Três anos atrás...
- Lucy, onde você está? - Perguntou meu pai ao celular.
Eu estava chegando à casa dos Robbins.
- Eu vim visitar a casa do Charlie - Desliguei o carro.
- Filha, acabamos de sair do funeral, não é um bom lugar para você ir.
- Pai, falo com você depois.
- Lucinda, não vá aí, volte para casa.
Eu desliguei o celular e saí do carro. Dei alguns passos caminhando até a porta da casa.
Aquele não era um dia bom para mim, com certeza não era. Eu estava acabada e aquele vestido preto de funeral não ajudava em nada. No entanto o sentimento de querer ir até aquela casa tomava conta de mim.
Eu procurei a chave em cima da porta, como eles costumavam deixar sempre para Charlie, quando ele esquecia a dele. A angústia começou quando percebi que a chave nunca havia sido tirada de lá.
Eu abri a porta e entrei dentro da casa, logo percebendo como estava empoeirada, o que era entendivel, Senhor e senhora Robbins não estavam muito preocupados com limpeza de casa nos últimos dias. Eu passei direto para o andar de cima, indo em direção ao quarto de Charlie.
Eu não havia ido no quarto desde o acidente, aquele lugar me trazia tantas lembranças com meu amigo. Na parede dele haviam três porta retratos, um com os pais dele, um com David e um comigo, peguei essa foto e a admirei, estávamos no 67 comendo fast food, peguei meu celular e tirei foto dela, queria aquilo como recordação.
A primeira lágrima caiu sem eu nem mesmo perceber. Abri o guarda - roupa dele, e vi que tudo continuava intocável. Tudo aquilo era tão confuso, eles sempre deram a entender que estavam cheios de esperança para com o filho. Então porque haviam feito aquilo? Eu não conseguia entender. Estive tão enganada quanto aos Robbins.
Eu deitei na cama de Charlie, era estranho, o quarto já quase não tinha o cheiro dele, as coisas dele estavam todas lá, mas não pareciam mais pertencer a ninguém. Por isso comecei a procurar coisas que pudessem ligar aquele quarto a Charlie. E nisso eu encontrei um caderno antigo que ele usava para tudo. Haviam rabiscos na capa de trás, de um dia que nos dois estávamos testando nossa assinatura. Também havia a camisa que ele havia ganhado de uns amigos nossos no seu último aniversário. " O idiota do melhor corredor", havia escrito na camisa, eu ri lembrando desse dia. Achei a tabela que ele tinha desenhado para marcar a quantidade de vitórias. 49 vitórias.
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Hall
RomanceConcluída e sob revisão. Lucinda Hall é uma garota que cresceu com seu pai, afeiçoando-se a coisas como carros e esportes. No entanto foi nas corridas que viu sua grande paixão. Com a morte do pai, ela vai morar junto de sua mãe que cria outra famíl...