● Prólogo ●
— Hall, caramba - ele disse — Você ganhou bem nas corridas de hoje.
Eu e Rory estávamos dentro do carro em frente à minha casa. O pobre garoto excitado estava com esperanças de finalmente ficar comigo.
— Pode ficar com a grana — falei e entreguei o bolo de dinheiro — Já ganhei mais em outras corridas.
Eu ocupava todas as minhas noites nos rachas feitos em uma construção parada da cidade, ninguém mexia naquela obra há anos, e muito menos apareciam denúncias sobre estarmos usando o local para atividades ilegais. Eu amava a adrenalina de apostar corridas de carro, a velocidade, a emoção, tudo aquilo era sem igual.
— Você sabe que não é dinheiro que eu quero — ele se aproximou.
Eu coloquei a mão na sua boca e o encarei.
— Que pena, porque é só o que poderia ter ganhado essa noite — Eu guardei o dinheiro no bolso e peguei minha mochila no banco de trás — Valeu pela carona, Rory.
Eu dei um beijo em sua bochecha e saí do carro. Era três da madrugada e tudo que eu pensava enquanto caminhava até a varanda de casa era:
Por favor, pai. Esteja dormindo.
Minha oração não funcionou. Assim que abri a porta encontrei um Sr.Hall nada feliz.
De todas as coisas ruins que ele poderia ter feito, gritar, colocar-me de castigo, ligar para a mamãe, ele fez a pior delas; suspirou e caminhou até seu quarto onde fechou a porta um pouco forte demais.
É, eu tinha problemas na família. Fui até a geladeira e peguei um refrigerante. Depois caminhei até a varanda, coloquei fones de ouvido e acendi um cigarro. Achei que papai já tinha ido dormir, mas me enganei quando a porta abriu e ele me encarou com o mesmo olhar de decepção, mas agora também havia raiva.
— Não — Ele veio até mim, pegou o cigarro e o levou ao chão — Na minha casa não.
— Qual é pai? É só um cigarro — Ele não sabia quantos jovens da minha idade fumavam bem mais que eu.
— Lucinda — ele exclamou — Você é minha filha. Minha filha! Eu não vou aceitar que você fume ou beba, ou qualquer outra coisa que possa estragar a bela jovem que você é.
— É? — Eu me levantei, de depende ficando com raiva. — E o que vai fazer a respeito?
— Vou ligar para sua mãe — ele disse — Ela vai saber o que fazer.
— Não, ela não vai — eu exclamei. — Ela vai dizer que eu sou sua responsabilidade.
— Porque é! — ele gritou — Lucinda, você é minha responsabilidade e já está me deixando louco!
— Ótimo! — Eu entrei para dentro de casa novamente em passos pesados.
Eu não sabia porque havia discutido com ele, só sabia que eu estava um porre aqueles dias.
Subi até meu quarto, tirei a roupa e entrei no chuveiro. Enquanto a água caía pela minha cabeça eu sentia a adrenalina da corrida e da discussão ir embora. Depois de escovar os dentes e vestir um pijama, eu andei até a porta no final do corredor e abri. O quarto do papai. Ele estava deitado em sua cama. Assim que entrei, ele ligou a luminária que estava perto.
Nós nos encaramos por algum tempo e eu pude reparar em seus olhos inchados.
— Lucy — ele disse baixo
— Desculpe — foi tudo o que eu disse
Ele suspirou e sorriu tristonho.
— Vem aqui, meu amor — Ele afastou para eu deitar
Eu fui até ele, apaguei a luminária e deitei ao seu lado. Ele passou o braço por mim e tudo estava bem de novo, como se não tivéssemos discutido.
— Eu realmente sinto muito, pai — tornei a falar.
Eu odiava essas discussões, odiava ver meu pai ainda mais triste. Éramos nós dois contra o mundo. Tínhamos que ser unidos.
— Tudo bem, Lucy — ele disse — Nada nos abala. Somos a equipe Hall lembra?
Eu apenas assenti, depois acabamos dormindo.
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Hall
RomanceConcluída e sob revisão. Lucinda Hall é uma garota que cresceu com seu pai, afeiçoando-se a coisas como carros e esportes. No entanto foi nas corridas que viu sua grande paixão. Com a morte do pai, ela vai morar junto de sua mãe que cria outra famíl...