"Controle sua insegurança, ou poderá perder muitas coisas por causa dela..."
Quando eu e Susan chegamos no banheiro notei o estrago que o café havia feito na minha saia, naquele dia eu não estava usando a preta e comum. Mas sim o uniforme reserva, que era a saia bege e o casaquinho da mesma cor por cima da blusa vinho.
Susan pegou alguns papéis higiênicos, depois de deixar sua bombinha em um lugar seguro e me ajudou a secar o excesso do líquido.
- Acho que não vai adiantar, vou ficar com isso até três da tarde, não acredito. - Reclamei, sentando-me sobre a tampa do vaso. - Não tem como esse dia piorar, tem?
- O papai sempre diz que não devemos dizer essa frase, ele fala que atraí coisas ruins. - A pequena suspirou e voltou a pegar a bombinha. Susan parecia ter saído de um comercial de inverno daquelas pousadas perto de áreas de esqui, toda embrulhadinha em camadas de roupa, mesmo não fazendo tanto frio com a chegada da primavera, e ainda tinha um estiloso cachecol laranja no pescoço.
- Seu pai é inteligente... mas também é um louco! - Ela colocou o aparelho de lado para rir jogando a cabeça para trás. - Susan, você só veio para mais uma consulta ou aconteceu algo mais sério?
- Eu tô bem, Ellie. Foi apenas uma crise asmática que começou ontem, aí meu pai preocupou, como sempre - Riu ingenuamente novamente e eu acariciei seu rosto.
- Ele te ama, Susan, muito, muito. - Susan assentiu para mim. Toda minha vergonha e nojo tinha passado, eu só conseguia pensar no modo em que Thomas me defendera na frente daquele ser desprezível.
- Eu sei, ele fala isso todo dia. Acho que é pra eu não o deixar e fugir igual a Amanda... - Brincou com o cachecol de pompons laranjas e olhou para baixo por um tempo. Depois voltou seus olhos para mim e eu vi um brilho lindo naqueles olhinhos tão castanhos quanto os do pai. - O papai gosta de você, Ellie.
Sorri, impossibilitada de lhe responder algo naquele momento. Eu sabia que sim, que ele gostava de mim, porém ouvir da boca da filha - mais que sincera - dele era algo diferente. Eu estava, em certo ponto, estática. E outras questões começaram a martelar em minha cabeça, quem era Amanda? E fugir? Por que a "Amanda" fugiria de Thomas? Será que era "ela" que Susan comentou quando almoçamos juntas e Thomas teve que atender o telefone? Ela era a mãe de Susan?
- Eu também gosto do seu pai, Susan - Confessei e seus olhinhos se arregalaram, corri para pedir: - Ei, segredo, hein?!
Ela assentiu levando os dois dedos a boca e simulou uma corda prendendo seus lábios. Queria perguntar sobre a Amanda, queria entender aquela história direito. Por isso, hesitante, perguntei:
- Susan, quem é Amanda? Ela é sua mamãe? - Ela arregalou os olhos e pegou novamente a bombinha. Devia estar tendo um princípio de crise, e mesmo sendo apenas alérgica à pólen conhecia alguns procedimentos.
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A Um Solo do Amor
ChickLit♥♥ Vencedor do Wattys Justo 2016, Primeiro lugar no Projeto Descobrindo Escritores ♥♥ Ellie tinha duas escolhas: viver remoendo seu passado infeliz ou criar um novo presente e futuro para si. Felizmente, ela escolhe a segunda opção. ...