Extra 1: Namorada De Corredor - Pt.1

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Ponto de Vista de Rebecca Carter.

Cheguei àquela pista no horário combinado, eu não queria dar nenhuma desculpa para não ganhar o emprego. Quanto mais eu andava, mais me perguntava se seria capaz de gerenciar aquele lugar, talvez Carlos não estivesse certo, eu era boa em gerenciar coisas, mas aquilo estava fora da minha realidade. Eu via pessoas fumando, muitas pessoas bêbadas, pessoas trasando em carros, o que era estranho, Carlos disse que também havia um motel ali. Vi um cara entrando com duas garotas em um quarto. Tinha som alto, garotas em roupas minúsculas, eu não sabia se me adaptaria a um lugar como aquele.

Passei pela primeira pista, Carlos disse que o setor administrativo era depois dali. Conseguia ouvir carros derrapando e gritos. Sabia exatamente porque meu primo gostava daquele lugar, mas eu só estava ali porque precisava do dinheiro, precisava de uma forma de me manter naquela cidade até terminar o curso. Ridículo, trabalhei em hotel por anos, gerenciei lojas, tinha muita experiência, mas de repente, o mercado muda e só consigo emprego se tiver diploma de administração. Pelo menos ali Carlos falou que não precisava, que eu só precisava da experiência.

Passei por dois caras bêbados, devia ter vindo de dia como meu primo disse, mas resolvi que queria ver logo como era a movimentação a noite. Quando cheguei ao setor administrativo que ficava perto da segunda pista tudo pareceu mais organizado.

- Rebecca! - encontrei com Carlos. - Achei que você nem vinha mais.

- Mas eu cheguei no horário. - reclamei. - Só atrasei o tempo da entrada até aqui.

- Exato, 10 minutos, para você é como atrasar um dia. - ele sorriu. - E então? O que achou?

- Assustador. - falei sincera.

- Eu imaginei que fosse achar, está acostumada com coisas bonitas, nem tudo por aqui é bonito. Vem, vou te levar para falar com o novo chefe.

Ele já tinha me explicado aquilo. O antigo gerente havia se tornado um dos sócios, e por isso a vaga abriu e eles estavam fazendo entrevistas. Eu tentei imaginar como seria o dono de um lugar como aquele, não vinham imagens boas na cabeça.

- São três sócios, você vai conhecer um deles, apenas, depois te apresento aos outros, ou você vai acabar conhecendo de toda forma.

Nós estramos dentro de uma sala muito bonita e aconchegante, havia um homem sentado atrás da mesa, mas ele não era velho, parecia ter a minha idade.

- Francis, essa é minha prima que eu te falei, acredito que vai ser uma ótima substituta para você.

- Certo. - ele respondeu, parecia distraído no celular com algo. Esperava que ele ao menos olhasse para mim durante a entrevista.

Carlos piscou para mim e saiu da sala me deixando sozinha ali com ele. Demorou uns segundos, até que ele largou o celular e olhou para mim com um sorriso no rosto.

- Desculpe, não sou tão mal educado assim. - ele estendeu a mão e eu apertei. - Meu nome é Francis.

- Rebecca.

- É um prazer, Rebecca. - ele falou. - Eu não sou muito acostumado a fazer isso, sabe, entrevistar alguém. Falei para o Gabriel para ele fazer isso, mas ele disse que eu tinha que servir para alguma coisa, eu não o culpo, minha afilhada acabou de nascer e... bem, isso é irrelevante. Eu pesquisei na internet quais perguntas fazem em entrevistas de emprego, mas tem umas bem nada a ver, então decidi ficar com as mais básicas mesmo.

- Tudo bem. - falei de toda a fala dele.

- Certo, qual a sua experiência?

- 3 anos como gerente de hotel, 5 anos como gerente de lojas grandes.

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