Calix

Vinte

          Tentar encontrar outro serviço está fora dos meus planos. Sabendo que tem pessoas que sabem que estamos em Carolina, me deixa em alerta. Principalmente quando a vida de Brice estava envolvida. A notícia de que eu estava desempregado se espalhou mais rápido do que eu imaginei, parando nos ouvidos do prefeito.

          Pai da America logo marcou de se encontrar comigo aqui em casa. Eu nem faço ideia do que ele pode querer comigo. Talvez alguma ajuda para algum projeto ou para o desenvolvimento da cidade, não sei. Mas essas eram as únicas explicações em que eu consegui pensar, já que isso é o que eu mais sei fazer nessa vida.

          O som do interfone logo soou pele cômodo, fazendo com que eu fechasse meu notebook e o deixasse sobre a mesa de centro da sala. Levanto da poltrona e com alguns passos, alcanço a maçaneta da porta, a girando.

          — America? — a olho sem entender.

          — Oi Loirinho! Meu pai não pode vir, mas vim no lugar dele. — explicou, mantendo seu sorrido que me deixa desconcertado — Posso entrar?

          Dou espaço para ela entrar e fecho a porta logo em seguida.

          — Está sozinho? — questionou, olhando para os lados e vendo que não tinha ninguém, apenas havia uns brinquedos da minha irmã espalhados no canto do sofá.

          — Estou. — confirmo. Como o prefeito viria, acredito eu, que éramos para falar de negócios. Então, pedi à Silvia para que fosse passear com minha irmã no parquinho que tem aqui perto para darmos privacidade. E Justin havia saído há quinze minutos, me deixando sozinho em casa para poder depositar uma quantia de dinheiro para Lucy e para James.

          Ouço America murmurar alguma coisa para si mesma e a convido para se sentar no sofá, oferecendo uma xícara de café ou chá.

          — Não, só um copo de água está bom.

          Vou para cozinha, pego um copo e o encho com água gelada, assim, voltando para sala e entregando para ela.

          — Então, o que o seu pai queria comigo? — pergunto, após me sentar no outro sofá.

         — Meu pai está oferecendo a você, um cargo no escritório da prefeitura. Nada muito puxado. Mas, ficando entre nós, é bem entediante! — sussurrou como se alguém além de mim pudesse escutá-la. Rimos com sua bela descrição sobre o cargo — No entanto, eu, tenho uma ótima oferta para você.

          A olho, tentando imaginar o que ela possa estar tramando. Tenho a minha suspeita de que seja algo relacionado a ela. Disso eu não tenho dúvidas! E é bem tentador! Bom, e o que não é tentador quando estamos falando dessa mulher, America? Meus lábios estão formigando por querer contato com os dela! E a cada vez que eu a vejo, sinto meu coração querer sair pela boca!

          — E o que tem para me oferecer?

          Os olhos dela brilharam a pergunta saiu da minha boca. E por alguma razão, senti um tremor em meu corpo, causando arrepios. America piscou alguma vezes, e logo em seguida se recompôs.

          — Quero que seja meu guarda-costas.

          — Desculpa, mas não posso.

          Seria ótimo para mim trabalhar em outro emprego, para assim, poder ocupar minha mente, me deixando longe de qualquer problema que eu tenha enfrentado nesses últimos tempos. No entanto, trabalhar perto dela seria um problema, além de eu estar me expondo para as pessoas, eu estaria me metendo em um lugar onde não tem volta. Na verdade, ele não tem volta, desde o momento em que eu não paro de pensar nela. Então, seria melhor deixar como as coisas estão.