49: Ele Está Na Cidade.

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Ponto de vista de Aaron Hall.

Muitas pessoas costumam olhar a vida de maneira muito prática, como se fosse tudo preto e branco, como se as pessoas fossem somente boas ou somente más, mas não era bem assim, eu, principalmente, não era bem assim. A pessoa que mais fazia eu perceber isso era minha irmã, Lucy, porque ela sabia bem que não assim.

- Vou andar a cavalo com o vovô hoje - Disse entrando no quarto de Lucy na fazenda - Você vem?

- Eu já fui ontem - Ela parecia incomodada.

- Certo - Eu eu a encarei por uns segundos e então saí do quarto.

Durante toda minha vida, quando ela estava longe, eu mostrava da minha vida apenas o que eu queria que ela visse, e desde que ela chegou eu vinha fazendo a mesma coisa, quer dizer, tentando, porque com minha irmã eu sentia que era diferente. Todos tinham uma visão de mim como se eu fosse um herói de alguma história, mas Lucy dificilmente poderia me ver assim, porque ela guardava uma mágoa de mim que só e ela sabíamos, mas ninguém era corajoso o suficiente para falar.

- Vocês vão sair? - Perguntei ao ver minha mãe, minha avó e minha irmãs no hall da casa.

- Vamos fazer compras - Minha mãe respondeu.

- Ah, eu estava mesmo querendo ir na cidade com você, Lucinda, tem um lugar com carros de época que você vai gostar.

- Oh - Ela parecia sem graça - Eu acho que prefiro só fazer compras hoje.

- Ah - Disse sem saber como reagir àquilo - Tudo bem, então, vamos outro dia.

Por ser daquele jeito, Lucinda, acabava me deixando preocupado muitas vezes. Ela podia até acreditar que eu era uma boa pessoa, mas a verdade é que seria a primeira a duvidar disso. Eu queria poder contar a verdade para ela, mas sempre tive medo da reação de qualquer pessoa ao descobrir isso.

- Eu posso ir do lado da Lucy, na volta? - perguntou Willow no aeroporto na volta da Fazenda.

- Ela te disse para pedir isso? - Olhei para trás e perceno que Lucinda se esforçava par parecer distraída.

- Não. - respondeu minha irmã - Eu quero conversar com ela.

Achei aquilo estranho, mas deixei.

Ela sabia, claro que sabia. Eu deveria adivinhar que alguma hora ou outra ela descobriria. Mas eu não tinha nenhuma forma de ter certeza, sem estragar tudo. Lucinda provavelmente já estava com medo ou com raiva, e eu não tinha como ter certeza daquilo.

- Você está estranha desde a fazenda, não sei se é no geral, ou só comigo, mas você está estranha. - Tentei falar de uma forma natural.

- Impressão sua - Disse ela. - Eu não teria motivos para estar estranha com você, teria?

- Isso é você quem tem que me dizer.

- Então tem? - Ela me encarou.

Eu sorri tentando parecer mais relaxado, mas nao deu muito certo. Aquela conversa toda era um joguinho, ela provavelmente estava tentando extrair algum tipo de certeza, enquanto eu estava tentando fazer o mesmo.

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