Extra 10: Pobre Professor Curly.

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Ponto de Vista de Lucinda Hall Taylor

     - Mama, mama. - a pequena Rose dizia enquanto brincava com o mordedor.

     - É, meu amor, "mama". - falava enquanto terminava de dobrar suas roupinhas.

     - Mamãe. - Emma apareceu correndo. - Terminei de banhar.

     - Vamos para sala esperar o papai, então. - peguei Rose no colo.

     Nem sempre eu consegui chegar antes de Gabriel, mas quando o fazia, gostava de esperá-lo na sala com as crianças, sei que o fazia se sentir especial, da mesma forma que eu me sentia quando ele fazia isso por mim.

     Passamos no quarto de Jack que lia algo sentado na varanda. Ele estava se tornando um pré adolescente bem inteligente, mas ainda tinha uma capacidade para aprontar que eu não sabia de quem tinha herdado. Mentira, eu sabia assim.

     - Já falei para não ficar aí a noite. - briguei.

     - Eu gosto daqui, mãe.

     - Vamos descer para esperar o papai. - falei.

     Ele fechou o livro e veio na minha direção coçando a cabeça.

     - Um de vocês dois vai ter que ir na escola amanhã. - ele falou.

     - O que você aprontou?

     - O professor Curly...

     - Ah, pobre professor Curly. - lamentei enquanto descíamos as escadas.

     - Não, mas dessa vez teve motivo, a Diana pode comprovar isso.

     - E a Anne? Pode comprovar?

     - Ah, a Anne não conta, mamãe, ela é toda certinha.

     - Então sua juíza de valor é Diana, não parece uma sábia decisão. É como se a tia Jill fosse minha consciência.

     Os dois riram.

     - É verdade, mamãe. - Emma concordou.

     Coloquei Rose no tapete e sentei nele com os outros dois.

     - Então o que você fez com o pobre professor, Jack? - tornei a perguntar.

     - Você ou o papai descobrem amanhã na escola, eu não quero falar. - ele disse.

     - Vai valer um castigo? - ergui as sobrancelhas.

     - Sim. - ele admitiu. - Acho que vai valer sim.

     Sorri.

     - E você, Emma, como foi o dia na escola hoje?

     - Foi bem legal, eu distraí o professor Curly na hora do recreio enquanto Jack e os amigos dele colocavam pimenta no lanche do professor.

     - Emma! - Jack reclamou.

     - Foi engraçado, mamãe, não briga com o Jack.

     - Quer dizer que você ainda usa sua irmã para aprontar? - reclamei. 

     Gabriel passou pela porta nesse momento.

     - Você chegou na hora mais perfeita. - falei.

     - É? Por que?

     - Porque temos que dar algum castigo para Jack e Emma. - expliquei.

     - Jack, tudo bem, mas Emma?

     - Parece que nosso filho aprendeu a usar a irmã. - expliquei.

     - Ah, mas aí não foi culpa dela, Jack que estava à frente.

     - Verdade, papai, foi tudo o Jack. - ela acusou.

     Eu ri daquilo. Sempre tive a sensação que ele seria um pai babão de filha mulher.

     - Quer que nossa filha aprenda que é só atribuir a culpa de suas ações aos outro que ela vai conseguir se safar?

     - Parece um plano muito bom. - ele sorriu.

     - Quer saber? Não preciso do papai para colocar de castigo, faremos nossas negociações amanhã.

     - E o que foi que você aprontou dessa vez, Jack? - ele perguntou pegando Rose no colo.

     - O professor Curly...

     - Ah, pobre professor Curly.

     - Mas teve motivo, pergunte a Diana.

     Caí na gargalhada.

     - Acho que vou perguntar a Anne. - ele falou.

     - Papa, papa. - Rose resmungava querendo a atenção dele.

     - Papai passou o dia fora, mas agora não vai mais parar de brincar com você, pequena. - ele sentou no sofá e eu o acompanhei. - Vocês já jantaram?

     - Claro, você demorou. - falei.

     - E sobrou algo para mim?

     - Sim, já coloco para você. - falei.

     Jack e Emma jogavam algum jogo entre eles no tapete. Gabriel começou a balançar Rose.

     - Podemos nunca parar de ter filhos? - ele perguntou.

     - Está achando o nível 3 fácil demais?

     - Acho que quero zerar o jogo. - nós rimos.

     Eu amava dias como aquele, e adorava que eram tão frequentes. As noite em casa em que não havia tanto trabalho e eu podia simplesmente ficar ali com todos eles. Passado um tempo, Rose pediu para ir para o chão com os irmãos e eu aproveitei para me aconchegar nos braços de Gabriel.

     - Como foi seu dia hoje?

     - Foi normal, Isaak levou Adam, então já deve imaginar que passei o dia todo com ele.

     - Nem acredito que Rebecca já está grávida de novo.

     - Acho que ele vai passar a gente.

     - Eu não duvido.

     - E o seu dia, como foi?

     - Advogados brigando e eu apartando, como sempre. Adoro o que faço, mas nada como voltar para casa no fim do dia e ter essas três pessoinhas para cuidar.

     - No meu caso são quatro pessoinhas para cuidar. - ele riu e beijou minha cabeça. - Eu te amo, loira.

     - Eu também te amo. - beijei ele.

     - Ah, por favor. - Jack reclamou e nós rimos.

    

    

    

    

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