41: Eu Não Tenho Medo Da Morte.

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Ponto de Vista de Gabriel Taylor

QUASE TRÊS ANOS ATRÁS...

     As pessoas haviam começado a se afastar de mim quando a vi vindo na minha direção.

     - Por que fez aquilo? - ela perguntou claramente zangada.

     - Aquilo o que, loira? - perguntei me fingindo de desentendido.

     - Você sabe - ela disse - Quero correr de novo.

    Soltei uma pequena gargalhada, por algum motivo eu gostava de provocá-la, de deixá-la irritada.

     - Recupere-se dessa primeiro, está bem Hall? - coloquei as mãos em seus ombros para irritá-la ainda mais.

     Eu já tinha ouvido por alto que ela era bem explosiva, queria ver de perto.

     - Não deveria ter feito isso - ela avisou.

     Sua raiva parecia aumentar e eu me divertia cada vez mais.

     - Quer que eu fique com medo de você - debochei - Do modo como você corre, nem merece a classificação que tem, Hall.

     Vi ela fechar os punhos. Eu nem maior que ela, corajosa ela era.

     - Sei que quer me bater, loira -  falei. Aquele cabelo loiro combinava com ela. Como se ela não pudesse ter outra cor de cabelo. - E sei também que não vai, porque é inteligente. E porque você não tem moral levando em conta que entrou naquela corrida já se preparando para a derrota.

     Eu nem sabia porque estava fazendo todo aquele discurso, só queria ver até onde ela iria. Ela ficava muito bonita com raiva.

     Ela estendeu a mão para mim e eu ergui as sobrancelhas. Não esperava a reviravolta.

     - Hall, Lucinda Hall - ela se apresentou.

     Apertei sua mão ainda confuso.

     - Taylor, Gabriel Taylor.

     - Taylor, escute, meus parabéns, você é o melhor corredor que eu já conheci - ela falou. - E parabéns novamente, conseguiu me deixar bem irritada, ao ponto de ter uma discussão pós corrida. Mas ao mesmo tempo o que você fez me afeta de um modo que você nem pode imaginar. E vou dar um jeito de compensar isso. E outra, a cara que você fez quando te passei na curva dizia claramente "Ela é a melhor corredora que já conheci".

     Sorri e passei a mão no rosto, ela era autoconfiante. Não queria que aquela conversa terminasse, queria continuar a provocá-la.

     - Bem vinda a Seattle, Loira - falei. - Vai ter que se acostumar com a chuva.

ATUALMENTE

     - Você viu o artigo que saiu e estão todos falando? - Francis entrou no quarto naquele começo de noite.

     - Qual? Eu não tenho celular, lembra?

     Não era todo mundo que tinha acesso a um celular e a um computador no Campo. Claro que eu tinha os dois, mas só usava em casos de necessidade. Essa regra ajudava na segurança tecnológica do complexo, por mais que nem todos cumprissem.

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