Calix

Epílogo

Era para termos contado a ela a um ano atrás, mas o meu medo de ser rejeitado era muito maior. Tinha um receio de que minha única filha não entendesse a situação e acabasse ficando brava ou chateada comigo.

Com os meus trinta e seis anos, eu ainda ficava com medo de muitas coisas. Uma delas era sobre a verdadeira origem de Eadlyn.

A papelada de adoção havia ficado pronto dois meses depois do nosso casamento. No mesmo mês do meu aniversário. E que presente eu ganhei. Saber que a partir daquele momento eu era seu pai oficialmente, só me deixava aliviado e tranquilo. Porque, a verdade, é que eu era o pai dela desde que aceitei sua mãe e ela em minha vida. E hoje, éramos uma grande família cheia de amor.

— Papai, eu quero ir naquele. — Kaden perguntou, enquanto me arrastava em direção de uma montanha russa.

— Filho, aquele você não pode. Não tem altura o suficiente para ir no brinquedo.

— Mas...

— Obedeça o seu pai, Kaden.

— Tudo bem. — Cabisbaixo, meu filho de seis anos deu a mão para mim e caminhamos do lado o oposto dos meus dois filhos que estavam indo em direção da enorme fila.

Por fim, acabamos indo nesses brinquedos mais simples, como: bate-bate, xícara maluca, entre outros. Mas, para não o deixar mais triste, encontramos uma montanha russa menor onde criança menores conseguem ir.

Entre os três, Kaden era o mais carente. Sempre fazendo algo para chamar a nossa atenção, mesmo quando acabava em castigo. E isso não era por causa de ter tornando-se rei. Longe disso. Pois, quando eu ainda era o herdeiro, eu tinha minhas obrigações e sempre tirava um tempo do meu dia para dedicar aos meus filhos mais velhos e a minha esposa. Então, sobre eu ser rei agora, não influenciava em nada na vida do pequeno. Mas, quando Kaden era menor, houve umas semanas em que veio os familiares em casa e nisso se resultou em várias pessoas o pegando no colo e brincando. Demorou um pouco até ele acostumar com o ritmo de antes depois que os parentes foram embora.

— Sabe que devemos contar a ela durante essa semana que estivermos aqui, certo? — Minha esposa questionou, quando finalmente ficamos a sós.

Do outro lado da grade, Kaden brincava nesses balanços que giravam no ar.

— Eu sei, querida. Só... Me dá mais um pouco de tempo.

— Ela não vai te rejeitar. Você a criou tão bem! Deu amor a ela. Eadlyn vai entender.

— Mesmo assim.

America beijou meus lábios e depois se distanciou, indo buscar nosso filho que acabará de sair do brinquedo.

Certo. Eu tinha uma semana para contar a Eady. Tudo sobre seu verdadeiro pai estava em um documento dentro da mala. Porque, se ela fosse querer saber sobre ele, eu gostaria de estar preparado. E eu até estava. Mas por dentro, eu estava num alvoroço.

Meu telefone toca, me distraindo um pouco. Olho a tela e vejo que é o meu filho, Ahren.

— Onde vocês estão?

Olho em volta e passo a localização para ele.

— Vocês estão bem? — Depois que eu virei pai, minhas preocupações só aumentaram.

— Sim. Só vamos comprar um sorvete e já encontramos com vocês.

— Certo. Até daqui a pouco.

— Até. — E desligou.

A diferença entre Eady e Ahren, é de um ano. Ela com dezesseis e ele com quinze.