Capítulo 30.

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Por Carol:

Acordei às 20hrs com a Atena me ligando, eu tinha perdido totalmente a noção do horário, quando durmo, durmo pra valer, que nem pedra.

Porra, tu é lerda. Adianta, antes que meu tio não te deixe sair, venha se arrumar aqui, pelo amor do pai.

A Atena resmugava isso enquanto eu ainda estava deitada na minha cama quente, enrolada dos pés à cabeça. Ah, era uma maravilha ter uma tarde bem dormida. Por sinal, tive a noção de que esse dia nunca vai acabar, forá muitas coisas para um dia só, e só de imaginar que a noite só está começando, me assusta saber como é que vai ser o final deste dia.
Me levantei da cama assim que desliguei a chamada com a Atena, ela disse que se eu não chegasse em minutos, deixando bem mais explícito aqui, MINUTOS, que ela não iria mais para lugar algum, e que apesar dela está com uma enxaqueca miserável, ela iria ao baile. Eu adoraria ter que não ir, ficar em minha casa, assistindo, mas, só de pensar no Gustavo lá, com aquela tal de Flávia, meu estômago se embola de um jeito.
Peguei uma bolsa e coloquei meu vestido rosa e branco dentro da mesma e levei minha sapatilha aberta. Tranquei meu quarto e coloquei a chave na minha corrente, quando cheguei na sala meu pai estava com três homens conversando, eles me olharam dos pés a cabeça e eu me senti constrangida, mas não hesitei.

–Pai, estou indo fazer uns exercícios pontuais na casa da Atena, irei dormir lá.–Disse e ele me olhou estranho, parecia está de bom humor. Diferente de como estava quando cheguei mais cedo.
–Ah, claro filha. Só não demore de chegar amanhã, tenho que lhe preparar para uma novidade.–Me sinalisou e uma ponta de novidade surgiu em mim.
–Qual novidade seria essa ?–Insisti, mesmo sabendo que ele não me contaria.
–Quando voltar. Agora vá, antes que eu desista.–Disse me dispensando e eu resolvi sair logo.

Peguei um táxi para ficar mais fácil. Ao chegar na casa da Atena ela já estava arrumada.

–Que demora.–Resmungou.–Se eu não estivesse tão afim, eu não iria mais, sinceramente.
–Larga de ser dramática.–Rebati em defesa.
–Nossa, depois dessa vou cortar os pulsos. –Ela disse e se retirou do quarto. Dei risada da Atena e me vesti, fiz uma make leve, com um batom vermelho, deixei meus cabelos ondulados e meu rímel estava tão longos que eu podia senti-los bater em minha pálpebras. Eu estava pronta para causar.
–Uau, assim o Gustavo fica louco.–A Atena me elogiou e da pior forma possível.
–Cala essa boquinha. –Resmunguei e ela deu uma gargalhada de deboche.

Pegamos um táxi que nos levou ao baile e rolou todo aquele processo da primeira vez, dessa vez eu estava mais segura, não sentia medo, nada mais me assustava naquele lugar e por incrível que pareça eu me sentia em casa. Os caras que estavam armados, liberaram nossa passagem sem precisar consultar o Gustavo, o que foi bom, eu queria ver a cara dele ao me ver no baile sem ele precisar insistir.

Calma Carol, não seja piegas, lembra ?!

Quando cheguei no lugar em que estava tendo o tal baile, estava tendo o mesmo barulho de antes, e aquilo ainda me incomodava, por isso arrastei a Atena direto para área vip, e não vi o Gustavo quando cheguei lá, pecorri meus olhos por todo canto daquele lugar e não o achei.

–Procurando o Gustavo ?–A Paloma, a loira de tatuagens perguntou quando me viu observando o lugar demais.
–Digamos que sim.–Disse envergonhada.
–Coitada.–Ela sorriu de canto e mudou seu olhar. Foi aí que eu observei o quão ela era linda, seus cabelos eram ligeiramente bagunçados, mas tinha seu charme, seu corpo era desenhado, e aquele shorth jeans que ela usava realçava suas poucas curvas e seu cropedd azul com a bandeira de Londres deixava seus seios altos. É, realmente ela é linda.–Ele não é do tipo que liga no dia seguinte.–Ela cortou a minha observação e eu corei no instante ao perceber o sentido conotativo da frase.
–Ah, por favor, não pense isso. Não transamos, foi só um beijo, um beijo que ele mesmo me pediu que eu não fosse piegas, porquê as pessoas se beijam o tempo todo.–Coloquei meu pensamento constante para fora numa só frase. A Paloma me olhou ligeiramente e olhou pra multidão e apontou pro Gustavo, beijando a tal Flávia.
–É, acho que ele beija o tempo todo.–Ela disse e eu simplesmente fiquei lá parada com a maior cara de trouxa.–Ainda espero uma garota que agarre o Gustavo de vez. Você pode ser ela, mas terá de ralar muito.–Ela sinalizou e saio me deixando parada. Eu estava sozinha, a Atena tinha saído para fazer não sei o que. E meus pensamentos estavam me matando, definitivamente.

