Mal a festa se encerra em já me sinto sozinho novamente. É uma sensação de abandono que machuca minha alma. A festa foi um sucesso arrecadamos mais do que o esperado para ajudar a duas ONGS um do Rio de Janeiro e outra de Teresopólis.
Me despesso do Jean que foi o organizador do baile de mascaras e sigo para o meu carro onde Arthur me aguarda, ele tem sido meu motorista e meu amigo a anos. E melhor do que ninguém entende o fato de eu morar sozinho e afastado do mundo. Amar não é como andar de bicicleta, que você cai e depois de sacudir a poeira tenta de novo.
Desde aquela maldita noite vivo sozinho nesta casa. Aliás sozinho em termos, Arthur e Grace sempre estão comigo. Grace é uma jovem senhora de cinquenta e poucos anos... Era empregada do meu pai e depois de tudo resolveu vir cuidar de mim. Arthur tem quarenta e dois anos é meu motorista, segurança e melhor amigo. Me acompanha a uns 8 anos e foi ele quem impediu que eu colocasse um ponto final em tudo dois anos atrás. É um ex militar, praticamente me viu nascer já que era filho de um dos seguranças do meu pai
-- Alex está tudo bem?
-- Sim. Por que?
-- Você está calado e com cara de bobo.
-- Muito engraçado você Arthur. Só estou pensando.
-- Qual o nome dela?
-- Você sempre acha que tem mulher na jogada.
-- Desembucha.
-- Ela foi só mais um sonho. Você sabe que no fim todas são iguais. Só querem status.
-- Como tem certeza.?
-- Precisa e que eu te lembre?
-- Não. Ao menos ela era bonita..
-- Não sei estava mascarada.
-- Ela viu você ou você também estava de mascara.?
-- Sim, não tirei a máscara um só minuto, durante todo o baile fui só mais um convidado.
-- Então como sabe que ela quer status? Alex ela nem sabe quem é você.
-- Tanto faz. Não quero passar por tudo de novo. Falo e contemplo a vista pela janela do carro. Esta uma linda noite de quinta feira.
-- Menino você tem que esquecer isso. A vida anda pra frente e não pra trás. Essa moça a mascarada, viu o que a dentro de você. Ela nem sabe quem é você. Por Deus não seja cabeça dura
-- Arthur chega desse assunto.
Terminamos a viagem em silêncio. Em alguns pontos Arthur tem razão, mas eu nunca vou admitir isso. Meu coração se fechou, e mesmo eu tendo me encantado pela dama de vermelho; não estou disposto a baixar a guarda e passar por tudo de novo.
Chego em casa e dispenso o serviços da Grace e do Arthur, encho uma taça de vinho e vou para o meu quarto, sento na beira da cama e fico imaginando a merda que tem sido minha vida. Nos últimos dois anos me sinto numa montanha russa que está sempre em queda livre. O silêncio é quebrado pelo meu celular.
-- Alô maninho.
-- Oi Murilo. O que você quer?
-- Tá bebendo de novo Alex?
-- Estou na primeira taça de vinho. E não me de sermões o irmão mais velho aqui sou eu.
-- Mais velho e sem juízo. Aposto que está pensando naquela piranha da Bar..
-- Não diga esse nome. E eu não estava pensando nela. Tenho coisas mais importantes pra fazer.
-- Como o que ficar enfiado nessa casa sem contato com o mundo.
-- Pro seu governo hoje sai e até me diverti.
-- Jantar de negócios?
-- Não um baile de mascaras.
-- Estamos evoluindo.
-- Você não me ligou pra saber da minha vida social né.
-- Não querido irmão. Liguei para avisar que estou voltando para o Brasil. Definitivamente.
-- Cansou das espanholas meu irmão?
-- Sim e não. Você sabe que sempre preferi as mulatas brasileiras. Mas, papai pediu pra eu voltar.
-- Poupe - me desses detalhes Murilo.
-- Tem lugar aí na sua casa pra mim? Não tô afim de morar com o velho. E preciso de um lugar pra ficar até arrumar um apartamento pra mim.
-- Depende. Nada de festas, nada de bebedeiras. Minha casa minhas regras
-- Careta. Você é o velho são iguais.
-- Nunca mais me compare a ele. Você chega quando?
-- Foi mal. No final da semana.
-- Me avise o horário e pedirei para Arthur ir busca - lo.
-- Valeu maninho. Agora preciso ir pois a uma espanhola a minha espera. Fui.
Murilo é meu irmão caçula. Um ótimo empresário, desmiolado e mulherengo. As vezes sinto inveja dele mesmo sendo mais novo que eu soube aproveitar mais da vida do que eu.
Deito na cama e fico encarando o teto. Enfio a não no bolso da calça e acho a pulseira que Isa me deu. Fico olhando as inicias I.M. e imaginando quem ela seria e se Arthur estaria certo, será que ela realmente me viu por dentro, ou será mais uma Bárbara a passar pela minha vida?
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Destinos Traçados - Família Duran (Completo)
Roman d'amourUm baile de mascaras. Duas pessoas que vivem em mundos diferentes. Dois destinos que se cruzam. Duas histórias que se misturam. Duas vidas quebradas que desejam ser reconstruidas. Isabella Magalhães e Alex...