55: O Que Você Faria?

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Alguns meses atrás...

Droga, Lucinda, você só faz merda. Como não consegue parar de fazer merda?

Eu não havia conseguido nem chegar perto de cair no sono, por isso eu fui para a sala esperar meu pai voltar, ele provavelmente voltaria bêbado, mas ainda assim eu teria que concertar aquilo.

Foi nossa pior briga, ouvi coisas dele que nunca imaginei que ouviria, mas não importa, o que importa foi o que eu falei, e eu falei demais. Às vezes eu esquecia que o senhor Jackson Hall era um homem cheio de privações emocionais.

Levantei do sofá e comecei a andar de uma lado para o outro, não deveria ter dito aquelas coisas, aquela frase para ele. Droga, por que ele não chegava logo? Eu tinha que concertar aquilo logo, ele só transformaria em uma merda ainda maior naquele bar.

Eu desisti de esperar, eu ia até aquele bar trazê-lo para casa, para então conversarmos. Eu não ia ficar com ressentimento, não importa as merda que ele me disse, não era nada perto de outras coisas. Fui até o quarto pegar meu casaco, e quando voltei, encontrei Bob entrando dentro de casa.

- Ei - falei - Deixa eu adivinhar, ele está bêbado, caído e chorando, sem querer voltar para casa. Eu estava indo lá de toda forma.

- Achei que fosse encontrar você no condomínio, mas não estava lá. - aquilo saiu estranho da boca dele, nem parecia que estava dizendo para mim, ele nem olhava para mim.

Eu o encarei.

- Você parece preocupado, aconteceu alguma coisa? - eu me aproximei - Ele te disse o que eu falei, não é? Olha, eu vou lá, e vou resolver tudo.

Eu passei por ele.

- Lucinda - ele chamou sem nem virar para mim.

Eu o puxei.

- Agora você está me deixando preocupada, aconteceu alguma coisa com meu pai?

Ele começou devagar.

- Tinha um grupo da pesada lá hoje, seu pai estava muito bêbado, os ânimos se alteraram, só que esses caras estavam armados...

- Atiraram no meu pai? - levei as mãos à cabeça enquanto ele me olhava - Onde? Ele está no hospital agora?

- Você precisa se sentar.

" Você precisa se sentar", foi o que ele disse, mas não foi o que eu ouvi, o que ouvi me dizia claramente qual era a situação do meu pai.

Morto.

Meu pai estava morto.

Não sei como Bob fez, mas de repente, eu estava sentada no sofá.

- Ele está morto? - perguntei, apenas para confirmar

- Sim, seu pai morreu.

Ele esperou minha reação, mas que reação eu poderia ter? Ele estava morto, e naquele momento, eu sentia que havia ido junto com ele. Bob se levantou e foi pegar meus remédios.

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