Calix

Treze

          Acho que um preferia estar aturando os humores de Kenna do que as de Aspen!

          Meu amigo estava insuportável nessas últimas duas semanas. Vivia ranzinza e falava mal de meio mundo. Tive que proibir sua entrada em casa, já que Brice ficava assustada toda hora com o seu humor e porque ele falava muitos palavreados indecentes.

          Já o meu primo, havia voltado no dia seguinte e se enfiou no quarto. Antes de ir trabalhar, tentei conversar com ele, mas o cômodo estava trancado e não havia diálogo entre nós. Quando eu cheguei do Jornal, fui informado que Gerad havia pegado suas coisas e se mandado de casa. Liguei diversas vezes pra ele, na tentativa de fazê-lo voltar. Eu não sabia pra onde ele havia ido. Não sabia se ele havia pegado um avião para outro país ou se ele ainda estava aqui. E quando eu havia conseguido fazer com que ele me atendesse, Gerad apenas mandou eu me danar e desligou na minha cara. Ele havia se fechado pra mim.

          Estava tudo uma bagunça! Sem contar com os choros da minha irmã, implorando para ver o novo amiguinho e para ter um professor de libras para poder se comunicar com Leo.

         Três dias depois, encontrei Gerad saindo de um hotel com uma jovem. Se não fosse pelo sorriso esboçado no rosto dele, teria feito com que o motorista parasse para eu poder ir conversar com ele. Mas, Gerad estava bem. Podia-se dizer que ele estava feliz!

          Até hoje, eu tento entender o motivo do meu primo ter dormido com a companheira do meu amigo. Aspen contou para mim o que meu primo havia lhe dito. Eu estava numa corda bamba. Não sabia em quem acreditar. Lucy sabia muito bem quem era os meus parentes, e era difícil de acreditar que ela possa ter o incentivado a beber e ainda ter seduzido ele. Por outro lado, eu acreditava nas palavras de Gerad. Ele nunca havia mentido pra mim. Para ninguém na verdade.

          Eu estava exausto! Queria jogar tudo pro alto e sair correndo deste lugar.

          — Maxon! — Carter entra em casa como um furacão — Dê um jeito naquela criança! Nem o senhor Gregory está o aturando! E olha que o velho é bem paciente!

          — Senhor Carter! — Silvia bradou, furiosa — Mais respeito com o senhor Gregory!

          — Foi mal, Silvia! — ergueu as mãos em rendição — Mas sério. Acho que vou expulsá-lo!

          — Tudo bem, eu converso com ele. — dou tapinhas em seu ombro.

          Encosto-me na cadeira e estico as pernas para evitar que elas dormissem.

          — O quê? — questiono enquanto via meu amigo me encarar — É para ir agora?

          — É!

          — Certo! — foi a minha vez de erguer minhas mãos em redenção — Estou indo.

          Levanto da cadeira e aviso a Silvia que logo estarei para o almoço. Saio de casa e bato na porta ao lado, aguardando alguém abrir a porta. Minutos depois, escuto alguém destrancar a porta e revelar um Aspen com uma lata de cerveja nas mãos.

          Entro, fechando a porta atrás de mim. Graças a Silvia, a casa não estava uma bagunça, apenas o sofá que estava largado com uma manta e havia três latas da mesma bebida que está nas mãos do meu amigo. Aspen se arrasta para o sofá e liga a televisão, deixando em um canal aleatório. Caminho até ele e sento na mesinha de centro, ficando na frente da TV e dele.

          — Poderia me dar licença? — falou impaciente.

          — Vamos conversar que eu deixo você assistir suas coisas. — Aspen bufou e pegou o controle, desligando a televisão — Ótimo. Agora, me conta o motivo de ainda não ter ido até Lucy e pedido explicações.