♥♥ Vencedor do Wattys Justo 2016, Primeiro lugar no Projeto Descobrindo Escritores ♥♥
Ellie tinha duas escolhas: viver remoendo seu passado infeliz ou criar um novo presente e futuro para si.
Felizmente, ela escolhe a segunda opção.
...
"A chuva lava... O que quer que seja, mas no final ela é só água. Vai se importar com algo tão pequeno que a chuva pode lavar?"
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Uma pequena garoa iniciou-se e logo as pessoas que passavam na rua naquela quinta à tarde foram abrindo seus guarda-chuvas. Além da fina chuva, a xícara de cappuccino de Alex emanava uma fumaçinha que borrava o vidro.
Quando eu iria passar a mão para continuar vendo a rua, depois de guardar a aliança para devolver Alex mais tarde, ouvi uma voz conhecida:
— Querido, feche a cafeteria para mim, preciso buscar Theo para irmos ver Susan.
Vir-me-ei e meus olhos foram de encontro à mulher de cabelos tingidos de preto e bem vestida que saia da cozinha do estabelecimento e dava tapinhas nas costas do garçom que me atendera.
— Senhora Giovana? — Chamei hesitante. Ela, que exibia um sorriso para o garoto a sua frente, o dispensou e se virou para mim.
— Ellie Harper... — Giovana veio até mim e me abraçou dando dois beijos nas minhas bochechas. Ela tinha cheiro de rosquinhas decoradas e seu cabelo era macio. — Que surpresa em vê-la!
— Para mim também. A senhora trabalha aqui? — Questionei.
— Sou uma das sócias, mas gosto de vim ver como está e também distrair a cabeça um pouco do mundo colocando a mão na massa, literalmente. — Nós rimos um pouco. Eu entendia muito bem essa forma de distrair-se do mundo, eu fazia com minha dança, era como entrar em um universo paralelo, apenas a música, meus passos e meu coração batendo em sintonia com ambos que importavam. — Mora por aqui? Nunca te vi, na verdade, por essas redondezas.
— Não, quer dizer, não moro. É a primeira vez que venho aqui. — Relatei comprimindo meus lábios.
— Espero que esteja gostando do lugar. — Ela sorriu e varreu o local com um olhar admirado. — Eu vou indo, preciso passar em casa para pegar meu marido e logo depois vou para o hospital, quer uma carona?
— Eu já estive lá hoje mais cedo, até vi Susan acordada e fora do quarto. — Sorri lembrando-me de outras coisas que também aconteceram naquela mesma manhã. Giovana parecia já saber daquelas coisas porque sorriu mais largamente, porém seus olhos, castanhos como os de Thomas, escondiam algo.
— Ora, vamos, posso te deixar em casa, então.
— Tudo bem, senhora Giovana, eu aceito. — Peguei a garrafinha, fiz alguns cálculos mentais de quando daria mesmo sem saber o valor do cappuccino que Alex pedira e tirei uma nota da carteira.
— Não precisa, querida. — Parou minha mão quando eu já iria deixar a nota sob a xícara. Para talvez não ser invasiva, não perguntou o porquê da xícara ainda estar cheia. — Vamos?
Então ela tomou meu braço no seu e seguimos para fora com um guarda-chuva que ela trazia. Giovana saiu acenando para todos da cozinha, como se fosse a verdadeira Rainha Elizabeth. E com o sorriso e olhos dóceis como aqueles eu não duvidava que eles pensavam o mesmo. Giovana tinha uma áurea boa, e eu notei isso logo que a conheci melhor.