"Quando se está na escuridão, é difícil deixar de ser parte dela..."
Ouvi um toque ao longe, mas meu corpo não queria responder. Minhas costas doíam e meus olhos pediam mais tempo de sono. Levantei-me relutante, estava na minha cama, com a mesma roupa que eu trocara no circo ontem, a luz do quarto estava ligada e a janela, aberta. Meu celular não parava de tocar, se não fosse o novo ele já estaria no chão. Peguei-o e vi as horas. Sete e quarenta e cinco. Eu tinha quinze minutos para estar na Lasur e só tinha dormido duas horas, no máximo.
Segui para cozinha e deixei a cafeteira preparando meu café forte enquanto eu tomava um banho frio. Minha sorte era que a clínica não era tão longe. Coloquei meu uniforme e penteei meus cabelos úmidos, eles voltaram a bater nos meus ombros e mais tarde eu teria que decidir de os deixava crescer ou cortava de novo. Se escolhesse a segunda opção com certeza ele ficaria bem menor do que o primeiro corte.
Peguei minha bolsa e fui para cozinha. Quase coloquei a cozinha ao chão procurando meu copo com tampa para ir tomando meu "mantenha a Ellie acordada por mais 8 horas", vulgo: café. Peguei também o restante dos pãezinhos que Alex tinha trazido quando apareceu aqui para tomar café da tarde no domingo.
Saí de casa com dois minutos para chegar à clínica, mas podia contar com Jenny para abri-la, eu não estava nos meus melhores dias, porém sabia que superaria isso.
Fui comendo no caminho e evitando pensar novamente nas palavras de Dylan. Em uma promessa silenciosa entre eu e meu avô, eu havia comprometido não deixar que as ameaças de Dylan me abatessem. E se caso ele tentasse algo eu não mediria esforços para impedi-lo.
Cheguei à clínica e joguei o saquinho dos pães da lixeira perto da entrada, a clínica estava aberta e Jenny me esperava perto do meu balcão.- Nossa, um trator passou por você? - perguntou me avaliando de cima a baixo. Depois abanou a cabeça e me puxou para o banheiro privativo da recepção. - Se algum paciente tivesse soluçando eu o mandaria olhar para seu rosto, passaria rapidinho com o susto. Insônia é assim mesmo...
Sorri achando graça, Jenny saiu correndo e voltou com uma bolsa, tirou de lá seus apetrechos de maquiagem e me deixou apresentável. E quem dera fosse insônia!
- É meu amor, se eu não tivesse um bom cargo aqui na Lasur poderia mandar meu currículo para um salão de beleza ou até mesmo para o Arakluz - Brincou. Terminou de passar o batom nude em mim e me fez pressionar os lábios um no outro. - Perfeito! Agora vamos lá, o chefe está me irritando com alguns arquivos do RH e o Dr. Flávio vai precisar de você, a secretária peituda e descarada dele machucou a perna. - Foi guardando suas coisas de me olhando com a sobrancelha arqueada. - rezando "Ave Maria" e que não estava.
- Tudo bem, logo hoje que não dormi nada teremos um dia cheio. Ainda bem que Alex vai me buscar em casa, estou um caco em plena terça feira. - Confessei, ela me olhou como se perguntasse o que tinha acontecido. - Então, vamos, né?
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A Um Solo do Amor
ChickLit♥♥ Vencedor do Wattys Justo 2016, Primeiro lugar no Projeto Descobrindo Escritores ♥♥ Ellie tinha duas escolhas: viver remoendo seu passado infeliz ou criar um novo presente e futuro para si. Felizmente, ela escolhe a segunda opção. ...