"Ecoa-se o medo e a maldade, (...)
Ecoam-se, ecoam-se rés sustenido e ao mesmo tempo um teor retratando o pavor, o rancor e a dor certa dormência. E a condolência? Descrevê-la seria se perder, pois era o que foi, é o que é e será o que sempre vai ser. Afinal, ela apenas... ecoa- se."
— José Augusto Gomes.
Minha primeira reação foi de espanto. Nunca soube que Dylan tinha uma irmã. E pior ainda, que essa irmã viria a ser Amanda.
Ela andou até Susan, segurava um prato que parecia conter sopa. Amanda não olhava para mim, no entanto, eu conseguia ver sua expressão de sarcasmo.
— Até que não demorou, Dylan. — comentou se agachando diante da minha menina, que inerte, tremeu com essa aproximação. — Não te pararam na divisa? Com essa aqui foi sofrido, o bom era que eu tinha algumas cópias de seus documentos e com uma ajudinha da minha boa genética eles não pediram um documento para longas viagens.
Então Amanda havia sequestrado Susan, enquanto Dylan fazia o mesmo comigo. Saindo do meu transe, avancei sobre ela. Por cima do ombro, ela me olhou alarmada e chamou por Dylan. Menos de um minuto depois ele me prendeu em seus braços.
— Seu idiota! Como pôde deixá-la solta? — Amanda berrou, irada. Deixou a sopa de lado e ergueu-se me olhando com repugnância. — Não vê que a única impossibilitada aqui é essa aleijadinha?
Um ódio, comparado ao que uma leoa sentia quando outro ser mexia com um dos seus filhotes, se apoderou de mim e eu fiz de tudo para que Dylan me soltasse. Meu desejo era estapear aquela mulher pela segunda vez, aparentemente o tapa que eu tinha lhe dado quando Susan ainda estava inconsciente, num leito de hospital, não tinha feito tanto efeito.
Olhei para Susan, ela chorava enquanto olhava para sua mãe e encolhia-se. Estava com uma calça e uma blusa de moletom, no entanto, seus dentes tremiam. Como uma mãe é capaz disso? Como um ser humano pode fazer isso?
— Fica quieta, ferinha, para machucar sua protegidinha eu preciso de muito pouco — ameaçou, voltando a se aproximar de Susan. Então levantou um pouco a calça lilás que Susan usava e mostrou a marca que estava, bem rosa. Meu coração se apertou. — Amarre-a e a reviste, ela pode estar escondendo algum rastreador.
— Estou com o celular dela.
— Reviste-a! — ela ordenou olhando Dylan fixamente. Deixou o prato de comida perto de Susan e olhou para ela com desdém. — Coma!
Receio se instalou em mim ao mesmo tempo em que eu queria proteger Susan. Dylan não poderia descobrir que eu estava com um celular novo, já que ele estava em posse apenas do meu antigo. Eu precisava de alguma forma deixar Susan segura e para isso eu necessitava de ter o celular com o rastreador ligado.
Depois de amarrada, Dylan me colocou ao lado de Susan, ela já havia terminado de comer e estava deitada, tremendo sob um lençol fino, mesmo com o moletom; o chão estava gelado. Eu também estava com frio, meu vestido da apresentação era curto, porém suas mangas longas ajudavam um pouco.
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A Um Solo do Amor
Chick-Lit♥♥ Vencedor do Wattys Justo 2016, Primeiro lugar no Projeto Descobrindo Escritores ♥♥ Ellie tinha duas escolhas: viver remoendo seu passado infeliz ou criar um novo presente e futuro para si. Felizmente, ela escolhe a segunda opção. ...