Vinte e Quatro

1K 78 19
                                        

— Então, podemos voltar para casa? — pergunto esperançoso e ao mesmo tempo senti um aperto no coração.

— Meu filho, eu disse que está tudo calmo, mas não disse que ainda podem voltar. — meu pai responde do outro lado da linha — Talvez vocês ficam até o final do ano, aí, em Carolina.

— Não quer que eu volte e os ajudem?

— Estamos bem, Maxon. — posso imaginar o sorriso amarelo que ele sempre dá para amenizar as situações, coisa que apenas eu e minha mãe sabemos diferenciar — Apenas tente se divertir um pouco. Soube que a senhorita Singer fez com que você se apaixone por ela.

Por que eu fui abrir a boca para o meu tio? Sabendo que isso teria 95% de chances de acontecer, eu deveria ter mantido a minha boca fechada. No entanto, isso fora necessário para que eu finalmente entendesse que eu amo um certa ruiva. Bom, isso iria acontecer e talvez demorasse um pouco, já que no quesito de se apaixonar ou amar, eu sou um lerdo para raciocinar.

— Não pai, eu a amo. — digo convicto de minhas palavras.

— Que ótimo! — ele exclama e eu posso ouvir a voz da minha mãe no fundo, perguntando o que houve — Nosso filho ama a senhorita Singer... — de repente, se instalou um curto silêncio, que me deixou um pouco receoso.

— Pai, ainda está aí?

— Filho, então ela já sabe quem você é? — posso sentir na pele a preocupação dele.

— Não. — falo em um tom de voz que não o deixe que perceba um pouco do meu desapontamento em não poder dizer a verdade.

— Como não? Se você a ama, deve contar, Maxon! Eu não te criei para que se esconda de quem você ama.

Suspiro, pensando se isso o que ele disse é bom ou ruim. Aliás, fora ele quem disse que eu devo manter a minha identidade em segredo.

— Eu sei, pai. E me perdoe por tê-lo desapontado. — um pouco cansado, ainda sou sincero em minhas palavras — Mas eu não posso dizer a ela neste momento. America está grávida e não pode...

— Maxon, querido, não me diz que você já engravidou a menina?! —agora é a minha mãe que pergunta desesperada e eufórica ao mesmo tempo.

— Quem me dera se fosse eu o pai dá criança... — murmuro e ouço a minha mãe me advertir — Não a engravidei. A gente não trocou nada a mais que beijos.

— Bom, isso muda muitas coisas. — mais calma, minha mãe toma fôlego para dizer algo sério e eu já posso imaginar o que ela irá dizer — Sabe que o nosso povo não irá aceitar muito bem uma criança que não seja filho...

— É uma menina. — a interrompo e a corrijo sem me dar conta da minha atitude.

— Oh! Bom, de qualquer forma, você sabe o que dirão a pequena menina, não?

— Sim, eu sei. E eu irei protege-las de qualquer modo.

— Meu filho, cuidado com suas escolhas.

— Irei, mãe.

—•—•—

É claro que o que a minha mãe disse me incomoda bastante, mas o que eu posso fazer? Se por acaso America me aceitar, é claro que irei proteger ela e sua filha. Pois independentemente se a criança é ou não minha filha, merece amor e carinho de quem for aceitar ser o pai dela. E eu quero ser o único a aceitar esse cargo.

Mais do que nunca, eu me sentia em casa nos braços daquela bela ruiva com poucas sardas no rosto. Seu rosto angelical que dava o ar de delicadeza, mas que por dentro é uma mulher cheia de atitude e... Ainda consigo lembrar os meus ataques de raiva com suas roupas que na verdade não eram tão curtas como eu as descrevia. Tenho que me lembrar de me desculpar com ela sobre isso.

CalixOnde histórias criam vida. Descubra agora