57: Chegou A Hora

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Eu me levantei da cama. Não poderia ser o líder da Equipe ao estar no meu quarto no meio da madrugada.

- Está dizendo que é o irmão dele?

- Não, doce garota, estou dizendo que sou ele. Muito prazer, Kirton Hughes.

- Como você entrou aqui?

- Estão todos domindo, Gabriel Taylor dispensou os empregados, provavelmente por estar mantendo você aqui. Ouvi dizer que está atrás de mim.

- Só pode ser um sonho - esfreguei os olhos.

- Em 10 horas, meus homens tem ordem para matar seu amigo, tem algo a me dizer?

- Você já sabe, ou então não estaria aqui.

- Esse é o momento em que você propõe.

Eu o encarei.

- Eu fiz um acordo com Buttler, que se eu garantisse que meu irmão não tivesse mais os arquivos que Trevor roubou, ele tiraria Gabriel da prisão, e disse que Charlie Robbins seria sua garantia. Eu demorei para fazer isso, porque descobri que você jurou matar toda a minha família se algum dia Aaron não estivesse mais com os arquivos. Eu não sou idiota, sei a importância que esse arquivos tem para vocês, e que eu sou a única chance que apareceu em muito tempo de você conseguir o que quer, matando Charlie hoje, você estaria jogando isso fora. Por isso eu proponho, no lugar da vida de toda a minha família, e Naomi e Isaak, eu coloco a minha. Dessa forma conseguirá atingir Aaron, e nenhuma das pessoas que eu amo, morrerá.

- Está me oferecendo sua vida?

- Estou lhe oferecendo minha morte.

Ele se aproximou, e só aí vi seu rosto um pouco melhor.

- Mas eu quero a sua vida.

Eu pensei um pouco, aquilo estava estranho. Bom, mas não era eu quem estava em vantagem.

- Eu queria saber se você pode me dar algum tempo.

- 24 horas é suficiente para você?

- Eu queria mais, o suficiente para ganhar a confiança deles e sair desse quarto, e então poder me despedir de forma correta de todo mundo.

- Não acredito que vão te deixar sair desse quarto.

- Não se preocupe com isso, eu peço três dias. Três dias e você pode vir até mim, eu estarei pronta.

- E o nosso acordo? Você já o fez?

- Sim, já faz uns dias que está feito.

- Está me dizendo que deixou outra pessoa, além de você, lidar com os arquivos.

- Não, meu irmão não é burro, conseguir com que não tivesse mais esses arquivos, é um delírio seu, e meu irmão também acabou descobrindo, o que piorou a situação. Eu nunca iria saber a localização de todas as cópias, mas tem uma coisa que ele não se importou tanto em esconder. Meu amigo que entende de computador, não demorou muito para conseguir excluir todas as gravações que ele tinha provando a inocência dele. A última estava no pen drive no quarto dele, mas eu já consegui esse também, e posso te entregar quando vier me matar. Aceite, você nunca teria os arquivos de volta, o que você tem agora, é poder de barganha.

Ele me encarou por alguns segundos.

- Entendo agora porque Killian Black é fascinado por você.

- Você está em vantagem agora, eu quero meus três dias.

- Então você os terá, como presente por ter feito tão bem sua tarefa.

Ele não disse mais nada, apenas se virou e saiu do quarto. Eu sentei na cama.

Mesmo que tivesse acabado de vender minha vida, meu coração não poderia estar mais aliviado, Charlie iria ficar bem, todos iriam ficar bem. Infelizmente eu não iria estar ali quando ele acordasse, mas tudo bem, porque pelo menos ele acordará, e Bob cuidará dele, sei que ele vai. Minha família vai ficar triste, mas também estará bem. E quanto a Gabriel, foi bom que terminamos, talvez isso tornasse as coisas mais fáceis.

Gabriel apareceu algumas horas depois com meu café da manhã.

- Vocês sabem que estão me fazendo perder dias de aula, não sabem?

- Acho que não está se importando, levando em conta que planeja morrer.

- Não mais.

Ele riu

- Certo.

- Eu estou falando sério.

Ele me encarou.

- Você não parece mais preocupada, porque não estaria sabendo que se não vai morrer, Charlie corre perigo. O que você aprontou? Como você aprontou?

- Buttler veio aqui hoje de madrugada, ele de alguma forma conseguiu invadir sua casa. Ele queria saber porque não fiz o combinado, eu expliquei a situação para ele, e ele disse que conversaria com o líder para tentar resolver. De toda forma, ele não quer perder o acordo, por isso me deu mais um mês.

- O que?

- Pode conferir, veja as gravações dessa madrugada, aposto que vai ter uma parte faltando.

- Eu vou ver, e vou falar com seu irmão e Bob, de toda forma, você não sai daqui hoje.

- Tudo bem, se você precisa disso para ter certeza. Eu Fico. Eu tenho um mês para pensar em outra forma de resolver isso, e tenho fé de que vou conseguir.

- Certo, tome seu café, eu vou checar as câmeras.

E então saiu do quarto.

Eu fiquei ali o dia todo, mas no outro dia, eles deixaram eu sair, e então eu pude fazer tudo que eu queria fazer, tentei passar um tempo com todos, saí para jantar com Bob, almocei com minha mãe, fui ao cinema com Willow, ao boliche com Lucas, fiz noite de filme e pipoca, com Naomi e Jill, almocei também com Isaak e Aaron. Liguei para Andrea, tive uma conversa com Barkley, passei um tempo com Sammy. Eu escrevi cartas para todos, e designei o dia para serem entregues. Feito tudo isso, no último dia, só faltava fazer um coisa. Venci uma última corrida, e pela primeira vez no 67, fumei uma última vez com Theo, Zara e Evie, brinquei um pouco com os meninos na oficina, e então eu me dirigi ao escritório do Gabriel.

- E aí? Alguma novidade? - ele perguntou assim que eu entrei.

- Não, eu só não consigo parar de pensar em um coisa. Acho que deveria te dizer.

Ele se inclinou para frente, parecendo mais interessado.

- Tem algumas coisas que eu não te disse quando terminamos. Eu queria dizer agora. Não quero voltar nem nada, eu só quero dizer.

Ele me olhou confuso.

- Tudo bem.

- Foi gostando de você, que eu descobri que nunca gostei de ninguém antes. Sinto muito que tenha sido frustrante para você, mas você me fez muito feliz no tempo que estivemos juntos, você me fez bem. Você pode ter alguns defeitos, mas nada ultrapassa a pessoa incrível que você é, você foi um ótimo namorado, e a garota que tiver você, será bastante sortuda. Sei que terminamos, mas eu só tenho a agradecer a você.

Ele me encarou por alguns segundos. E eu me virei para sair dali antes que dissesse alguma coisa.

- Lucinda... - ainda ouvi ele chamar, mas saí mesmo assim.

Cheguei até meu carro, e foi quando percebi que havia dois homens ali.

- Chegou a hora? - perguntei

Eles apenas assentiram. Eu entrei dentro do carro com eles, e nós saímos da pista. É, havia chegado a hora.




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