Eu gostava de aniversários, na verdade gostava de qualquer coisa que pudesse fazer alguém feliz. E se eu pudesse fazer parte era melhor ainda. Fazer os outros felizes era como uma sina para mim, algo que foi destinado à mim e eu aceitei de bom grado. Enfim, era o momento de fazer minhas gêmeas trapezistas favoritas alegres.
Corri para trocar de roupa quando finalizamos a parte das acrobacias. Coloquei uma legging verde e uma camisa colada azul, para combinar com minhas novas mechas, o tema da festa das meninas era flores e optamos por agregar a primavera e suas flores de cores variadas nela. Pelo menos não tínhamos flores de verdade por aqui, senão eu já estaria espirrando como doida.
Encontrei Dalton suando quando sai do trailer.
— Se acalma, mestre. Já está tudo organizado. — Apertei-lhe o ombro, oferecendo um sorriso reconfortante. Ele assentiu e selou minhas mãos com seus lábios.
— Estou calmo — Olhei-o fundo nos olhos castanhos e como ele bem dizia: "olhos que já viram o mínimo do mundo", e depois desviei para uma gota de suor que escorreu. — Tudo bem, só estou com medo de ter alguma confusão, são muitas pessoas! E o buffet está tendo que correr, pois o público que quiser permanecer poderá aproveita-lo sem custo.
— Boca livre, até eu ficaria. — Sorri após fazer piada, porém isso só serviu para deixá-lo mais ansioso. — Fique firme, certo? Se precisar até eu frito coxinha.
Dessa vez consegui arrancar-lhe uma gargalhada. Eu não era uma expert em fazer comida, mesmo morando sozinha há anos, mas conseguia fazer algumas coisinhas.
— Quem está lá agora? — Ele questionou apontado para a lona há alguns metros de nós. Dalton havia ficado somente do lado de fora e só entrou no picadeiro para saudar o público, então sabia de muito pouco das apresentações, pois até os scripts fora Corine quem escrevera.
— Os mímicos, devem estar no meio, depois as gêmeas vão "iniciar" e então a festa. — Falei, seguimos lado a lado em direção a lona.
— Viu a pequena Susan? Ela está aí. — Ele sorriu e eu concordei, eu tinha visto-a com seu pai, que a segurava no colo e a Dona Giovana ao lado deles, avistei-os com muita dificuldade, pois as arquibancadas estavam cheias. — Ela fica tão animada com os eventos extra circo.
— Ela é animação em pessoa — Falei. — Jenny também está aí.
— Ué, sem namorado? — Suas sobrancelhas ergueram-se em surpresa, ri disso.
— Ela considera as gêmeas demais para faltar e ela disse que vai dar um tempo de "relacionamentos casuais com estrangeiros"... — Contei fazendo Dalton sorrir e acenar positivamente com a cabeça.
— ... Até lá se "apaixonar" por outro alguém e voltar a ser a doida de sempre — Completamos juntos e rimos. Até que ele tocou em um ponto delicado.
— Como estão você e Alex? — Dalton perguntou me pegando de surpresa. Parei no lugar o olhei.
— Bem... quer dizer, acho que estamos bem. — Encarei a grama rala abaixo dos meus pés e depois fritei o horizonte, cheio de estrelas que se misturavam com as luzes de Kennet.
— O que houve? — Dalton perguntou antes de pisarmos no primeiro espaço da lona circense.
— Eu não sei. Nunca idealizei o amor verdadeiro, pois nunca o vi na minha primeira família, mas agora... — Fiz uma pausa pensando nas minhas próprias palavras. — Com você e Corine, por Deus! Olha o tanto que vocês viveram juntos, o que sacrificaram por esse amor!
— Você está querendo dizer talvez não se sacrificaria tanto pelo que sente por Alex? — Supôs, e o pior era que estava certo. Me limitei a assentir, não que fosse preciso, Dalton já sabia a resposta antes mesmo de perguntar. — Repense, Pavlova, ele é tão importante para estar em meio a seus sonhos? Constante em seu pensamento?
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A Um Solo do Amor
ChickLit♥♥ Vencedor do Wattys Justo 2016, Primeiro lugar no Projeto Descobrindo Escritores ♥♥ Ellie tinha duas escolhas: viver remoendo seu passado infeliz ou criar um novo presente e futuro para si. Felizmente, ela escolhe a segunda opção. ...