Uma hora ele me beija, outra hora está lá, na pista de dança com a língua enfiada na boca de outra. Ah, faça-me mil favores. Saí do lugar e fui pro bar, pedi vodca, muita vodca, fui tomando uma atrás da outra, para aguentar o porre que ele me fez passar, só bebida para me frustar.
Quando estava distraída bebericando minha centésima vodca digamos eufemimicamente, senti alguém chegar até mim por trás, era uma pessoa desconhecida, mas uma pessoa muito olhavél. Era um garoto alto com seus 1,80 de altura, cabelos lisos jogados pro lado loiro, com um corpo bem estruturado e seus olhos caramelo eram bem explícitos. Ele trajava uma camisa azul forte quadriculada e uma jeans masculina colada com uma botina mostarda.

–Oi gata, sozinha ?–Ele disse e sorriu de lado.
–Não me flerta, estou bêbada. –Disse sem dar muita trela pro cara. Eu não queria conversar com ninguém.
–Ah, claro, percebi.–Ele se sentou na ponta do banco ao meu lado e ficou me fitando por uns segundos.
–Vem cá, por que vocês homens uma hora se declara, outra tá lá, com a língua enfiada na boca de outra.–Comecei a falar coisas sem nexos. Mas por favor Carol, não seja piegas.–Ah, claro, não ser piegas, uma regra bem básica. Foda-se.–Me cortoci na cadeira por soltar um palavrão. –Quer dançar ? Vamos dançar gato.–Disse pro garoto sem dar tempo de me responder. O puxei do banco para pista de dança.

Eu não estava completamente bêbada, tinha um pouco de juízo, quer dizer nem muito, pois se fosse a Carol de algumas horas atrás não estaria naquele bolo de gente dançando seduzentemente funk com um cara desconhecido e muito gato por sinal. Eu rebolava ao som da música, minha dança era seduzente, o garoto não sabia o que fazer, ele tinha medo, ele me puxou pela cintura e foi decendo e impulsionalmente eu me afastei.

–Calma lá querido. Olha aonde tu  vai colocar essa tua mão, não sou tuas negas rapaz.–Me assustei com meu jeito tosco de falar.
–Olha só, você é estranha e a minha vontade de te beijar só tá aumentando.
–Ah pô, não posso fazer nada.–Mordi o lábio inferior.
–Pô, tu é bem mimada.–Ele cortoceu as sombrancelhas e me puxou pela cintura, corri meus olhos pelo local a procura do Gustavo e quando o achei ele estava me fitando com uma cara nada boa.
–Me pega cintura, faz menção de quem vai me beijar, mas não me beija hein, não me beija.–Disse chegando mais perto dele.
–Tu não se decide.–Ele revirou os olhos e assim fez.
–Cala a boca e faz.–Disse nervosa.

Começamos a dançar sincronizado, não demorou muito e já éramos a sensação, nossa dança era envolvente e sensual, suas mãos que antes eram timidas já tinham poder sobre meu corpo e eu já tinha deixado a música me levar, o garoto, ao qual nem o nome eu sabia, me virou pra ele, começamos a dançar um de frente pro outro, até que por um momento eu pensei que o beijaria, mas só pensei. O Gustavo chegou no mesmo instante o empurrando e colocando banca pra cima do garoto, eu fiquei sem reação.

–Se afasta dela moleque.–Ele disse de supetão e colocando o dedo na cara dele. Era bom ver que ele sentia ciúmes de mim.
–Quem é você ?–O garoto disse colocando mais banca ainda.
–Sou o cara que vai te dar um soco, pra mostrar que com a mina dos outros, não se mexe.–E no mesmo instante o Gustavo lascou um soco na cara do garoto que cambaleou pra trás com o nariz sangrando eu desesperada só fiz correr pro meio.
–Para, para os dois.–Disse gritando.–Gustavo vamos sair daqui.–Disse o puxando para fora dali. Todos olhavam a cena e o garoto estava com a cara de tacho sagrando, acho que ele foi idiota o suficiente para achar que eu o beijaria. O Gustavo saiu, mas, quando saiu, olhou muito feio pro garoto, que até minhas pernas bambearam.

Já lá fora depois de um tempo calados eu resolvi quebrar o silêncio.

–Porque você estava beijando aquela tal de Flávia ?–Perguntei fitando o chão.
–Ah, então foi por isso que você estava flertando com o cabelo de queijo ?–Ele sorriu de canto e me olhou.
–Que seja.
–A Flavia me beijou, não foi eu que a beijei, você acha que eu queria beija-la ?–Ele me olhou e suspendeu meu rosto para que eu olhasse pra ele.–Eu queria mesmo era que fosse você, garota mimada.
–Não seja piegas Gustavo, as pessoas se beijam o tempo todo.–Disse e sorri sarcasticamente.
–Ah, claro, a frase.–Ele revirou os olhos.–Eu te quero, só pra mim, quero te beijar quando eu bem entender, sem que precisemos discutir ou algo do tipo.–Ele disse e meu coração disparou.

Eu não ia ceder aos encantamentos do Gustavo, era algo sádico, mas era necessário, eu precisava daquilo, precisava sentir como era gostar do Gustavo.

–O que significa isso ?–Perguntei sem querer.
–Significa que somos namorados secretos. Quer dizer, já éramos, só que você não sabia. Agora que tu sabe, seremos felizes para sempre.–Eu tentei opinar, mas ele me interrompeu.–Epa, nada de opinar. Vamos curtir a noite.

Mimadinha.(#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora