Oito

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          Diferente de Íllea, Carolina é bem movimentada. A avenida é o ponto que há glomerados de pessoas andando para lá e pra cá. Sentia-me até um turista que veio apenas para visitar a cidade. Havia muitas pessoas fazendo arte nas ruas e isso eu achava bem bacana, o que me fazia lembrar-se das férias movimentada que tivemos em Los Angeles alguns anos atrás. Antes mesmo de começarem os ataques.

          Do outro lado da rua, uma America animada acenava com as duas mãos, fazendo com que eu caminhasse até ela. Atravesso a rua e chego ao seu lado, vendo o que a mesma indicava com seu dedo indicador. Um bracelete azul.

          As pedras azuis brilhavam quando os raios do sol batiam nelas, fazendo com que o objeto se destacasse ainda mais no meio de tantas outras. Observo America olhar para aquela arte simples, que faziam suas pupilas dilatarem. Por ser uma bijuteria barata, não achei que fossem roubar tanto a sua atenção.

           Talvez eu estivesse realmente enganado ao respeito sobre America Singer. Talvez, ela fosse alguém humilde, que aprecia as artes feitas à mão de pessoas que vivem de baixa renda. Na verdade, eu tenho certeza que eu me enganei sobre ela. Desde do dia em que a vi com o rosto corado e inchado naquela tarde, eu havia mudado meus pensamentos sobre ela. A passei a ver como uma garota que tenta fazer as coisas sem machucar ou preocupar as pessoas. Porém, cada segundo que eu passo ao lado dela, fico cada vez curioso ao descobrir quem realmente ela é de verdade.

          A ruiva se distanciou de mim para olhar as outras barracas, e quando eu ergui meu olhar, um senhor de meia idade me olhava sorrindo.

          ― Vou levar. ― aviso, fazendo o sorriso dele aumentar ainda mais ― E esse daqui também. ― aponto para o bracelete menor na cor, rosa perolado.

          Se eu vim a esse passeio e não comprar nada para minha irmã, seria um desperdício de tempo tomado.

          ― Aqui está, meu jovem. ― retiro a nota da carteira e entrego para o senhor a minha frente ― Obrigado.

          Guardo os embrulhos no bolso frontal da calça e despeço do homem, começando a procurar por uma mulher de cabeleira ruiva no meio da multidão, a encontrando sentada em cima de um murinho ao lado de uma barraquinha de Fast-Food. Aproximo e sento ao seu lado.

          ― Aqui, experimente. ― antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ela enfia o salgado na minha boca ― O que achou?

          Mastigo umas quinhentas vezes, já que agora a pouco, eu quase engasguei com o salgado descendo pela goela abaixo. Massa leve e seu recheio de carne de porco é bem temperada.

          ― Delicioso. ― respondo e pego uma folha de guardanapo da latinha, limpando a boca em seguida ― Qual é o nome?

           ― Não sei.

           ― Como não sabe? ― indago. Como ela não sabia o nome daquela comida que ela enfiou na minha garganta?

          ― O nome do salgado é: Não sei. E é chamado assim, porque há uns ingredientes que não são de Carolina.

          ― Entendi.

          ― Vem Loirinho. Temos muitas coisas para ver! ― ela pega em meu pulso, me puxando com toda a sua força, fazendo-me voar da onde eu estava sentado.

          ― Eu não me chamo Loirinho. ― retruco, desviando das pessoas com quem America fazia com que eu esbarrasse ― Tem como a senhorita ir mais devagar?

          ― Não, quando temos que ir a vários outros lugares. ― respondeu ainda correndo, sem se virar para trás, ignorando completamente a minha reclamação sobre o apelido.

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