colo e subi com ele no colo.-Aqui já deve ter tido várias invasões né ?-Tentei distrai-ló.
-Teve uma dia 48horas, contra o Leandro, quando o Gustavo pegou o Leandro beijando a Paloma e quis impedi-lós.-Ele explicou olhando para os quatros cantos da comunidade, e eu fiquei surpresa com a informação que acabei de receber.
-Como é que é?
-Essa é velha aqui tia, a Paloma morre de amores pelo Leandro, quando o Gustavo descobriu ele ficou furioso e desafiou o irmão e deu na guerra que deu. Foi um inferno, era helicóptero de polícia, repórter, era uma verdadeira guerra. Ah, também tinha por conta do Gustavo está invadindo os pontos do Leandro.-Ele replicou e complementou.
-Situação bastante tensa pelo visto.-Disse. A gente caminhava devagar, pois ele estava gelado, e assustado, os tiros não tinha parado, mas pelo menos não nos esbarramos com ninguém do tal do Leandro.
-Foi, muito..
-Nunca vivi isso, mas..-Quando eu ia completar o Vítor gritou.
-Tia!!

Tinha um homem todo ferido, porém armado, eu fiquei nervosa, não sabia quem era quem naquele tabuleiro, e na altura do campeonato confiar não era minha melhor opção. Coloquei o Vítor no chão rapidamente e o rapaz ficou me olhando, ele tinha uma bala de raspão no braço, a dor parecia está sendo ignorada nas circunstâncias do rapaz.

-Pelas características é a princesinha do Gustavin.-Pela ironia do rapaz veio logo na minha mente de que ele era algo do Leonardo.
-Do Leandro também.-Ironizei. Como já disse me pegaram no dia de máxima ironia.
-Óh sua mimadinha e marrenta, tu não vai tirar onda com a minha cara não porra.-Ele chacoalhou a arma na minha direção um medo percorreu meu corpo, mas não abaixei a cabeça e um flash das antigas aulas de boxe que tomei em SP surtiu na minha mente.
-E se eu tirar onda ? Além do mais não sou Iemanjá pra fazer isso, mas enfim né. -Ironizei mais.
-Tu tá de onda mermo né sua vagabunda, vou estourar seus miolos, ou quem sabe desse moleque aí, tá ligada que a coisa tá feia.-Ele usava cada gíria louca que eu sentia vontade de rir.
-Se a coisa tá feia leva ela pro hospício pô..-Ironizei mais uma vez e ele já irritado apontou pro Vítor e aí que eu parei com minha ironia.
-Tia, não deixa ele me matar não, não deixa não. -O Vítor disse com os olhos fechados.-Papai do céu, não quero morrer, não posso morrer.-Ele começou a orar.
-Solta o garoto, faz o quiser comigo, mas deixa ele ir pra casa.-Disse com medo.
-Hum, agora sabe falar né ? Quem tem cu tem medo madame.-Ele deu um passo e veio até mim, percebi que era minha chance.

Quando ele apontou a arma mais pra perto, respirei fundo e repassei pela centésima vez a aula de defesa pessoal e muito mais. Quando vi que ele ia apertar o gatilho, e faltava pouco pra isso, fui pra cima dele, peguei a arma e a mesma voou, entortei seu braço e o mesmo caiu no chão por conta do impulso que fui pra cima dele. Ele ficou se debatendo enquanto o Vítor pegava a arma, ele apertou meu pescoço com a outra mão dele e eu o imobilizei com uma chave de braço, ele não ia parar e o Vítor estava assustado.

-Vira Vítor.-Gritei, ordenei já assustada. Aqui era demais pra mim, fazer aquilo com minhas próprias mãos, mas era necessário.

Assim que o Vítor virou, eu abocanhei o pescoço do rapaz e sem hesitar eu entortei seu pescoço, o que fez seu pescoço quebrar no mesmo instante. Me levantei rapidamente, eu me sentia uma monstra, apesar de ter sido em legítima defesa. Peguei o Vítor que ainda estava de costas e o tirei dali, peguei a arma de sua mão e guardei na minha cintura. Ele estava quieto, calado, e gelado. E eu em êxtase e assustada, parecia que aquilo tudo não ia parar nunca. Quando chegamos no barraco do Vítor ele me deu um abraço e sussurrou pra mim:

-Obrigado, a senhora foi meu anjo hoje tia. Deus te abençoe. -Ele finalizou o abraço com um beijo na bochecha e quando eu o coloquei no chão ele correu pra dentro de casa e me deu um sorriso de presente. Aquilo me fez me sentir melhor, apesar de saber que tinha uma guerra ainda pela frente.

Mimadinha.(#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora