Trinta e Quatro

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Certamente, o dia não começou de bom humor hoje para. E um bom humor era tudo que eu precisava neste exato momento.

Já se passaram quatro dias desde a minha volta para o palácio e eu era o pior ser humano em ter reservado apenas pouco tempo para se passar com as mulheres da minha vida. Minha mãe fez de tudo para me convencer de que ela estava bem e que poderia reger o país temporariamente até que tudo possa voltar ao normal. A contrariei. A contrariei até que ela desistisse, pois eu sei como é a saúde de minha mãe e sei como ela não quer se afastar de meu pai. E graças a Deus que ela cedeu.

Desde então, vivo em reuniões e no escritório do rei, que começou a ser o meu mais novo quarto. E não, eu não ficava a noite toda aqui. Eu sempre ia jantar com a família e ficar com elas até que todas estivessem na segunda fase do sono. E então, eu voltava para o escritório e continuava a quebrar a cabeça em busca de qualquer saída para as descobertas do rei.

Como eu poderia em concordar com a loucura que a metade do meu povo queria? Eu nunca ousaria classifica-los por números ou por profissões! O assunto: castas, é um absurdo a ser discutidos de tão insano que é! E agora eu entendia o meu pai, entendia o motivo de demorar tanto para achar uma resposta sensata para dar ao povo. E o povo estava impaciente de mais.

— Ficar aí, sem descansar um pouco, não irá leva-lo até uma resposta.

Olho em direção da porta, a vendo encostada no batente.

— O que faz acordada a essa hora? — Olho para o relógio que está sobre a mesa e vejo que já se passará das quatro da madrugada.

— Pergunto-lhe o mesmo. — Ela franze a testa e dá a volta pela mesa de madeira ébano, até ficar diante de mim. — Vamos dormir, Loirinho. Está tarde e você está nesse escritório desde que voltou.

E eu a entendia. Sabia que não estava dando a atenção que ela merecia. Eu sabia que as coisas seriam assim, complicadas de mais para ter soluções rápidas. Eu sabia muito bem que eu estava a magoando por não passar muito tempo com elas. Mas, America sabia. E muito bem por sinal, que as coisas não seriam fáceis como ela mesma podia imaginar.

— Eu já vou me deitar, apenas... — Sua mão segura a minha quando eu voltei a pegar o papel da mesa. — America...

— Não, Maxon, chega! Você está exausto e está se acabando aqui neste cômodo. — Ela falava, enquanto tirava a folha de minhas mãos e o colocava de volta sobre a mesa. — Sua mãe e eu não aguentamos ficar vendo você ficar atrás desses papeis o dia todo! E eu o entendo que está fazendo isso para todos ficarmos em paz. Mas não é assim...

— Então é como, America?! — A interrompo, me virando para encará-la. — Você não acha que eu não sei das coisas? O tempo está correndo e tudo que eu sei, são apenas idiotices de mimados que não se contentam com nada desta vida! Estou cansado? Estou. Mas eu não vou parar até que tudo esteja bem o suficiente para deixar a minha mãe ou você andar pelos jardins durante a noite!

Ainda sentado na cadeira, giro ela, ficando de frente para os relatórios de Aspen que me entregou no início da tarde de ontem. Mas antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa, mãos macias me afasta da mesa e logo seu copo fica sobre o meu.

— Apenas me escute. — Pede, e eu encosto a as costas na cadeira de couro preta. — Há tempo para tudo neste mundo, mas temos que saber administrar ela. As coisas vão melhorar, Maxon. Basta ter fé, que tudo vai se ajeitar aos poucos! Você é incrível, vai pensar em algo para sair desta situação. Você sempre pensa e acredita nas coisas. Então, apenas venha comigo e descanse por algumas horinhas. Estamos preocupadas com você!

America aproxima seu rosto do meu, roçando de leve nossos lábios um no outro. Suspiro por entre dentes e a envolvo com os meus braços, a deixo bem próximo a mim.

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