Arthur
Estou sentado na cama encarando o chão, ainda não consegui digerir tudo o que aquele canalha disse. A culpa e o remorso por não ter procurado Sônia me corroem por dentro. Tudo poderia ter sido tão diferente, imaginar que ele pode ter falado a verdade, e suspeitar que Isabella pode ser minha filha é algo surreal.
Me jogo para tras, olhando para o teto, não faço idéia de quanto tempo se passou desde que entrei no meu quarto. É como se o passado estivesse batendo a minha porta e me cobrando um preço caro pelas minhas falhas, por não ter procurado Sônia, por ter deixado que elas sofressem na mão daquele crápula Fecho os olhos e respiro fundo, deixo as lágrimas até então presas rolarem soltas pela minha face.
Imaginar que eu poderia ter ido a reuniões escolares, festas, a ebsinado a andar de bicicleta, são tantos momentos que eu perdi, um tempo que infelizmente nunca vai voltar... Mas o que vou fazer de agora em diante? Como contar tudo isso a ela? Como dizer que tudo poderia ter sido evitado? Estou me sentindo entre a cruz e a espada. Não saber como contar a ela e nem qual será a sua reação é o principal problema. Não tem como chegar lá e dizer Oi prazer eu sou seu pai.
Ela pode reagir bem, tipo aceitar o fato de eu também não saber de nada até agora. Ou me odiar pelo resto da vida, e não querer que eu me aproxime. A única certeza que tenho é que ela querendo ou não vou cuidar dela e da sua segurança, já fiz merda demais na vida, e não quero carregar a culpa de ter fracassado mais uma vez. Já fracassei uma vez no passado e não o farei de novo .
Sou tirado dos meus pensamentos por batidas na porta do meu quarto. Me levanto sem pressa, sinto um peso nos ombros descomunal. Ao abrir me deparo com Clarinha.
-- Oi Arthur.
-- Oi Clara. Esta tudo bem?
-- Sim. Vim pedir pra você levar a mim e a Malu pra ver a Isa.
-- Claro seu pedido é uma ordem.
Ela sorri e eu também. Vamos em direção ao carro onde Malu já nos espera. Conduzo o carro com o pensamento distante. Gostaria de ver Isabella mas tenho medo de por tudo a perder antes mesmo de começar.
-- Arthur está me ouvindo?
-- Desculpa Malu estava distraído.
-- Alex acaba de avisar que vai voltar com você pra casa.
-- Ok.
Na hora meu coração se alivia. Se a alguém nesse mundo que possa me ajudar é o Alexandro, eu e ele temos o mesmo interesse; a felicidade da Isabella. E eu preciso desesperadamente conversar com alguém, guardar tudo isso só para mim esta me matando.
Estaciono na porta do hospital e fico aguardando por Alex, passado alguns minutos ele aparece.
-- Boa tarde Arthur.
-- Boa tarde. Digo apertando sua mão.
Antes que ele vá para a porta de trás, abro a porta do carona e ele parece entender que precisamos conversar. Ocupo o lugar do motorista e coloco o carro na estrada segundos depois Alex me olha e arqueia a sobrancelha.
-- Desembucha Arthur. O que está te preocupando?
Olho pra ele e volto a olhar para a estrada. As palavras parecem não sair, é complicado.
-- Vamos Arthur está me deixando aflito..
Respiro fundo e procuro as palavras certas pra começar. ..
-- Alex, tenho algumas coisas para lhe contar. E não quero ser julgado.
Olho para seus olhos que estão estreitos. Mas permanece em silêncio.
-- Wilson está morto... - eu não o olho mas posso sentir a sua tensão. -- Eu fiz contato com alguns antigos amigos e eles caçaram o cretino até que o acharam, posso garantir que não foi fácil, eu fui até ele é devolvi a ele parte das agressões que ele desferiu contra Isabella, ele soube o que é ter as costelas fraturadas.
-- Você. .. Ele não termina a frase.
-- Não! Eu so estava lá, não participei dessa parte, mas isso não é o mais importante, não agora.
-- E o que pode ser mais importante que isso?
-- Ele ja não é mais uma preocupação ja esta morto o que importa foi o que ouvi dele. . Paro e puxo o ar. -- Enquanto eu batia nele, o canalha confessou não ser o pai biológico da Isabella.
-- Como não? Mas ele era.. E. ..
Ele para e fica pensativo acho que ele já entendeu a profundidade da coisa
-- Você não acha que você. ..
-- Ah uma possibilidade...
Ele fica mudo .. E eu não ouso quebrar o silêncio, não a muito o que se dizer...... Quando chegamos a sua casa ele me encara com um semblante muito sério... Mas não fala nada.
-- Alex eu sei que tudo parece muito confuso, mas por Deus eu não sabia, se eu soubesse eu teria feito tudo diferente. Por favor Alex eu preciso da sua ajuda....
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Amoras não me matem
Dividi o bônus em duas partes.Não deixem de comentar
Bjos 😙
Ruiva
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Destinos Traçados - Família Duran (Completo)
RomansaUm baile de mascaras. Duas pessoas que vivem em mundos diferentes. Dois destinos que se cruzam. Duas histórias que se misturam. Duas vidas quebradas que desejam ser reconstruidas. Isabella Magalhães e Alex...