Capítulo 52

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Tudo acontece por uma razão, geralmente são as escolhas ruins de uma pessoa, mas infelizmente elas não parecem perceber que só devem culpar a si mesmas.

— Carl Ravazzi

Pessoas que passaram por tanta coisa na vida – tanta coisa ruim – eram como grandes castelos, cheios de barreiras que usavam para se protegerem do que pudesse afetá-las, porém isso também impedia que a ajuda chegasse nelas

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Pessoas que passaram por tanta coisa na vida – tanta coisa ruim – eram como grandes castelos, cheios de barreiras que usavam para se protegerem do que pudesse afetá-las, porém isso também impedia que a ajuda chegasse nelas.

E foi isso que vi nos dois irmãos Thenor. Eles se entreolharam por um tempo, mas não emitiram som algum. Se mostraram resistentes, porém eu tinha convicção de que uma das barreiras havia se quebrado. Talvez a primeira delas.

Parecendo usar como uma forma de defesa, ele saíram calados do quarto.
Suspirei, Susan levantou seus grandes olhos castanhos para mim e me ajudou a tirar a corda das minhas costas.

— Ellie, eu quero sair daqui, meu corpo dói — ela disse, chorosa. Fechei meus olhos e a fiz deitar.

Ainda era duro para mim ver as marcas que Amanda havia deixado em Susan, não só no corpo da minha pequena, mas em seu coração. Susan nunca mais teria uma visão boa do seu lado materno, ela tinha em seu passado que sua mãe biológica nunca gostara dela. Marcas físicas podem ser curadas rapidamente, as do coração, não.

— Nós vamos. — Olhei pela janela, o sol parecia já descer, anunciando o fim da tarde. E Thomas não havia chegado. — O que Amanda fez com você antes de eu chegar com Dylan?

Eu tinha que perguntar, sabia que doeria em mim como se o mal fosse feito diretamente a mim, no entanto, também compreendia por experiência que se Susan falasse, ela estaria livrando um peso de si. E eu me sentia melhor em carregar um peso maior em seu lugar.

— Ela... Ela me xingava por eu não conseguir parar de chorar — Susan soluçou encolhendo-se.

Deitei junto dela e a fiz virar, ficando de frente para mim.

— Me bateu dizendo que eu sempre fui um peso para ela e que merecia seus tapas — continuou com os olhos vermelhos e os lábios tremendo.

Apertei meus olhos e fiz de tudo para não levar dali pronta para desferir um soco naquela vagabunda. Enxuguei o rosto de Susan e a fiz repousar a cabeça sobre meu peito, enquanto eu a aninhava. Comecei a cantarolar uma música baixinho para que ela acalmasse.

Sobreviver e acreditar 
Que no final a verdade vai prevalecer 
E ninguém vai me derrubar 
Nem todo o mal desse mundo vai me enfraquecer¹.

— Ela está errada, meu amor, você não é o peso de ninguém — sussurrei vendo-a cair no sono — Você foi a salvação de Thomas, você é uma benção.

Susan acabou voltando a dormir. Sentei, encarei meu celular desligado e apertei minhas pernas no meu peito, apoiando minha cabeça ali.

Naquele momento eu só queria ouvir a voz de Thomas dizendo que tudo aquilo só era mais um dos meus constantes pesadelos, mas ele não estava ali.

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