18: Peça Para Ele Voltar

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     Eu cheguei no endereço que ele me mandou, era uma casa em um condomínio, um lugar que parecia bem comum. Ele disse para eu esperar ele, não sabia se era pra fazer isso dentro da casa, então resolvi ficar no carro.

     Meu plano não deu muito certo, acabei me espantando com uma mulher batendo no vidro do carro. Abri a janela e percebi que era aquela que ele fingia ser sua mulher.

     - É melhor você entrar. - ela disse.

     - Eu espero aqui. - afirmei.

     - Isso não é um pedido.

     A cada momento eu me sentia cada vez mais nervosa. Puxei o frasco de remédio do bolso e tomei dois comprimidos. Abri a porta do carro e desci.

     Assim que eu passei pela porta da frente, percebi alguns homens assistindo TV, as armas jogadas em cima da mesa de centro.

     - Você quer alguma coisa, água, um café?

     - Eu acho que... - comecei a falar, mas logo notei que ela me dava um olhar significativo. - Pode ser algo que me ajude a ficar calma.

      - Tudo bem, vamos para a cozinha, vou fazer um chá. Estou indo para a cozinha com a garota! - ela anunciou.

     - Você está sendo paga para isso? - perguntei. - Para fingir ser a família dele? Para ajudá-lo a fazer isso comigo?

     - Infelizmente, sim. - ela disse. - Colin, meu filho, é doente, e ele pagou a cirurgia e o tratamento dele, coisa que eu nunca teria condição, então era aceitar essa oferta ou ver meu filho morrer. Não pense que eu concordo com isso, eu não fazia ideia de onde estava me metendo, mas quando eu descobri, ele já tinha feito a parte dele, então eu deveria cumprir a minha parte ou nós dois morríamos.

     Ela colocou a água para ferver.

     - Eu acho que vi uma caixinha na dispensa, você pode me ajudar a procurar?

     - Tudo bem.

     - Acredito que nenhum desses homens tomem chá, então ainda deve estar por aqui. - ela disse procurando dentre os outros alimentos. - Vê se está perto daqueles sacos de arroz, está meio sujo aí.

     Eu fui mais para o fundo a procura do chá. Haviam uns panos, e eu os levantei, para logo em baixo, encontrar uma faca, e a seguinte frase escrita na sujeira:

     Mate-o

     Engoli em seco.

     - Achei! - ela exclamou.

     Apaguei a frase com a mão e guardei a faça comigo rapidamente, aliviada por ter tido aquela ajuda. Eu tomei o chá e Monza chegou um tempo depois. As palpitações no meu coração não paravam de acelerar.

     - É tão bom chegar em casa e encontrar você, bonequinha. - ele sorriu. - Vocês! - ele exclamou para os homens que estavam em frente à TV. - Fiquem em posição, e saiam de dentro da casa. Lilian, suba para o quarto com seu filho e não saiam mais de lá hoje.

     Ela apenas assentiu e subiu as escadas.

     - Quero ficar à sós com você, minha Lucy.

     Eu não ia chorar, eu não ia chorar.

     Ele veio na minha direção e eu dei passos para trás até chegar à parede, ele se apoiou com as mãos atrás de mim.

     - É o seguinte, como vai acontecer, você e eu vamos ficar nisso por dois meses, dois meses porque foi a quantidade de tempo que você fugiu de mim, então eu vou compensar aquilo, e então eu vou embora. Mas não pense que eu não vou aproveitar esses dois meses, porque eu vou.

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