Vinte e Seis

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|America Singer|

Fiquei acordada até tarde da noite enquanto eu recapitulava o que havia acontecido. Não precisei ser um gênio para saber o porquê do Loirinho ter escolhido vir para Carolina. No primeiro dia que nos esbarramos na escadaria, ele mesmo me contou que era um conhecido de meu pai. E como o senhor Shalom é bem conhecido nesse lugar, talvez achou melhor se esconder num lugar onde ele conseguisse se esconder da mídia.

No entanto, o que eu queria saber agora é, como que meu pai não me contou uma coisa dessas? Claro, tinha a Celeste que também sabia de tudo e podia ter me contado. Mas eu sabia que ela já tinha uma bagagem e tanto para se virar. E depois que descubro que a mesma carregava um filho, resolvi nem mexer com ela. E agora, o que eu mais peço, é que ela tire esse negócio da cabeça de que não pode ser feliz. Porque sim, ela pode ser feliz com alguém.

Fui dormir por volta das quatro da madrugada e acabei acordando mais cedo que o esperado. Às nove da manhã eu já estava acordada, tomando café e pensando na morte da bezerra. Mentira, estava pensando em como a minha vida seria caso eu fosse morar com ele e aceitasse toda a bagagem que viesse junto.

Maxon Calix Schreave.

Na madrugada, antes de cair no sono, fiquei falando esse nome repetidas vezes para saber como saia dos meus lábios e percebi o quanto o nome Maxon, combina com ele. Bem melhor do que ficar chamando-o de Calix. O Loirinho eu deixo, gosto de chama-lo por este apelido. E ele parece sorrir... Merda! Eu estou sorrindo aqui enquanto eu deveria ficar de cara emburrada e pensando no que eu devo fazer.

Maxon...

Chacoalho a cabeça e volto a minha atenção na torrada com o requeijão por cima. Assim que abocanho a comida com o formato de quadrado, Celeste chega na cozinha com a cara toda amassada e se senta à minha frente encarando a garrafa térmica de café por uns minutos, que por preguiça minha, ainda é de ontem. Pois é, eu não fiz nada além de pegar a torrada e o requeijão e pô-los no balcão de mármore.

Enquanto eu como a minha torrada, observo os movimentos dela. De forma bem preguiçosa, Celeste passa o requeijão na sua torrada light, deixa o talher lambuzado sobre a bancada e morde um pedaço de sua comida. Depois, se levanta e vai pegar uma xícara em um dos armários, o enchendo com o líquido preto. Já sentada no banquinho de couro claro, ela beberica e faz uma careta ao notar que o café não está no ponto que gosta.

— Me fale o que está te atormentado para não ter feito o café. — Celeste fala, levantando-se e pondo uma chaleira com água no fogão para esquentar.

— Hum? Nada não. — Dou de ombros, terminando de tomar todo o café que estava na xícara. Tenho que concordar com a minha prima, o café está horrível!

— Anda, desembucha logo. — Pede sem paciência, encostando na bancada onde está a pia.

— Você já tem seus problemas para ter que ouvir os meus.

— America, com problemas? Essa eu quero ouvir. — Solto uma lufada de ar e reviro os olhos.

Por que ninguém, da minha família, me leva a sério?!

Celeste me encara de forma brincalhona. Além da minha gravidez, eu não tive problemas gigantescos. Quando eu estava no colegial, eram coisas bobas que eu chamava de problema só para eu dizer aos meus amigos que não eram apenas eles que sofriam com problemas. No fim, apenas Celeste descobriu e ficou por uma semana tirando sarro da minha cara.

— Eu descobri que ele não é Calix, quer dizer, é sim. No entanto, seu primeiro nome é Maxon e que ele é um porre de um herdeiro de um país. Literalmente. — Solto tudo de uma vez, me enrolando no começo.

CalixOnde histórias criam vida. Descubra agora