- Você está bem? - Barkley perguntou.
- Olha, eu ainda tenho muito o que melhorar, mas eu precisava disso, precisava por um fim nisso. Que acha de nos encontrarmos semana que vem?
- Lucy, eu não acompanho mais você, agora tem alguém mais capacitado.
- Você é o mais capacitado. E não estou falando de consulta, estou falando de um almoço, chame sua mulher.
- Ah, isso é muito bom, com certeza eu vou.
- Você não sabe o quanto me ajudou, velho. Você é muito importante para mim, não é mais meu médico, mas é meu amigo agora.
- Que bom, você foi uma paciente muito importante para mim, Lucinda. Fez eu aprender muito sobre o meu trabalho e sobre a vida.
- Uma paciente incomum?
- Quem está usando bordões agora? - ele provocou.
- Você vai correr atrás de outros pacientes agora? Invadir a privacidade deles? Esquecer da palavra "ética"?
- Nunca fiz isso com outra pessoa que não fosse você. Seria muita falta de ética, já pensou? Quero continuar com meu emprego.
Aquilo me surpreendeu. Eu ri.
- Por quê?
- A ajuda que você precisava ia além de terapia, no final das contas, a minha contribuição foi a menor, eu só precisava saber que pedras atirar.
Eu fiquei calada por alguns segundos.
- Você acredita em Deus, Barkley?
- Não poderia exercer minha profissão se não acreditasse. - ele sorriu.
- Então...
- Você não tem uma luz? - ele me encarou e eu sorri. Eu tinha uma luz. Da mesma forma que Charlie, eu tinha uma luz. E era das fortes.
Barkley terminou sua visita e foi embora. Tive uma conversa com os policiais, apenas protocolo, nada demais. No fim da tarde, Dr.Cooper assinou os papéis da alta e eu fiquei livre para ir embora. Gabriel me ajudou e tirar a roupa do hospital e colocar minhas roupas. Depois me levou para casa, para nossa casa.
Quando chegamos lá, ele me puxou até o terraço, eu entendi porquê, era hora da nossa conversa séria, a conversa que era necessária termos antes de seguirmos adiante.
Dali era possível ver Seattle anoitecendo e as luzes surgindo, estava frio e um vento corria pelo terraço. Era possível avistar o Space Needle ao longe, era a mais perfeita visão da cidade.
- Você sabe que eu te amo, não é? - ele falou e eu assenti. - Então precisa confiar em mim.
- Aprendi da pior maneira a fazer isso.
- Eu fiz algumas coisas no tempo em que estive fora.
Ele ficou com outra, tudo bem, ia ser difícil, mas eu poderia superar aquilo, eu podia seguir em frente.
- Está tudo bem, Gabriel. - falei amargamente.
- Eu não quero mais esconder nada de você, por isso preciso que saiba de tudo que eu fiz.
- Eu não preciso de detalhes.
- Você já sabe o que é?
- Gabriel, eu falei que podia superar isso antes, e posso superar isso agora. Eu posso entender como estava se sentindo.
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Hall
RomanceConcluída e sob revisão. Lucinda Hall é uma garota que cresceu com seu pai, afeiçoando-se a coisas como carros e esportes. No entanto foi nas corridas que viu sua grande paixão. Com a morte do pai, ela vai morar junto de sua mãe que cria outra famíl...